Famílias de Bruno e Dom e Univaja repudiam fala de Omar Aziz sobre assassinatos
Por: Beatriz Araújo e Jadson Lima
01 de novembro de 2024
O senador Omar Aziz e as notas das famílias e da Univaja (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
MANAUS (AM) – As famílias do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, junto com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), repudiaram, nesta sexta-feira, 1º, a declaração do senador Omar Aziz (PSD/AM). O parlamentar amazonense afirmou, na quarta-feira, 30, que os assassinatos ocorreram porque o autor do crime havia sido “humilhado na frente dos filhos”. A reação ocorre depois que a CENARIUM publicou a fala do parlamentar durante a reunião da CCJ do Senado Federal.
Em nota publicada no perfil Instituto Dom Phillips, as famílias classificaram as declarações de Omar como “levianas” e afirmaram que o senador reduziu “o brutal e trágico duplo homicídio ao deslinde de uma desavença pessoal iniciada pela vítima dos crimes”. De acordo com a publicação, a versão apresentada, sem provas, pelo parlamentar não encontra amparo nas investigações conduzidas pela Polícia Federal nem nas provas produzidas judicialmente.
“A fala do Senador Aziz revitimiza Bruno Pereira, Dom Phillips e suas famílias, mortos no nobre exercício de suas profissões, desacredita o árduo trabalho dispendido pelo Estado Brasileiro na elucidação dos fatos e apuração das responsabilidades de seus autores, e minimiza a vulnerabilidade vivenciada por agentes públicos e profissionais da imprensa na região“, disseram as famílias em nota.
Já a Unijava destacou que o parlamentar prestou um desserviço à memória de Bruno Pereira, que era servidor da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e ao jornalista. Os dois foram assassinados em junho de 2022 no Vale do Javari, no Amazonas.
“O senador pelo Amazonas prestou um desserviço à verdade e à memória do servidor da FUNAI Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, brutalmente assassinados em Atalaia do Norte (AM) enquanto atuavam em defesa dos povos indígenas da Terra Indígena Vale do Javari”, disse a entidade.
A Unijava também cobrou de Omar provas e pediu que ele as apresente às autoridades para que contribuir de forma legal com as investigações. “Se o senador Aziz possui informações que corroboram sua tese, ele tem o dever de levá-las às autoridades, contribuindo com o devido processo legal. Caso contrário, pela reposição da verdade, demandamos a ele que se retrate diante do povo do Amazonas que o elegeu e do povo brasileiro, a que ele serve, na condição de membro do Congresso Nacional”, finalizou a nota.
Declaração de Omar
Nessa quinta-feira, a CENARIUM publicou a declaração de Omar Aziz, realizada no dia anterior em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, sobre os crimes que ocorreram no Vale do Javari, localizado no município de Atalaia do Norte (AM), distante 1.138 quilômetros de Manaus. Na ocasião, o senador declarou que o autor da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips teria cometido o crime por ter sido “humilhado na frente dos filhos”. O senador não apresentou provas.
A fala foi feita durante a sessão que discutia que o Projeto de Lei 10.326/2022, que prevê o porte de arma de fogo aos integrantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O parlamentar afirmou que Bruno e Dom foram assassinados, porque o autor buscava vingança.
“Lá no Amazonas, essa questão de Atalaia do Norte, existe uma versão dada nacionalmente, que infelizmente duas pessoas foram a óbito (Dom e Bruno), numa ação que falaram que era narcotráfico, não sei o que e não era nada disso. Era um caboclo que foi humilhado por um funcionário na frente dos filhos, tocaram fogo na rede [de pesca] e tudo mais. Ele esperou o momento para se vingar e infelizmente estava um jornalista e ele (Bruno) nessa canoa, mesmo que ele (Bruno) estivesse armado lá, ele não teria nem como ter reagido”, disse.
A fala de Omar Azziz contraria a investigação da Polícia Federal do Amazonas (PF/AM). O órgão apontou que a motivação do crime teria sido pelo trabalho de fiscalização que Bruno fazia na região para combater a pesca ilegal. Aziz defendeu que ação não foi resultado de crimes como o narcotráfico na região do Vale do Javari, no Amazonas.
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