Fogo atinge santuários de animais no Pantanal e espécies são carbonizadas


08 de agosto de 2024
Fogo atinge santuários de animais no Pantanal e espécies são carbonizadas
Carcaça de jacaré vítima das queimadas no Pantanal. (Foto: Mario Habelferd/SOS Pantanal)
Da Cenarium*

SÃO PAULO E CORUMBÁ (MS) – Onças-pintadas, cotias, macacos, antas, cobras, jacarés, entre outros animais, voltaram a sofrer com os incêndios que se alastram pelo Pantanal. As cenas de bichos carbonizados de agora repetem a tragédia de 2020 —lembrança que ainda assombra quem presenciou a situação naquele ano, considerado o recorde de destruição do bioma.

A reportagem percorreu, nesta semana, locais onde espécies silvestres foram registradas calcinadas há quatro anos, como a fazenda Santa Tereza, em Corumbá (MS). Ela fica na Serra do Amolar, região na fronteira com a Bolívia que está entre as mais conservadas do pantanal.

Na propriedade, que tem uma área vasta dedicada a preservação, a Folha encontrou diversos animais mortos, incluindo um macaco-prego. A cena do macaco calcinado, nesta terça-feira, 6, é semelhante à de um bugio registrado em foto de 4 de outubro de 2020, feita no mesmo local.

Essa imagem integrou série que venceu a categoria Meio Ambiente do World Press Photo em 2021, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo.

Cientistas estimam que cerca de 17 milhões de vertebrados morreram no Pantanal em decorrência do fogo em 2020, número tido como o mais crítico já documentado. O total de animais mortos em 2024 ainda não foi levantado.

O pantanal, maior superfície alagável do planeta, abriga 656 espécies de aves, 159 de mamíferos, 325 de peixes, 98 de répteis, 53 de anfíbios e mais de 3.500 de plantas, de acordo com a ONG WWF Brasil.

A fazenda, em maio, queimou em torno de 20 mil hectares. E agora, há questão de uma semana, soldados da Bolívia foram queimar lixo e o fogo se alastrou. Os brigadistas do Alto Pantanal fizeram um grande trabalho, os meus funcionários da fazenda também, mas com essa baixa umidade do ar, alta temperatura e vento, é muito difícil controlar um fogo“, diz Teresa Bracher, proprietária da fazenda Santa Tereza.

De janeiro até esta terça-feira, o bioma teve 6.655 de focos de calor, o que representa um aumento de 1.973% comparado com o mesmo período do ano passado, quando eram 321, de acordo com o programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O acumulado atual supera também o de 2020 para esse período —foram 5.466 focos na temporada até agosto.

Segundo o Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o pantanal teve, de 1º de janeiro até este domingo, 4, cerca de 1.027.075 a 1.245.175 hectares queimados. A análise foi feita com dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ). Essa faixa representa uma perda de 6,8% a 8,3% do bioma. Em 2020, no total do ano, foram atingidos 30%.

Na Estância Caiman, que abriga uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), 80% da área, de 53 mil hectares, foram atingidos pelo fogo nas últimas semanas. O local abriga o projeto Onçafari, um dos mais conhecidos para a preservação de grandes felinos na região.

Em nota, a administração da Caiman define o episódio como uma “queimada sem precedentes”, de “força avassaladora“. A propriedade suspendeu, nesta terça-feira, suas atividades hoteleiras até 28 de setembro, para concentrar esforços na recuperação da área e no enfrentamento dos incêndios junto aos brigadistas e à força-tarefa composta por governos estadual e federal.

Nossa prioridade e nosso propósito são –e sempre foram– a conservação da fauna e da flora, as milhares de espécies que encontram aqui uma morada segura. Pelos próximos dois meses, portanto, vamos fechar nossa operação hoteleira e, assim, focar nossos esforços na recuperação desta biodiversidade tão fundamental ao planeta“, anunciou a fazenda nas redes sociais.

Leia a matéria na íntegra neste link.

(*) Com informações da Folhapress

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