Início » Meio Ambiente » Filhotes de maritacas de áreas urbanas em Rondônia estão desenvolvendo deficiências
Filhotes de maritacas de áreas urbanas em Rondônia estão desenvolvendo deficiências
Filhote resgatado passa por cuidados. A superfície lisa dos forros de PVC causa deficiência nas patas dos animais. (Imagem cedida: Prefeitura de Vilhena, RO)
Compartilhe:
15 de maio de 2021
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – Desde fevereiro, a administração pública de Vilhena, a ‘Cidade Clima da Amazônia’, tem informado sobre a chegada das maritacas, aves parecidas com papagaios, porém menores que sempre procuram a região nesta época de reprodução e utilizam os forros dos telhados das casas para chocar os ovos, além de árvores e buracos de barrancos.
Por se tratar de animais silvestres, é crime espantar, tocar, machucar ou até fazer algo pior com os exemplares da espécie e se tornou costume, para os mais de 102 mil habitantes de Vilhena, cidade a 705 quilômetros de Porto Velho, conviver com famílias de maritacas acima de seus tetos. O problema é que boa parte dos filhotes, nesta temporada, estão desenvolvendo deficiências que os impedem de andar, voar e sobreviver.
A Psittacara leucophthalmus, chamada também de maritaca, periquito-maracanã e de vários outros nomes populares, é da mesma família que os papagaios (Psittacídeos), por isso são animais facilmente confundidos. Só de maritacas existem 18 espécies diferentes. Elas são naturais da Mata Atlântica, da Floresta Amazônica e do Cerrado e vivem por toda a América do Sul, exceto o Chile.
Movimento
Essas aves se adaptam muito bem à vida em regiões agrícolas e em cidades, quando saem das florestas, diferente de outras espécies ameaçadas que fazem parte da mesma família, como a arara azul. É o grupo de aves com o maior número de espécies que correm o risco de desaparecer do planeta, apesar da maritaca, por outro lado, ser muito comum.
PUBLICIDADE
Em Vilhena, quarta maior cidade de Rondônia, a população já está acostumada. Parece um ritual da natureza. Com o período de reprodução, que acontece entre novembro e março, centenas e centenas de maritacas procuram a cidade para se aninhar (apesar de não construírem ninhos, literalmente). Elas optam por árvores ocas, buracos em barrancos, rochedos, e até mesmo sótãos e forros dos telhados das casas para botar e chocar os ovos.
Sem construir os ninhos, as fêmeas botam em superfícies lisas, o que está gerando preocupação para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que passa a orientar a população de que forma proceder diante do destaque desta temporada: filhotes que estão desenvolvendo deficiências por não conseguirem se equilibrar sobre os forros feitos de PVC, crescendo com as patas atrofiadas.
Filhotes
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Rafael Maziero, existe uma época do ano, que é normal, que as maritacas se reproduzem mais e aparecem mais nas cidades, algumas casas com forros abertos, com telhados abertos, atraem as maritacas a se aninharem.
“E acontece isso, de ficar com a deficiência nas pernas, ficarem abertas. Os pais, eles tratam, cuidam, e aí chega o momento da vida em que eles voam e os filhotes voam atrás. Só que por ter essa deficiência e não conseguir se equilibrar em forros muito lisos, os filhotes não criam a musculatura necessária. E quando vão sair dos telhados, eles caem e ficam ali, agonizando até, provavelmente, morrerem”, explica.
A secretaria realiza resgates para tratar de filhotes debilitados, mas não consegue atender a todos os casos. Uma das aves, que aparece nas fotos acima, provavelmente morreria se não recebesse cuidados específicos. “Então, a Semma não dá conta, não temos espaço físico para cuidar de todos esses animais. Então, aqui fica o alerta para que nós possamos fechar as entradas dos nossos telhados, todas as fendas, para evitar que isso aconteça. Isso é um crime ambiental, é uma tragédia grave. É algo muito triste de ver. É uma responsabilidade de todos cuidar do meio ambiente”, enfatizou o secretário.
Ninhos urbanos
Este é um resultado que a própria secretaria não esperava, com a reprodução mais acentuada neste ano. Em março, em um vídeo lançado nas redes sociais, a pasta orientava que a população deixasse que as aves se abrigassem dentro dos telhados, adiando a realização de reparos para vedar as entradas, apenas paras depois que os animais fossem embora.
Por outro lado, Rafael Maziero anunciou um projeto de construção de ninhos urbanos, para diminuir o risco ao desenvolvimento dos filhotes em reproduções futuras. “Serão colocados nos locais de mais incidência desse problema, aqui em Vilhena, de onde recebemos mais denúncias”.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.