Forças Armadas reforçam politização ao ‘arreganhar os dentes’ para CPI da Covid

Via Brasília – Da Revista Cenarium

Forças Politizadas

Quando o Ministério da Defesa vocifera contra uma afirmação do presidente da CPI da Covid, o senador amazonense Omar Aziz (PSD-AM), que, segundo nota oficial da caserna, seria “vil e leviana, desrespeitando as Forças Armadas”, se afasta ainda mais de suas funções de Estado e se aproxima da política. Em nenhum momento da fala, Aziz generaliza as críticas. Ao contrário, as direciona aos fardados “enrolados” no Caso Covaxin, que tem entre seus encrencados meia dúzia de patentes: um general, três coronéis e dois tenentes-coronéis. Aziz reforça a distinção quando diz textualmente que “os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia…”.

Não se intimida

Omar Aziz e muitos integrantes da CPI, além de lideranças e observadores da política, acusam que a nota é desproporcional e cheira à tentativa de intimidação aos trabalhos da comissão. O presidente da CPI da Covid reagiu dizendo que “50 notas” não o intimidariam e reafirma que não houve ataque à instituição. Ao virar sua artilharia para Aziz, as Forças se associam a setores de “Governo” e a aliados do bolsonarismo que fustigam os senadores independentes e de oposição, incomodados com as denúncias que comprometem o governo. Estariam, também, os militares defendendo a meia dúzia de oficiais da ativa e da reserva que estão no olho das denúncias de corrupção?

Pazuello livre

Noutro episódio na direção da política, o Exército não só livrou a cabeça de Eduardo Pazuello por sua participação em evento político, como manteve-o na ativa e ainda impôs sigilo de 100 anos ao processo aberto contra ele, já arquivado. Menos democrático impossível. Cumpre lembrar que, quando Pazuello assumiu a Saúde, em maio de 2020, os mortos por Covid-19 no país eram 14.962. Quando deixou, um ano depois, as vítimas já somavam 295.425 pessoas. Só por esse fato Pazuello já deveria responder a inquérito militar pela condução desastrosa na pandemia. Ainda bem que instituições como MPF, TCU e o parlamento estão fazendo o trabalho deles na apuração de omissões e responsabilidades.

PUBLICIDADE

Descaso no Amazonas

Em mais uma atitude discutível – quem acompanhou o colapso da saúde no Amazonas, em janeiro deste ano, deve se recordar – as Forças Armadas ainda negaram atendimento médico a pacientes do Amazonas e de outros Estados. Enquanto milhares de pessoas morriam por falta de leitos nos hospitais e de oxigênio, os hospitais das Forças Armadas, com mais da metade dos leitos para a Covid-19 vagos, fazia reserva de vagas para eventuais adoecimentos de militares ou familiares. Mais recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o parlamento tentaram agir para que civis pudessem ser atendidos nestas unidades em situações de pandemia. Nada surtiu efeito, pelo menos até agora. Definitivamente, as Forças Armadas não estão em boas mãos.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.