Fator ‘mudança’ pesará para eleitor de Manaus no 2° turno, avalia analista

MANAUS (AM) – O fator “mudança” é o que pesará para o eleitor escolher o candidato à Prefeitura de Manaus, neste domingo, 27, observa a analista política e jornalista Érica Lima à CENARIUM. O pleito na capital amazonense será disputado entre o prefeito da cidade, David Almeida (Avante), e o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL).

Érica cita que os eleitores podem considerar entre um candidato que não cumpriu todas as propostas no primeiro mandato, e um que já disputou a prefeitura e não foi eleito.

“Acredito que, para o eleitor, o que vai pesar de fato é a mudança, porque o eleitor ele quer mudança, a gente já sabe que o eleitor quer mudar, mas é olhar dentro de um cenário onde tem um candidato que não fez todas as propostas, mas fez alguma coisa ou um candidato que até então já disputou a prefeitura e não ganhou“, avalia.

A especialista ainda adverte que assim como ocorreu no primeiro turno com crescimento de Alberto Neto captado por poucos institutos de pesquisa, existe, segundo ela, a possibilidade de o prefeito não conseguir se reeleger, mas ela prefere não cravar esse resultado.

“A disputa à Prefeitura de Manaus sempre teve reeleição. Agora, resta saber se vai ter um prefeito que não vai conseguir se reeleger. Assim como teve surpresa no primeiro turno, acredita-se que pode ter essa possibilidade de uma nova surpresa, porém, a tendência digo que vai ser realmente voto a voto e não consigo dizer quem vai ganhar essa eleição“, avaliou.

Voto invisível

Érica Lima menciona também o fenômeno do “voto invisível“, aquele em que o eleitor declara um candidato nas pesquisas de intenção de voto, mas no dia da votação escolhe outro nome. Segundo ela, isso moldou a eleição em Manaus entre David Almeida e Capitão Alberto Neto.

Para a jornalista, esse fenômeno não é facilmente detectado pelas pesquisas de intenção de voto, uma vez que, nesse caso, os eleitores tendem a deixar de lado preferências ideológicas e privilegiam interesses pessoais.

“Só que há algo muito excepcional nessa eleição, especificamente, porque o eleitor, quando fala, ele fala para alguém, vai falar para o pesquisador. E aí é o que surgiu e que a gente está denominando de voto invisível, o “voto envergonhado”. ‘Eu sou contra o Bolsonaro, eu sou contra a esquerda’, mas dentro de interesses do próprio eleitor, ele define o voto dele no momento da urna. Ele não falou para ninguém. Ele realmente disse que votaria em uma pessoa e quando ele vai à urna, ele vota em outra“, explicou Erica.

Pesquisas eleitorais

Neste segundo turno, foram cadastradas 38 pesquisas. Em todo a campanha eleitoral iniciada no dia 16 de setembro, foram cadastradas 50 estudos, conforme a Justiça Eleitoral. Ou seja, 76% das pesquisas foram divulgadas nesses 19 dias do segundo turno.

Erica Lima pontua que as pesquisas de intenção de voto existem para captar um retrato de momento, isto é, uma tendência que surge em um momento específico, mas se forem realizados com frequência, conseguem se aproximar do resultado do pleito.

“E por esse sentido que a pesquisa é confiável, porque ela é um retrato de momento, a gente viu nas pesquisas de boca de urna. Por exemplo, as pesquisas foram mostrando uma tendência, e nos últimos dias, das últimas semanas para o primeiro turno, ela começou a apresentar uma tendência de crescimento para o Alberto Neto“, exprimiu.

Ela afirma que as pesquisas em que o pesquisador vai in loco em bairros têm dificuldade em captar o voto de pessoas de perfil socioeconômico maior, que se identificam mais com Alberto Neto. Nestes casos, os institutos adotam a pesquisa via rede social.

“Essas pessoas, por exemplo, moram em condomínios. Então, elas saem do condomínio. De carro ela volta para casa de carro e elas não ficam acessíveis para o pesquisador. Coisa que, por exemplo, as pesquisas que estão sendo feitas pela rede social já está conseguindo aproximar a questão do realmente do retrato do voto de uma forma mais fidedigna“, finalizou.

Leia também: Eleições 2024: Guia de regras para segundo turno de votação no País