Foto de onça morta em estrada por conta de queimadas no Pantanal causa indignação na web

Onça não resistiu ao calor extremo e à fumaça causada pelos incêndios florestais no Pantanal brasileiro (João Paulo Guimarães/ Divulgação)

Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium

MANAUS – Seca extrema, baixa umidade do ar, ventos fortes e ações criminosas são um prato cheio para o pior cenário de incêndios florestais dos últimos 22 anos no Pantanal brasileiro, conforme dados do Instituto Centro Vida (ICV). E um registro comovente causou indignação nessa segunda-feira, 31, quando uma onça pintada foi fotografada, estirada na beira da estrada de Porto Cercado (a 100 quilômetros de Cuiabá), vítima do intenso calor e fumaça.

O animal foi encontrado pelo fotógrafo João Paulo Guimarães, de Belém, no Pará e é membro de um grupo de jornalistas e ativistas do meio ambiente que articula denúncias e realiza a cobertura das queimadas na Amazônia em 2020. “Muito triste realmente. Fotografei na estrada do Porto Cercado, próximo ao Sesc Pantanal”, disse.

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Para se ter uma ideia, dos 380 mil hectares atingidos pelos incêndios que avançam no Mato Grosso, 47 mil se referem à área da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Sesc Pantanal), o que representa 12,3% do total. Os outros 87,7% são a somatória de áreas como a Aldeia Indígena Perigara, fazendas localizadas no Distrito de São Pedro de Joselândia, na região da Estrada-parque Porto Cercado e Transpantaneira. As fazendas São Francisco, São José, Tutu, Cambará, Santa Tereza, Santa Elvira, Paraíso e Beleza estão entre as atingidas.

“Um absurdo. Um total desrespeito ao meio ambiente. Essas florestas são as casas de milhares de animais. Enquanto o governo federal não tomar medidas mais eficazes, mais onças, pássaros e outros animais serão perdidos”, disse a fisioterapeuta Laura Oliveira, 43.

Fumaça densa toma de conta da Cuiabá

Ainda na segunda, a capital de Mato Grosso, Cuiabá, teve mais uma vez, um dia bastante cinzento. A cidade foi coberta por uma nuvem de fumaça vinda dos incêndios causados na Chapada dos Guimarães, no MT. A informação foi repassada pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (CIMAN-MT) à REVISTA CENARIUM.

O fogo que entrou na RPPN Sesc Pantanal, a maior do país com 108 mil hectares, localizada em Barão de Melgaço, teve início em área vizinha na divisa norte, no dia 2 de agosto.

Desde o início, toda a estrutura de combate aos incêndios da reserva foi acionada para evitar a entrada desse foco na RPPN, inclusive com apoio às comunidades no entorno com brigadistas, pá carregadeira e caminhões pipa.

Mas, a intensidade do fogo, fortes ventos e altas temperatura dispersaram o fogo em uma extensa área da unidade de conservação em direção à divisa sul da reserva. Ao chegar na divisa sul, o fogo encontrou com outro incêndio que ocorria na Fazenda São Francisco do Perigara, desde o dia 30 de julho. O fogo que atingiu a fazenda teve início no dia 28 de julho, na Terra Indígena Perigara, vizinha da Fazenda e da RPPN Sesc Pantanal.

Dados do Ibama/Prevfogo indicam que 98% dos incêndios têm origem em ações humanas, acidentais ou criminosas. Por conta disso, o Governo do Estado de Mato Grosso esclareceu que está colocando em campo toda a equipe e infraestrutura disponível das secretarias de Meio Ambiente e de Segurança Pública para a realização de fiscalização e combate aos incêndios florestais.

Ações suspensas

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) suspendeu as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e ações contra as queimadas na região do Pantanal desde a segunda-feira, 31. Com isso, R$ 60,7 milhões deixarão de ser utilizados nesses locais.

Segundo o ministério, a medida foi tomada porque a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) bloqueou R$ 39,7 milhões em verbas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e R$ 20,9 milhões do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após decisão da Secretaria de Governo (Segov) e da Casa Civil da Presidência da República. Aos R$ 60,7 milhões somam-se R$ 120 milhões que também serão cortados do orçamento do meio ambiente em 2021.

Assista ao vídeo do incêndio na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso:

Vídeo foi filmado por ativistas que acompanham a situação dos incêndios florestais no Mato Grosso (Reprodução/ internet)
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