‘Fim de uma gestão marcada por crimes’, comemora relator que pediu cassação de Jalser Renier em RR

Jorge Everton foi o relator da subcomissão que pediu a cassação do deputado Jalser Renier (Divulgação)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — O relator da Subcomissão de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR), deputado Jorge Everton (sem partido), que pediu a cassação do deputado Jalser Renier (SD), declarou nesta segunda-feira, 28, que a Casa Legislativa presencia o fim de uma era marcada por crimes. Ele se referiu à sessão histórica que culminou na perda de mandato de Renier por quebra de decoro parlamentar e ser suspeito de mandar sequestrar e torturar o jornalista Romano dos Anjos.

“Fim de uma era! Fim de uma gestão parlamentar marcada por crimes! Deputado estadual Jalser Renier perdeu o mandato, nesta segunda-feira, após votação legítima! Fui o relator da Subcomissão de Ética que pediu a cassação do deputado Renier”, relembrou Jorge Everton.

Mais duro nas críticas, o deputado Soldado Sampaio (PCdoB) disse que Roraima agora passa por um novo momento e a Casa Legislativa “se livra” de um político com um histórico de escândalos. “Essa Casa se livra de um mentor político que sempre atrapalhou o Estado, sempre extorquiu o governador, comprou renúncias, extorquia servidor, sequestrou jornalista, agressor de mulher. Roraima se livrou desse falso líder político”, afirmou.

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Histórico

Eleito deputado estadual pela primeira vez em 1994, com apenas 21 anos, Jalser Renier Padilha nunca perdeu uma eleição para ocupar uma das cadeiras da ALE-RR e estava no sétimo mandato consecutivo. Considerado o “Menino de Ouro” da política roraimense, o agora ex-deputado protagonizou diversos escândalos no Estado.

O mais recente e que culminou na perda do mandato é o caso de sequestro do jornalista. Renier é suspeito de ser o mandante do crime e de usar a estrutura da ALE-RR para comandar uma milícia que agia contra seus adversários. O parlamentar chegou a ser preso em outubro de 2021 no escritório dele, em Boa Vista, durante a “Operação Pullitzer”, que investiga a participação de Jalser no caso.

Além desse caso, o parlamentar também ganhou notoriedade nacional por outras polêmicas. Em 2003, Jalser foi preso pela primeira vez por envolvimento no esquema de corrupção intitulado “Escândalo dos Gafanhotos”. Em 2016, o político e então presidente da ALE-RR voltou a ser preso por desvio de dinheiro público. À época, Renier ficou conhecido nacionalmente como o “presidente presidiário”. Renier foi solto somente em 2017.

Em 2019, Jalser Renier também foi alvo das operações “Cartas Marcadas” e “Royal Flush”, deflagradas pelo Ministério Público de Roraima (MP-RR), que apurou crimes de fraudes em processos de licitação, contratos administrativos, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de Justiça. A esposa dele, Cinthya Gadelha, e outras cinco pessoas ligadas ao político, também foram alvos da ação.

“Menino de Ouro”

Casado e pai de três filhos, o “Menino de Ouro” de Roraima também foi radialista e arrisca cantar sertanejo para amigos e familiares, a quem dedica, eventualmente, vídeos nas redes sociais. Apesar de demonstrar carisma na internet, Jalser Renier já protagonizou cenas agressivas. Em 2018, o deputado invadiu uma rádio, xingou e agrediu a então prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB-RR).

Imagens que circularam nas redes sociais na época mostram o momento da confusão. Segundo a Folha de S.Paulo, Teresa afirmou, na época, que estava sendo entrevistada sobre cortes orçamentários, mas que foi questionada sobre seu apoio aos candidatos que disputam o governo do Estado no segundo turno.

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