‘Foram momentos muito tensos’, diz jornalista do SBT que foi intimidada por seguranças do BRT, no Rio de Janeiro

Branca fazia uma transmissão ao vivo quando foi interrompida por dois homens (Reprodução/ Instagram)

Eduardo Figueiredo e Priscilla Peixoto- Da Revista Cenarium

RIO DE JANEIRO/MANAUS – A jornalista Branca Andrade, repórter do SBT, no Rio de Janeiro, foi coagida e teve o trabalho interrompido, nessa sexta-feira, 25, durante a cobertura da greve dos funcionários do BRT, no terminal Alvorada, na Barra da Tijuca.

Branca fazia uma transmissão ao vivo quando foi interrompida por dois homens que, dizendo-se funcionários da concessionária BRT impediram a repórter de realizar o seu trabalho. Mesmo ao vivo e insistentemente cobrados para que se identificassem, os homens não se intimidaram.

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O SBT repudiou a intimidação contra a equipe de reportagem. “O jornalismo presta um serviço essencial para a população e não deve sofrer nenhum tipo de censura. Depois da repercussão imediata do caso, na TV aberta, nas redes sociais, e da manifestação de diversas autoridades, inclusive, do prefeito do Rio Eduardo Paes, a equipe conseguiu realizar seu trabalho e informar aos telespectadores sobre os efeitos da paralisação”, salienta a emissora em nota. 

Momento de tensão

Durante uma live, em seu perfil oficial no Instagram, a jornalista relata em detalhes o ocorrido durante sua transmissão ao vivo e agradece o apoio recebido. “Não existe nada pior para um jornalista do que alguém se colocar em frente à câmera. Chegaram nesse local os dois homens que apareceram no ao vivo, pediram para eu me retirar e eu expliquei ‘olha, não posso sair daqui”, conta a jornalista que lamenta o ocorrido.

“Eu lamento mais pelos telespectadores, porque o principal daquela transmissão ao vivo não era discutir com segurança se eu devo ou não devo entrar ao vivo para a população e sim mostrar a notícia e dar alternativas. Tentei, mas sei que muita coisa se perdeu por conta da tensão do momento”, afirma Branca.

Ainda em transmissão ao vivo, a profissional agradeceu o apoio de toda a equipe de trabalho, do público e da Polícia Militar que esteve no local. “Eu agradeço tanto as mensagens de vocês, de verdade! Foram momentos muito tensos que eu passei ali, não foi fácil. Mas eu não podia fazer outra coisa a não ser me posicionar para me defender” contou.

Posicionamento

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro denuncia o inaceitável constrangimento imposto à repórter.

“Tais fatos são inadmissíveis numa democracia! Por isso, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro exige das autoridades policiais e do prefeito Eduardo Paes, providências imediatas, no sentido de identificar e punir os agressores. Não toleraremos mais esse ato que se soma à escalada de ataques aos jornalistas, de cerceamento ao livre exercício profissional e à liberdade de imprensa”, afirma a nota.

Ataques a jornalistas

De acordo com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), de janeiro a dezembro de 2021, houve, pelo menos, 78 episódios diferentes de ofensas, agressões, ameaças e intimidações contra jornalistas mulheres no País. Os dados são do projeto ‘Violência de Gênero Contra Jornalistas’ divulgados no dia 20 de dezembro de 2021.

Conforme o levantamento, 62% dos ataques às mulheres jornalistas ocorreram enquanto as profissionais cobriam questões políticas.

Greve continua

A Prefeitura do Rio de Janeiro informa que os motoristas do BRT ainda não voltaram a trabalhar, até a manhã deste sábado, 26, apesar de uma decisão judicial ter determinado o retorno imediato do funcionamento do sistema.

“A Mobi-Rio, empresa pública gestora do serviço, vai entrar com uma petição na Justiça para que seja iniciada a cobrança da multa diária de R$ 100 mil reais”, salienta a prefeitura que orienta, ainda, a população para que procure alternativas de transporte público para locomoção, como ônibus urbanos, trens e metrô.

Assista ao vídeo:

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