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Falta de investimento causa ‘apagão intelectual’ no Norte do País
Pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Reprodução/Instituto Mamirauá)
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16 de julho de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – A região Norte do País concentra o menor número de profissionais das ciências e intelectuais entre a população ocupada, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 8,9% da categoria ocupada na região, apenas no primeiro trimestre de 2020. Segundo o cientista social Luiz Antônio, a falta de investimentos na região causa um “apagão de profissionais”.
A região com maior índice é a Sudeste, com 13,3%. O número total de profissionais a nível nacional no período do levantamento era de 10,8 milhões. Diante disso, são 961.200 profissionais no Norte, sendo que a região Sudeste concentra 1.436.400. Em relação ao rendimento médio habitualmente recebido, o valor fica em R$ 5.230, de acordo com o IBGE.
Luiz Antônio, que também é professor-adjunto da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), aponta que a defasagem desses profissionais é devido principalmente à falta de investimentos do governo federal. Muitos pesquisadores alocados na região são de outras regiões do País. Mas para se deslocarem ao Norte, é preciso investimentos em pesquisa e tecnologia que os atraiam.
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“Há de se reconhecer nos governos do presidente Lula e Dilma [Rousseff] que aumentou o apoio a programas de pós-graduação, financiaram o afastamento de professores para fazer programas de pós-graduação no Sul, Sudeste, Nordeste e no exterior. O programa Ciências Sem Fronteiras foi importante para iniciar jovens estudantes na pesquisa científica. Desde o Governo Temer, esses financiamentos foram cortados e no Governo Bolsonaro eles simplesmente desapareceram. Hoje você tem meia dúzia de moedas que não são suficientes para pagar as despesas correntes dos laboratórios e dos centros de pesquisa instalados na região”, pontua.
Luiz destaca ainda que essa redução nos investimentos desmotiva os profissionais. “Os pesquisadores hoje de pós-graduação não têm tido acesso a bolsas e tampouco a financiamento de pesquisa. Tem um número grande de pesquisadores que têm desistido de fazer estudos, porque não têm recursos para isso e isso vai produzir um apagão de profissionais em um intervalo de curto e médio prazo”, destaca.
Em todo o mundo, o destaque foi para países com economias avançadas e emergentes asiáticos. A África do Sul e o Egito impulsionaram o investimento em pesquisa, partindo de 0,77% e 0,64% para 0,83% e 0,72%, respectivamente. O Sudeste Asiático teve expansão de 2,03% para 2,13%, impulsionados especialmente por Tailândia e Vietnã. O gasto do PIB do pequeno País em desenvolvimento foi de 0,69% para 1,30%.
No topo do ranking estava a Alemanha, com 3,09% do PIB destinado ao desenvolvimento científico; o Japão, com 3,26%; a Coreia do Sul, com 4,53%; Israel, com 4,95%; e os Estados Unidos, com 2,84% de um PIB de mais de 21 trilhões de dólares.
Pesquisadores
Outro índice do relatório aponta a quantidade de pesquisadores atuantes nos países. Neste quesito, o Brasil sai ainda mais atrás, com média de 888 pesquisadores por milhão de habitantes; número que se manteve entre 2014 e 2018. A média mundial é de 1.368. Na América Latina, o destaque é para a Argentina, com 1.192.
A União Europeia concentra 4.069 pesquisadores por milhão de pessoas, e fica atrás, como bloco continental, apenas da América do Norte, com 4.432. No topo do ranking, Coreia do Sul, com 7.980; Nova Zelândia, com 5.578; Alemanha, com 5.212; Japão, com 5.331; Estados Unidos, com 4.412 e Canadá, com 4.326.
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