Família de empresária que pagou pesquisa a Durango Duarte já foi alvo da PF


19 de agosto de 2024
Durango Duarte e a empresária Pamela Freire (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
Durango Duarte e a empresária Pamela Freire (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

Ana Pastana – Da Cenarium

MANAUS (AM) – A empresa PR Construções, da empresária Pamela Mendonça Freire, foi quem contratou a pesquisa divulgada pelo empresário Durango Duarte, na última sexta-feira, 16. Pamela é filha dos empresários José Farias Freire e de Odinete de Souza Mendonça Freire, sócios da TETOPLAN CONSTRUCÕES LTDA. O empreendimento foi um dos alvos da Operação Albatroz, da Polícia Federal (PF), em 2004. Entre os presos, o ex-secretário da Fazenda Antônio Paz e outras 19 pessoas, entre agentes públicos e empresas. Os alvos foram acusados de fraudar licitações do Governo do Amazonas, cujos valores estimados chegam a R$ 500 milhões.

A PR Construções pagou R$ 90 mil a Perspectiva Mercado de Opinião LTDA, do empresário Durango Duarte, segundo consta em documento anexado no registro do levantamento, no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A amostra trouxe um cenário positivo para o aliado do empresário, o atual prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), com 35%, uma ampla vantagem sobre os adversários. A pesquisa entrevistou 923 eleitores.

A quantidade de profissionais envolvidos foi de até 25 entrevistadores, três verificadores, dois coordenadores e um gerente. A pesquisa foi registrada no site do TSE sob o código de número AM-02331/2024. Confira mais informações abaixo sobre o levantamento:

Desenvolvido por EmbedPress

Contratos milionários

Em março, a CENARIUM revelou que a Agência de Interatividade e Marketing Ltda – iMarketing, do publicitário Durango Duarte, venceu a Licitação 001/2024, datada de 13 de março, para prestar serviços à Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) da Prefeitura de Manaus (AM) pelo valor de até R$ 19 milhões ao ano.

A empresa fornece o mesmo serviço descrito no objeto da licitação deste ano, e também no Contrato 002/2020, que o publicitário venceu há quatro anos pelo montante anual de R$ 14,2 milhões, com vigência até março de 2025. As informações constam no Portal Transparência do Executivo municipal, consultadas pela CENARIUM.

Os valores somam mais de R$ 33 milhões à Secretária Municipal de Comunicação (Semcom). Nos dois certames, o objeto do serviço é descrito como “Planejamento, Desenvolvimento e Execução de Soluções de Comunicação Digital”, o equivalente à produção de conteúdo para as redes sociais.

Leia mais: Manaus: publicitário vence duas licitações com mesmo objeto que somam R$ 33 milhões na Semcom
PR Construções

Criada em 2005, a PR Construções e Terraplanagem LTDA tem capital de R$ 5 milhões e está situada na avenida Torquato Tapajós, zona Norte de Manaus. Na Classificação Nacional das Atividades Econômicas se destaca em terraplanagem, construção e demolição de edifícios e venda de materiais para obras, venda de equipamentos para informáticas, telefonia, eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo.

Confira a Classificação Nacional das Atividades Econômicas:

Desenvolvido por EmbedPress

Operação Albatroz

A Operação Albatroz foi desencadeada em março de 2002. O objetivo inicial da operação era investigar o deputado estadual Antônio Cordeiro (sem partido), suspeito de crimes de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e sonegação fiscal.

Mas a apuração da PF chegou ao primeiro escalão do governo do Amazonas em junho de 2003, após a descoberta de que as licitações eram dirigidas por secretários e executivos para as empresas de Cordeiro.
O relatório da operação feito pela PF afirma que “não é plausível que o governador Eduardo Braga não tenha conhecimento da farra com dinheiro público que é patrocinada pela CGL [Comissão Geral de Licitação]“.

Em uma das fases da operação, a PF descobriu que a Tetoplan fazia parte de um grupo de empresas que ganhava licitações superfaturadas do Governo do Amazonas, por meio de interferência política do ex-deputado Antônio Cordeiro. Os recursos obtidos com o desvio era lavado no Uruguai. As investigações mostraram que a movimentação financeira das empresas foi de R$ 500 milhões. Na época, o jornal Folha de São Paulo noticiou o caso. (Clique e aqui e leia matérias da época sobre a operação).

O processo tramita na 2ª Vara Federal no Amazonas, sob o número 2162-25.2008.4.01.3200.

Trecho da reportagem da Folha de São Paulo (Reprodução)
Editado por Jadson Lima

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO