Filha de cantora do AM relata falta de atendimento médico durante Sou Manaus 2025
Por: Ana Pastana
08 de setembro de 2025
MANAUS (AM) – A filha da cantora amazonense Márcia Siqueira, Letícia Siqueira, relatou que a mãe precisou de atendimento médico de urgência durante o terceiro e último dia do Festival Sou Manaus Passo a Paço, promovido pela Prefeitura de Manaus, sob gestão do prefeito David Almeida (Avante), nesse domingo, 7, mas não recebeu o suporte necessário.
Por meio das redes sociais, Letícia afirmou que o atendimento emergencial foi negado e que não havia profissionais de saúde disponíveis no evento. “Parabéns à organização do evento que focou tanto em outros pontos e esqueceu somente de focar em atendimento de emergência. Negar atendimento é crime e ocorreu“, escreveu.
Letícia informou ainda que havia um médico disponível para o atendimento e que ele estaria longe da localidade onde ela estava com a mãe. “Um evento nessa proporção não ter médico, enfermeiro o suficiente (somente um médico lá na pqp) foi o cúmulo! Imagina em casos de extrema urgência. A pessoa teria que solicitar logo uma funerária porque caso não, vá a pé até seu carro e se vire. Obrigada, Sou Manaus Passo a Paço”, disse.

Em vídeos compartilhados na rede social de Letícia, Márcia aparece vestida de branco sobre um quadriciclo da Guarda Municipal, acompanhada por agentes do Corpo de Bombeiros e seguranças, sendo deslocada. Na legenda do vídeo, a filha da artista escreveu: “Depois de muita humilhação, sim, humilhação, conseguimos essa carona até o carro que estava longe”.
Uma pessoa, que não teve o nome divulgado, e que registrou o momento, fala na gravação que a ajuda aconteceu após 40 minutos de espera. “Depois de 40 minutos a Márcia está indo em uma moto porque não tem uma ambulância. Não tem um carro de polícia [que possa leva-lá], tem um carro parado aqui, mas não pode levar ela. Ridículo isso”, relatou.
Nas imagens, Márcia ainda aparece sobre o quadriciclo recebendo orientações de uma agente do Corpo de Bombeiros. A pessoa que registrou o ocorrido relata a situação. “E ninguém faz nada. Isso aqui está acontecendo depois de 1h“.
Indignada, Letícia também comentou sobre a forma que os artistas locais foram tratados durante o Festival Sou Manaus. “Assim que nossos artistas são tratados. Estacionamento lá do Teatro da Instalação sendo cobrado a R$ 30 por pessoas, com camisa do evento. Enquanto os ‘trânsitos livres’ são dados para amiguinhos do prefeito ou sei lá de quem”, escreveu.
Confusão
O caso da cantora Márcia Siqueira não foi o único relatado durante o evento promovido pela Prefeitura de Manaus. Na segunda noite do festival, no sábado, 6, parte do público passou mal após agentes da Segurança Municipal da capital lançarem spray de pimenta sobre o público que tentava acessar o Palco Malcher.
Leia também: Pessoas passam mal após agentes da prefeitura usarem spray de pimenta no #SouManaus
No momento do show do cantor Pablo, após a apresentação da cantora baiana Ivete Sangalo, uma multidão foi impedida de ter acesso ao local, sob a alegação de que a capacidade máxima havia sido alcançada. Jovens, mulheres e idosas deixaram o local tossindo e cobrindo o rosto.
Após o ocorrido, frequentadores criticaram a distribuição de pulseiras para o evento. “O prefeito liberou um monte de pulseira e o pessoal está fora do show. Essa é a humilhação que o prefeito de Manaus faz a gente passar”, afirmou um homem, que não quis se identificar.
Falta de transparência
Apesar da ampla divulgação do evento nas redes sociais e veículos de comunicação local, a Prefeitura de Manaus não disponibiliza informações detalhadas sobre os custos específicos no Portal da Transparência da gestão municipal, como cachês dos artistas nacionais.
Artistas como o cantor sertanejo Gusttavo Lima, que tem o cachê estimado em R$ 1,2 milhão, a dupla Bruno & Marrone (R$ 1,1 milhão) e Ivete Sangalo (R$ 1 milhão) foram alguns dos artistas que se apresentaram durante os três dias do Sou Manaus Passo a Paço 2025, enquanto artistas locais de vários segmentos recebem uma quantia inferior ao que é oferecido para os artistas de fora.
“Meus conhecidos só pegam participações pequenas, participações mínimas. Não negam porque precisam do dinheiro. É triste”, disse um profissional do setor artístico local, que pediu para não ser identificado.
A diferença na infraestrutura oferecida para os artistas da cidade também foi alvo de críticas. “O palco dos artistas locais foi colocado como passagem pra quem saia do show do palco grande, então no meio do show tinha um fluxo de gente do nada”, reclamou a advogada Veridiana Tonelli. “Não consegui passar no espaço urbano. Sempre tem muitas reclamações por lá”, lamentou.
A CENARIUM entrou em contato com a Prefeitura de Manaus para esclarecer a falta de atendimento médico durante o evento e aguarda o retorno. A equipe de reportagem também entrou em contato com a cantora Márcia Siqueira para saber o estado de saúde dela. Até o fechamento desta reportagem, não tivemos retorno. O espaço segue aberto.