Resultados de testes de Covid-19 feitos em convidados da festa da filha de Silas Câmara tiveram interpretações erradas

Festa de aniversário de blogueira incomodou os vizinhos do parlamentar (Divulgação)

Da Revista Cenarium*

Neste fim de semana, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) teve seu nome envolvido em uma polêmica festa realizada na sua residência, localizada no Lago Sul, em Brasília (DF). De acordo com colunista Léo Dias, do site Metrópoles, a filha do parlamentar, Milena Câmara Godoy, disponibilizou a casa para a blogueira Flay Leite comemorar seu aniversário. Logo na entrada os convidados realizaram testes rápidos da Covid-19, todavia, especialista afirma que interpretações dos resultados foram erradas.

Segundo o colunista, conhecido por revelar as notícias dos famosos, a festa contou com nomes conhecidos da alta sociedade brasileira. Apesar dos convidados terem realizados testes rápidos da Covid-19 logo na entrada, a festa foi criticada por quem mora próximo ao local da festa.

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Além disso, alguns convidados revelaram para Léo Dias que, durante a festa, foi possível observar a não utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) por parte dos garçons e barmans.

Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava duas pessoas sentadas diante de uma mesa, paramentadas como funcionárias de saúde e cercadas por insumos e testes para identificação do novo Coronavírus.  

Segundo a narração do vídeo, convidados só poderiam entrar se o resultado do teste, que sai em poucos minutos, fosse negativo.

O problema é que os testes rápidos usados mostram se a pessoa tem ou não anticorpos para o vírus. Ou seja: se os admitidos tiveram resultado negativo no teste, isso quer dizer que não tiveram contato com o vírus, e, portanto, estavam suscetíveis a contrair a doença.

Diferentemente da interpretação que aparece nos vídeos, o teste rápido não dá um diagnóstico para a doença. E pior: a eficácia dele é baixa.

“Demoramos de 12 a 15 dias para ter o anticorpo [relativo ao Covid-19] no sangue. Podemos estar contaminados, transmitindo o vírus e sem sintoma, e o teste rápido não detecta”, diz Natália Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência.

Ela explica que o teste rápido utilizado acusa a existência de dois tipos de anticorpos para quem já teve contato com o vírus: o IgM, que pode ser detectado quando a infecção é recente, e o IgG, um tipo de longa duração.

A concentração alta do IgM no início da infecção vai diminuindo e dando espaço ao IgG. O teste pode acusar a presença de um ou de ambos.

Segundo Pasternak, no entanto, alguns estudos sobre o Sars-Cov-2 indicam que, após 60 dias, a concentração de IgG para o vírus abaixa a um nível que o teste rápido não tem sensibilidade suficiente para detectar.

Ela ressalta que essa baixa concentração de anticorpo IgG não significa que a pessoa perdeu a imunidade. Ainda não foram detectados casos de reinfecção pelo novo Coronavírus.

“Reunir pessoas nesse momento já é errado, usar os testes poucos confiáveis também. Se foi usado com essa interpretação equivocada, liberando quem teve o resultado negativo, é pior ainda”, afirma Pasternak. “Esses testes são úteis para estudos epidemiológicos, não para diagnóstico. Não deveriam ser vendidos em farmácias jamais.”

(*) Com informações da Folhapress

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