Fotógrafo da imprensa internacional é detido no porto que receberá navios da COP30
Por: Fabyo Cruz
27 de agosto de 2025
BELÉM (PA) – O repórter fotográfico Lúcio Távora, de Brasília (DF), foi detido pela Guarda Portuária do Porto de Outeiro, em Belém, e conduzido à sede da Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira, 27. O local é um dos pontos que deve receber navios durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro na capital paraense.
Segundo Távora, ele estava no porto para produzir imagens para uma agência de notícias da China. “Eu vim fazer uma reportagem para uma agência de notícias chinesa, uma reportagem positiva, pois o assunto está em alta. Então, subi no píer para fazer as fotos, mas não sabia que aqui estava em funcionamento. Fui detido pela guarda portuária”, relatou à CENARIUM.
O repórter destacou que, após se identificar como jornalista, foi tratado com respeito pelo inspetor responsável pela abordagem. “Preciso ressaltar que, quando me identifiquei como jornalista, fui bem tratado pelo inspetor Sena, da Guarda Portuária. Agora, não achei um ato de censura à imprensa, mas achei desnecessário ser levado para a sede da PF, depois de me identificar como jornalista, pois não sou bandido”, afirmou.

A detenção ocorreu em meio ao reforço da segurança em áreas estratégicas de Belém que receberão atividades relacionadas à COP30. O Porto de Outeiro está incluído nos preparativos para a conferência e segue em operação regular. O Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) e a Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB Pará informaram que se dirigiram à sede da Polícia Federal para prestar apoio ao profissional.
Confira abaixo, na íntegra, a nota de repúdio divulgada pelo Sinjor:
“O Sindicato de Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor-PA) repudia a detenção do repórter fotográfico Lúcio Távora, no Porto de Outeiro, em Belém, na manhã desta quarta-feira (27), durante cobertura fotográfica, a serviço de uma agência internacional da China, sobre as obras para a COP30.
O profissional foi detido por representantes do consórcio da obra, administração do Porto e por guardas portuários e encaminhado para a sede da Polícia Federal (PF).
O presidente do Sindicato, Vito Gemaque, e o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB-PA, advogado Stael Sena, acompanharam o jornalista e o responsável pela agência chinesa no registro da ocorrência. A Polícia Federal não verificou nenhum crime. Todos foram liberados em seguida.
O Sinjor-PA se solidariza com o repórter Lúcio Távora e acompanhará o caso, sempre na defesa da democracia, da liberdade de imprensa, do livre exercício profissional e dos direitos de trabalhadoras e trabalhadores da comunicação”.
A CENARIUM solicitou esclarecimentos à Polícia Federal sobre a condução do jornalista. Leia abaixo a nota enviada pela corporação:
“Na tarde de ontem quarta-feira (27/08), um fotógrafo foi conduzido até a Superintendência Regional de Polícia Federal no Pará, levado por representantes da Companhia Docas do Pará, por adentrar área alfandegária de acesso restrito.
O fotógrafo esclareceu que desconhecia a proibição de entrada no local e, ante a ausência de indícios de cometimento de crime ou outra infração, foi liberado após o registro administrativo dos fatos”