Federação dos Povos Indígenas do MT entrega carta de reivindicações ao Governo do Estado


14 de abril de 2023
Com enfoque em 'A falta de políticas públicas voltadas aos interesses dos povos', o documento foi recebido pelo governador do Estado, Mauro Mendes (Reprodução/Divulgação)
Com enfoque em 'A falta de políticas públicas voltadas aos interesses dos povos', o documento foi recebido pelo governador do Estado, Mauro Mendes (Reprodução/Divulgação)

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Lideranças da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) entregaram, nesta sexta-feira, 14, uma carta com as principais reivindicações e deliberações do Acampamento Terra Livre de Mato Grosso. Com enfoque em “A falta de políticas públicas voltadas aos interesses dos povos”, o documento foi recebido pelo governador do Estado, Mauro Mendes, e aborda pautas como políticas de educação indígena, saúde, segurança territorial, sustentabilidade e demarcação de territórios.

O texto, repassado um dia após a primeira realização do ATL na região (de 10 a 13 de abril), atenta para que “os poderes instituídos possam considerar as vozes indígenas os Guardiões dos Biomas, em Mato
Grosso,
especialmente, o governo. Estamos à disposição para dialogar e contribuir com as construções de políticas públicas para os povos indígenas da região
“, consta o documento.

A carta defende a unidade dos povos originários, lutas e o respeito à diversidade. “Nós somos 43 povos indígenas, aproximadamente, 60 mil indígenas. Estamos presentes nos três biomas: Cerrado, Pantanal e Amazônia e, em 62 municípios do Estado de Mato Grosso“, destaca.

Medidas

Dentre as pontuações feitas pelas lideranças, a partir das discussões, estão: a garantia de participação dos indígenas em decisões relacionadas às suas comunidades; maior investimento, por parte do governo estadual, em educação para os Povos indígenas de MT; fortalecimento do Conselho Escolar Indígena, com a garantia de participação dos representantes dos 44 (quarenta e quatro) povos indígenas de MT; garantia de elaboração de material didático respeitando os saberes e a língua materna dos 44 (quarenta e quatro) povos indígenas no Estado de Mato Grosso.

Além das orientações voltadas ao âmbito escolar indígena, o texto também destaca estratégia para produzir, conservar e incluir, tais como: garantir investimentos para o fortalecimento e manutenção das florestas, buscando a participação dos indígenas nas discussões e soluções climáticas; criar alternativas de sustentabilidade econômica e social para impedir o desmatamento e o garimpo ilegal em terras indígena.

O fortalecimento das demarcações das terras indígenas e a garantia da participação dos indígenas nas decisões e na definição de projetos e recursos também são um dos inúmeros tópicos abordados na carta.

Acampamento Terra Livre

A primeira edição do Acampamento Terra Livre de Mato Grosso contou com a participação do cacique Raoni Metuktire, de 91 anos, que chegou no local no último dia do evento. Em conversa com o governador Mauro Mendes, ele repreendeu os efeitos nocivos sofridos pela floresta por conta da exploração indevida.

“(…) Não vou concordar com o trabalho dos garimpeiros e madeireiros em terra indígena. O desmatamento é problema. A floresta ameniza a temperatura para a gente sobreviver; se derrubar tudo, pode haver problemas maiores“, alertou o cacique.

Cacique Raoni Metuktire esteve no evento (Reprodução/Divulgação)

O ATL regional foi realizado de 10 a 13 de abril, na Praça Ulisses Guimarães. O evento serviu de ferramenta preparatória para o Acampamento Terra Livre (ATL) nacional. A mobilização, que acontece anualmente desde o ano de 2004 em Brasília, reúne povos indígenas de todo Brasil em torno de seus direitos constitucionais. Neste ano, o ATL nacional será dos dias 24 a 28 de abril.

Leia o documento na íntegra:

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