Fotógrafo brasileiro vence ‘Oscar da fotografia’ com série sobre devastação da Amazônia

Registro do fotógrafo Lalo de Almeida (Lalo de Almeida)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Após vencer a categoria regional de projeto de longa duração do World Press Photo, considerado o “Oscar da fotografia” das premiações de fotojornalismo do mundo, o fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida foi premiado em nível mundial com a série fotográfica “Distopia Amazônica”. Almeida é fotojornalista da Folha de S. Paulo e retratou, na série, a ameaça à floresta pelo desmatamento, mineração, desenvolvimento de infraestrutura e exploração de recursos naturais.

Em 2021, o fotógrafo brasileiro foi o vencedor na categoria Meio Ambiente da premiação, com a série de imagens “Pantanal em Chamas”.

O trabalho foi iniciado em 2012 e concluído no ano passado. Consiste em uma sequência de 30 fotografias, sendo 25 delas feitas exclusivamente para a Folha e boa parte delas foi publicada na série Amazônia sob Bolsonaro.

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Fotógrafo fala da complexidade da Amazônia

No discurso de agradecimento, o fotógrafo falou sobre a complexidade da Amazônia e como os povos da floresta precisam recorrer aos crimes ambientais para sobreviverem.

“Você consegue entender porque essas pessoas estão no modo de sobrevivência. Elas precisam trabalhar, eles precisam ter alguma renda pra manter as famílias, porque se você não fornece uma opção para essas pessoas, vai ter uma mão de obra barata para esses grandes criminosos que estão realmente fazendo dinheiro. Então não é ó um problema ambiental, é um problema social”, salientou.

“Claro que para mim é um grande honra ser premiado no World Press, mas mais importante é a oportunidade de levar as minhas fotos para uma audiência global, para mostrar a complexidade da Amazônia”, concluiu Almeida.

O fotógrafo Lalo de Almeida (Reprodução)

A premiação alterou a configuração do concurso e o julgamento, e a dividiu em duas etapas. Em 24 de março, foram divulgados os vencedores regionais, de 23 países, quando o fotógrafo venceu a categoria regional. No dia 7 de abril, foram anunciados os quatro vencedores globais nas seguintes categorias: Foto do Ano, Reportagem, Longa Duração e Formato Aberto.

Foto do Ano

A canadense Amber Bracken foi a grande vencedora da premiação, conquistando a categoria Foto do Ano. Ela estava a serviço do jornal americano The New York Times quando tirou a foto premiada. “Pela primeira vez nos 67 anos de história do World Press Photo, Foto do Ano é uma fotografia sem pessoas”, disse a organização da premiação.

Na fotografia premiada é possível ver uma série de cruzes de madeira, onde estão penduradas peças de roupa, recordando as crianças que morreram na Escola Residencial Indígena Kamloops, instituição criada para acolher crianças indígenas. Em maio de 2021, a descoberta de 215 sepulturas não identificadas em Kamloops foi anunciada pelo chefe da Primeira Nação Tk’emlups te Secwepemc. As crianças eram alunos da escola, que fechou em 1978.

“Escola Residencial Kamloops”, de Amber Bracken (AMBER BRACKEN)
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