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Fisioterapeuta é indiciada por maus-tratos após agredir criança autista em Manaus
Em nota, a Speciale Clínica Multidisciplinar informou que Samia foi desligada da empresa (Reprodução)
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05 de outubro de 2021
Bruno Pacheco – Da Cenarium
MANAUS – Uma fisioterapeuta, identificada como Samia Patricia Riatto Watanabe, de 44 anos, que aparece em um vídeo de uma câmera de segurança agredindo uma criança autista de 8 anos em uma clínica particular em Manaus, foi indiciada, nesta segunda-feira, 5, por maus-tratos. Em nota, a Speciale Clínica Multidisciplinar também informou que Samia foi desligada da empresa.
“Speciale Clínica Multidisciplinar vem a público informar que, desde junho do corrente ano, após fatos administrativos que infringiram as normas da referida clínica, a dra. Ana Paula Marques decidiu por bem rescindir a prestação de serviço bem como cancelar a permissão de utilização de espaço para atendimento da Terapeuta Ocupacional, por isso, o desligamento da funcionária”, diz trecho da nota.
O caso de maus-tratos veio à tona após reportagem do Portal Dia a Dia. Os pais da criança descobriram que o filho era agredido após assistirem a vídeos da clínica onde Samia trabalhava como fisioterapeuta. Nas imagens são revelados trechos das gravações que flagram a mulher agredindo a criança. Em um primeiro momento, é possível ver ela sentada em frente ao menino. Em alguns dos episódios, Samia cutuca a criança na cabeça com agressividade e também puxa o cabelo dele.
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Os trechos divulgados em um vídeo que circulam nas redes sociais ocorrem nas seguintes datas: 25 e 27 de maio e 1º de junho deste ano. O menino realizava tratamento de terapia ocupacional na clínica desde fevereiro, segundo a família. As agressões foram denunciadas pela mãe da criança, em julho, no 2º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
Em depoimento à polícia, no dia 8 de agosto, a suspeita negou ter batido na cabeça da criança e alegou que os puxões no menino tratavam-se de um método chamado “propriocepção e reforço sensório social”, que faz parte do tratamento realizado com o paciente.
Repúdio
Nas redes sociais, a Organização Não Governamental (ONG) Associação de Mães Unidas pelo Autismo (Amua) emitiu uma nota de repúdio contra a violência praticada pela fisioterapeuta e pediu para que as famílias tenham cuidado com os profissionais que são contratados para trabalhar o desenvolvimento das crianças.
“Essa terapeuta ocupacional e fisioterapeuta Samia Patricia Tiatto Watanabe não é profissional em canto nenhum, pois profissional de verdade não tem esse tipo de postura. Nós, da Amua, repudiamos esse tipo de atitude, que ela tenha o conselho dela cassado. Denunciem, não se calem”, escreveu a Amua, em nota publicada no Facebook.
Autismo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo a psicóloga Juanita Maia, especialista em atendimento familiar, é um distúrbio do neurodesenvolvimento onde a criança apresenta desenvolvimento atípico, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam cerca de 70 milhões de pessoas com TEA em todo o mundo, sendo dois milhões delas no Brasil. De acordo com Juanit, o diagnóstico precoce do transtorno é fundamental e o quanto antes for iniciado o tratamento, melhor o resultado para a criança.
“É fundamental que o tratamento seja feito junto com toda a família, pois a criança precisa continuar com os estímulos não só na escola ou com os profissionais que o acompanham, e os estímulos devem ser adequados para que ela possa ter um melhor desempenho. Existem vários tratamentos, mas sabemos que o tratamento ABA [Análise Comportamental Aplicada] apresenta grandes resultados e todo o tratamento é feito para que a criança se sinta confortável e que seja agradável, e não o contrário”, comenta.
O toque
Ao falar sobre as consequências das agressões em crianças autistas, a especialista destaca que elas podem ter o desenvolvimento afetado. Segundo a psicóloga, o toque para se relacionar com as pessoas, como o abraço ou o aperto de mão, por exemplo, são atos que são gravados na mente de uma pessoa e formam as crenças. Agressões repetitivas sofridas pelo menino, lembra Juanita, são prejudiciais a ele.
“Uma criança com TEA precisa ter um acompanhamento onde aumentamos os estímulos e repetições para seu aprendizado. A criança com TEA não é doente e a mesma consegue entender que aquele comportamento está sendo disfuncional e não prazeroso para ela e isso pode levar a um atraso no seu desenvolvimento, como também repetição desse comportamento em outros ambientes e com outras pessoas”, concluiu.
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