Famílias e especialistas reforçam combate ao preconceito no Dia Mundial do Autismo

A fita feita de peças de quebra-cabeça coloridas representa o mistério e a complexidade do autismo.(Reprodução/Internet)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Nesta sexta-feira, 2, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo ou Dia Mundial do Autismo. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para difundir informações e reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para famílias e especialistas, a informação ainda é a melhor ferramenta para conscientizar quem não conhece o transtorno.

As pessoas com TEA geralmente apresentam sinais como dificuldade em se comunicar e interagir socialmente, além de apresentar movimentos repetitivos. De acordo com a especialista em psicopedagogia clínica e institucional e neuropsicologia, Célia Braga, é normal que a família e também as outras pessoas que convivem com a criança, com o adolescente e com o adulto diagnosticado tenham insegurança ao receber o diagnóstico.

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“Nós sabemos que receber a confirmação de qualquer doença, síndrome ou transtorno é impactante, com o TEA não vai ser diferente. A culpa e a insegurança podem tomar conta, sendo muito comum ver pais chocados com o diagnóstico. O primeiro passo para vencer a insegurança é buscar informações de que o TEA não se encaixa nos estereótipos disseminados pela sociedade”, destacou Célia Braga, que tem nove anos de experiência na área.

Diagnóstico precoce

Ainda segundo a especialista, o diagnóstico precoce do TEA ainda na infância ajuda no desenvolvimento do paciente. “Tendo um prognóstico precoce vai ajudar e muito na boa funcionalidade cognitiva e motora e vai ter a oportunidade de desenvolver, de ter uma qualidade de vida bem melhor. Então, quanto mais cedo for identificado e mais cedo buscar ajuda, é muito melhor, tanto para essa família quanto para o paciente”, enfatizou Braga.

O DSM5, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais utilizado pelos profissionais da área, indica que o distúrbio não pode ser considerado uma doença ou síndrome, já que não é conhecido seu gene causador entre pacientes, embora os comportamentos e déficits sejam descritos de forma semelhante. De acordo com a especialista Célia Braga, o transtorno engloba várias doenças que representam os sinais mencionados acima.

“O que existe no paciente com TEA são as condições como TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade], um déficit de atenção, de hiperatividade, dificuldade de aprendizagem, o DI [Deficiência Intelectual], essas são as comorbidades que têm esse transtorno do neurodesenvolvimento”, destacou Célia.

Classificações

Além do DSM5, a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11), publicado em 2018, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que determina a classificação e codificação das doenças e uma ampla variedade de sinais e sintomas, passou a considerar como TEA os seguintes distúrbios:

  • Autismo Infantil; Autismo Atípico;
  • Síndrome de Rett;
  • Transtorno Desintegrativo da Infância;
  • Transtorno com Hipercinesia Associada ao Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados;
  • Síndrome de Asperger;
  • Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) e outros sem Outra Especificação.

Antes, todos esses diagnósticos eram classificados no CID-10 como Transtornos Globais de Desenvolvimento.

Autismo e pandemia

Desde o ano passado com a pandemia de Covid-19, a ONU chamou atenção para o fato de que as pessoas com TEA devem ter garantidos seus direitos à autodeterminação, à independência, à autonomia, bem como ao acesso à educação e ao mercado de trabalho, em igualdade com as demais pessoas.

A organização destacou que os impactos causados pela Covid-19 nos sistemas de suporte geram obstáculos para que essas pessoas exerçam plenamente seus direitos. No entanto, tais fatos não podem significar retrocessos, motivo pelo qual os governantes têm a responsabilidade de garantir que as ações incluam as pessoas com TEA.

Para Célia Braga, a pandemia da Covid-19 está sendo desgastante para os pacientes, já que é preciso resiliência para lidar com as dificuldades impostas pelo isolamento social. “Se uma pessoa que não tem nenhum transtorno e não é acometida por nenhuma síndrome já tem dificuldade de ficar tanto tempo isolada, imagina uma criança que tem energia, que precisa brincar e pular? A maior dificuldade desse transtorno é a dificuldade social e com esse isolamento, só vem aumentar ainda mais a problemática”, finalizou a psicóloga.

Edição: Carolina Givoni

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