Fórum de arte e justiça climática reúne artistas de 20 países em Belém


12 de setembro de 2024
Marcus Desando, Renata Aguiar, Zayaan Kahn e Priscila Cobra (Divulgação)
Marcus Desando, Renata Aguiar, Zayaan Kahn e Priscila Cobra (Divulgação)

Da Cenarium*

BELÉM (PA) – A floresta amazônica será o local de encontro mundial de artistas e ativistas de 20 nações que participarão do “Fórum Arte pela Justiça Climática — Reimaginando Futuros Sustentáveis“, uma iniciativa inédita organizada pelo Prince Claus Fund em parceria com a Open Society Foundations. Durante uma semana, de 16 a 21 de setembro, Belém será palco de um intercâmbio cultural. Nos dias 20 e 21, o fórum apresentará programação gratuita e aberta ao público na Fundação Curro Velho. As inscrições já estão disponíveis.

O encontro está marcado para um ano antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, em 2025. O objetivo do fórum é unir indivíduos que promovem mudanças e organizações locais a fim de criar conexões, trocar métodos e experiências para buscar soluções para a justiça climática sob uma nova perspectiva: de que maneira a arte e a cultura podem abordar questões socioambientais?

A intenção é unir diversas práticas e realidades, abordando temas como direitos territoriais, modelos de desenvolvimento social e econômico e como influenciam o meio ambiente, além de discutir questões como racismo ambiental e propaganda ecológica enganosa.

Pelé do Manifesto é rapper, poeta, ator, influenciador digital e participante do evento “Arte pela Justiça Climática” (Reprodução/Festival Hypnotica)

A organização do evento foi liderada por Priscila Cobra, comunicadora e defensora da cultura afro-indígena de Icoaraci; Renata Aguiar, criadora visual, professora e investigadora, natural do Amazonas, que mora em Belém; e Zayaan Khan, artista da África do Sul engajado na luta por justiça alimentar, reforma agrária e preservação de sementes, por meio de narrativas e expressões artísticas diversas.

“O intercâmbio entre experiências que utilizam a arte como ferramenta política e social traz o protagonismo para formas de resistência e de construção de justiça climática por meio de novas lógicas, formas não hegemônicas, descentralizadas, que buscam outras maneiras de sociedade para além do capitalismo predatório. Iremos promover essa troca com talentos e mentes de artistas e ativistas do mundo todo. E é muito importante que esse encontro ocorra na Amazônia, que é um dos territórios mais afetados pelas tensões ambientais. A ideia é conectar essas territorialidades com a nossa região”, explica Priscila Cobra.

Diversos artistas da Amazônia integram o encontro, que conta com a participação de artistas internacionais da Soros Arts da Open Society Foundation e do programa Carec, do Prince Claus Fund, uma fundação independente dedicada a apoiar a produção de artistas engajados e profissionais da cultura em locais onde a cultura está sob pressão. Ao criar uma rede global de agentes de mudança e ampliar o trabalho inovador que eles realizam, a fundação busca contribuir para um futuro mais igualitário, pacífico, sustentável e inclusivo.

Fórum internacional promove dois dias de programação gratuita e aberta ao público no Curro Velho (Agência Pará)

“A Prince Claus Fund vê a cultura como uma força de mudança. Uma força criadora de novas perspectivas e uma plataforma que dá voz a narrativas alternativas, espalhando ideias inovadoras e expressando a nossa identidade. Porque nós acreditamos que cultura é uma necessidade básica e vital para a humanidade”, diz Marcus Desando, diretor da Prince Claus Fund, que também irá a Belém para o fórum.

Programação

De 16 a 21 de setembro, o evento reunirá artistas da Guatemala, Brasil, Porto Rico, Moçambique, Índia, Palestina, África do Sul, Equador, Colômbia, Egito, Argélia, Portugal, Angola, Malásia, Estados Unidos, São Martinho, Indonésia, China, Gana e Argentina, em diversos locais de Belém. A proposta para a primeira etapa do fórum é introduzir os artistas à cidade, com suas complexidades, territórios e comunidades, desde o centro urbano até os bairros periféricos e as regiões insulares amazônicas.

Em seguida, o evento promove dois dias de programação aberta ao público, composta por rodas de conversa, oficinas, performances, instalações e shows. Todas as atividades serão traduzidas do inglês para o português, para garantir a acessibilidade. As inscrições estão abertas neste link. As vagas são limitadas.

No dia 20, haverá a roda de conversa “Recriando e Reimaginando Futuros Possíveis no Presente”, com a participação de Rosa Chávez (Guatemala), Gabriela Luz (Brasil), Chemi Rosado Seijo (Porto Rico) e moderação de Yara Costa (Moçambique).

A roda de conversa “O direito à terra, pessoas e pertencimento: da Amazônia à Palestina” reúne Jane Cabral (Brasil), Tareq Khalaf (Palestina), Zayaan Khan (África do Sul) e Fredy Papilo Gualinga (Equador), com moderação de Ixchel Tonāntzin (Equador).

Monica Naranjo Uribe (Colômbia) ministra a oficina “Meu centro do mundo: onde a água doce e a água salgada se encontram“. A oficina “Mapeando o futuro com o músculo da imaginação“, de Ixchel Tonāntzin Xōchitlzihuatl (Equador) e Fredy Papilo Gualinga (Equador), se concentra em transformar nossa imaginação ao desprogramar padrões de pensamento coloniais e opressivos, permitindo-nos imaginar e criar um futuro onde toda a vida prospera.

Sharon Chin (Malásia) ministra a oficina “Criaturas da mente, criaturas da terra“, que convida os participantes a imaginar uma maneira alternativa de habitar o mundo por meio de um desenho coletivo e da contação de histórias.

Arte como Ativismo” mergulha na inspiradora e impactante interseção da expressão artística com a ética e o ativismo, destacando como as artes e culturas servem veículos potentes para protesto, mudança social e diálogo.

No dia 21, a programação abre com a roda de conversa “Arte e Ativismo, Ética e Responsabilidade”, com participação de Molemo Moiloa (África do Sul), Deborah Jack (São Martinho) e Thiago Maiandeua (Brasil), e moderação de Benji Boyadgian (Palestina).

Beatriz Paiva (Brasil) ministra a oficina “Lambendo a Cidade das Mangueiras; o lambe-lambe em Belém do Pará“. Irene Agrivina (Indonésia), Dan Li (China)e Nana Opoku (Afroscope) (Gana) promovem a oficina “PHOTOSYNTHESA”; e Brigitte Baptiste (Colômbia), a oficina “Ecologias de Transição“.

Haverá ainda a roda de conversa “Imaginação socioambiental, arte como protesto e protesto como arte”, com a participação de Sofía Acosta (Equador), Pelé do Manifesto (Brasil)e Salete Cunha (Brasil), e moderação de Coletivo Etcétera (Argentina).

Leia também: Em Belém, mobilização popular promove campanhas de conscientização da crise climática

(*) Com informações da assessoria

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