Ficção e relato histórico se encontram na obra em homenagem à personagem Xica da Silva

O icônico desfile, em homenagem a Xica da Silva, redesenhou sua figura e a alçou à popularidade (Reprodução/Divulgação)
Com informações do Portal Alma Preta

RIO DE JANEIRO – Seguindo o fio histórico a partir do clássico desfile da Salgueiro de 1963, o livro “Laroyê Xica da Silva” resgata o contexto artístico de movimentos como o Teatro Experimental do Negro de Abdias do Nascimento, a poesia de Solano Trindade e a dança de Mercedes Baptista. O icônico desfile, em homenagem a Xica da Silva, redesenhou sua figura e a alçou à popularidade.

Assinado por Arlindo Rodrigues, o cortejo faz parte do período conhecido como Revolução Salgueirense, quando a tradicional agremiação fez uma série de inovações narrativas e visuais no cortejo das escolas de samba, tendo como enredos importantes personagens como Zumbi dos Palmares e Chico Rei.

Os desfiles desse período que estende entre 1959 e 1971, amplamente abordado no livro, dialogam com uma série de iniciativas do movimento negro dos anos de 1960. O desfile que marca esse processo é realizado em 1960, narrando a história do Quilombo dos Palmares, idealizado pelo cenógrafo Fernando Pamplona, que convivia com nomes como Abdias e Solano Trindade na cena cultural carioca.

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O pesquisador José Jorge Siqueira, autor de “Entre Orfeu e Xangô: a emergência de uma nova consciência sobre a questão do negro no Brasil 1944/1968”, acredita que o período entre 1944 e 1968 define uma nova consciência sobre a questão do negro na discussão cultural brasileira.

Um enredo comum da bibliografia sobre o período é dizer que o Salgueiro introduziu na festa os temas afro-brasileiros. Já haviam outras iniciativas de narrativas sobre a escravidão e o próprio samba, mas fato é que o Salgueiro promoveu um processo de mudança estética e narrativa ao dialogar com referências do Balé Folclórico de Mercedes Baptista e o Teatro Experimental do Negro.

O livro “Laroyê Xica da Silva” é fruto do mestrado em História da Arte no Instituto de Artes da UERJ, com orientação do professor Felipe Ferreira. Tem a orelha assinada pela pesquisadora Helena Theodoro e o prefácio escrito pelo historiador Luiz Antonio Simas, no qual afirma que “o texto pode ser lido de várias maneiras: a encruzilhada não é metáfora, mas conceito fundante da reflexão. O que posso dizer é que li o trabalho fabuloso de Leonardo Antan sorrindo e, vez por outra, gargalhando.”

O livro está à venda na lojinha do Carnavalize e foi viabilizado com a lei Aldir Blanc, por meio do Edital de Fomento à Produção e Aquisição de Bens e Serviços da Secretaria Municipal de Cultura de Nova Iguaçu.

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