Famílias ‘driblam’ alta dos preços da cesta básica; economista dá dicas financeiras

Famílias têm procurado "driblar" o aumento dos preços da cesta básica com mudanças na hora fazer o famoso "rancho" (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – As famílias têm procurado “driblar” o aumento dos preços da cesta básica com mudanças na hora de fazer o famoso “rancho”. No Amazonas, para adquirir a cesta básica, é preciso desembolsar no mínimo de R$ 219,45, uma alta de 7,26% em relação ao mês março. A CENARIUM conversou com uma economista que deu dicas para comprar o básico sem gastar além do necessário.

No mês passado, o valor mínimo foi de R$ 204,45. O valor máximo encontrado para a mesma cesta básica foi de R$ 314,28, contra R$ 290,32 registrado em fevereiro de 2021, ou seja, aumento de 8,25% de acordo com o Relatório de Pesquisa de Cesta Básica Abril de 2021, feita pela Assembleia Legislativa do Estado (Aleam). Foram pesquisados 26 itens em dez estabelecimentos na capital amazonense.

A alta dos preços tem pesado no bolso das famílias, assim como da professora Rosana Souza, que, para adquirir todos os itens necessários de despesa para o mês, tem reduzido a quantidade de produtos que costumava comprar. A profissional mora com o marido e o filho e detalha os desafios de fazer supermercado na capital.

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“Antes comprávamos 5 quilos de arroz e hoje compramos apenas 3. Antes 4 quilos de açúcar, hoje apenas 2, 1 quilo de feijão, uma lata de óleo. Antes era 3 quilos de farinha, hoje apenas 2. Agora tudo é feito sobre medida, pois caso haja sobra reaproveitamos outro dia, antes eu jogava fora e hoje não tem como mas fazer isso”, conta a educadora.

Vilões

De acordo com a pesquisa, os produtos que mais contribuíram para o aumento dos preços, no mês de março foram desinfetante (+22,12%), bolacha Cream-Cracker (+19,41%), linguiça calabresa (+19,00%), detergente (+16,24%), vinagre (+12,44%) e o macarrão (+12,44%).

Por outro lado, alguns produtos ficaram mais baratos, entre eles, o sal de cozinha (-9,18%), sabão em barra (-7,21%), farinha de mandioca (-4,50%), papel higiênico (-2,20%) e o leite em pó (-1,25%).

Aumento nacional

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou, entre março e abril deste ano, em 15 capitais do País.

As maiores altas foram registradas em Campo Grande (6,02%), João Pessoa (2,41%), Vitória (2,36%) e Recife (2,21%). As capitais onde ocorreram as quedas foram Belém (-1,92%) e Salvador (-0,81%).

Segundo o Dieese, o salário mínimo necessário para a população arcar adequadamente com os custos mensais seria R$ 5.330,69 em abril. O cálculo é feito com base no custo das cestas básicas, que variaram de R$ 457,56 a R$ 634,53 nas capitais.

Tabela comparativa dos preços da cesta básica no País (Arte Guilherme Oliveira/Revista Cenarium)

‘Missão desafiadora’

Se o aumento no preço do “rancho” tem impactado as famílias com empregos formais, o custo tem pesado ainda mais na renda das famílias em maior vulnerabilidade econômica. À CENARIUM, a economista Denise Kassama lembrou que muitas vivem apenas com ajuda de custo do governo, o que não dá para muita coisa.

“O auxílio emergencial de R$ 250,00 não é muita coisa. Compra uma cesta básica e algumas proteínas. Com a constante alta no valor dos alimentos, se torna cada vez mais desafiadora a missão de alimentar a família durante o mês”, destaca a presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon).

Ela ainda deu cinco dicas que podem ajudar a “esticar” um pouco mais o dinheiro:
  1. PLANEJE-SE: faça uma lista das necessidades. Pensar no cardápio previamente também ajuda a planejar a lista;
  2. SEJA FIEL à lista de compras e nada mais;
  3. PESQUISE os preços. Busque os encartes virtuais dos grandes centros e compare os preços;
  4. SUBSTITUA. Busque marcas alternativas ou produtos similares. Um prato à base de fígado pode ser tão nutritivo ou mais do que outras carnes e tão saboroso quanto;
  5. COMPRE COLETIVAMENTE. Junte-se aos seus vizinhos ou colegas e compre coletivamente para pagar um preço unitário mais barato.

“Não tem milagre, é a soma das pequenas diferenças é que fará o diferencial na hora de sobrar um dinheirinho a mais no final do mês”, ressalta Kassama.

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