Fóssil mais completo de dinossauro brasileiro é identificado em São Paulo

Representação artística do tupandactylus navigans no Cretáceo Inferior, no que hoje é o Nordeste do Brasil (Victor Beccari)
Com informações da CNN

SÃO PAULO – Uma descoberta feita durante uma operação policial foi identificada como o fóssil mais completo de um réptil voador do Brasil. Os restos mortais revelaram novas informações sobre tapejarídeos, ou pterossauros, que voaram pelos céus durante o período do Cretáceo Inferior, entre 100,5 milhões e 145 milhões de anos atrás.

Um estudo sobre as descobertas publicado na quarta-feira (26) na revista PLOS ONE.

Esses pterossauros em particular são mais conhecidos por terem uma crista gigante no topo da cabeça. Tapejarídeos são comuns no registro fóssil do Brasil, mas a maioria das descobertas são apenas restos parciais.

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O fóssil recém-descoberto preserva quase todo o corpo do pterossauro, incluindo pedaços de tecido mole. Essa espécie é conhecida como Tupandactylus navigans. O fóssil foi localizado em seis quadrados de lajes de calcário que foram confiscados durante uma operação policial de 2013 no Porto de Santos, em São Paulo.

“A Polícia Federal do Brasil estava investigando uma operação de comércio de fósseis e recuperou, em 2013, mais de 3.000 espécimes”, disse Victor Beccari, autor do estudo e paleontólogo de vertebrados da Universidade de São Paulo (USP). “Os fósseis no Brasil são protegidos por lei, pois fazem parte do patrimônio geológico do país. Portanto, a coleta de fósseis exige autorização e o comércio e a coleta privada de fósseis são ilegais.”

Os ossos foram descobertos em placas de calcário
Os ossos foram descobertos em placas de calcário (Victor Beccari)

Depois que as placas foram transferidas para a USP, os pesquisadores as juntaram como um quebra-cabeça para revelar o fóssil e realizaram uma tomografia computadorizada para encontrar os ossos dentro da pedra. Beccari e seus colegas começaram a estudar as peças em 2016.

A descoberta marcou a primeira vez que os pesquisadores estudaram um esqueleto quase completo, em vez de apenas o crânio, do T. navigans. Isso os permitiu reconstruir a aparência e comportamento da espécie quando viva.

“O indivíduo está muito bem preservado, com mais de 90% de seu esqueleto e impressões em tecidos moles da crista da cabeça e do bico queratinoso (uma estrutura semelhante à encontrada em pássaros, chamada rhamphotheca)”, disse Beccari.

O esqueleto veio da Formação Crato, rica em fósseis, no nordeste do Brasil e foi datado de cerca de 115 milhões de anos atrás.

O pterossauro tinha um pescoço longo e os pesquisadores acreditam que ele passava a maior parte do tempo no solo em busca de alimentos como sementes e frutas e provavelmente não voava por longas distâncias.

“Este pterossauro tinha mais de 2,5 metros de envergadura e um metro de altura (40% disso é a crista da cabeça)”, explicou o pesquisador. “Com uma crista de cabeça tão alta e um pescoço relativamente longo, esse animal pode ter ficado restrito a voos de curta distância.”

Reconstrução digital do pterossauro (Victor Beccari)

Esses pterossauros tinham as adaptações necessárias para o voo, incluindo um notário, ou o osso que ajudava a proteger o tórax contra as forças criadas pelo movimento de suas asas. O pterossauro também tinha uma região desenvolvida de ancoragem muscular nos ossos do braço, de acordo com os cientistas.

“O esqueleto mostra todas as adaptações para um vôo motorizado, que o animal pode ter usado para fugir rapidamente de predadores”, descreveu Beccari.

Além da grande crista na cabeça, o T. navigans também tinha uma espécie crista no queixo. Mais pesquisas são necessárias para entender como isso afetou o vôo do pterossauro.

“Este espécime nos permite entender mais sobre a anatomia completa deste animal e traz uma visão de sua ecologia”, acrescentou.

(Texto traduzido. Leia o original em inglês.)

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