‘Friagem’ causa temperaturas mais baixas do ano em Rondônia; interior registra 8,5º graus
30 de junho de 2021
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) prevê que a massa de ar polar também chegue aos estados de Mato Grosso, Acre e Amazonas. (Reprodução/Redes sociais)
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – A chegada de uma nova friagem ao Estado de Rondônia, nesta semana, com previsão para as temperaturas mais baixas registradas em 2021, fez a população, acostumada com o calor que geralmente ultrapassa a casa dos 30º graus, tirar casacos e cobertores dos guarda-roupas para enfrentar o frio incomum de até 8,5ºC em algumas cidades do interior. A temperatura foi marcada entre terça-feira, 29, e esta quarta-feira, 30, pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).
Vale do Guaporé e Cone Sul devem ser as regiões do Estado mais afetadas pela “friagem” intensa que atravessa a América do Sul até o fim de semana, cobrindo também outros Estados da Amazônia Legal, com estimativa de chegada até a Venezuela.
Vilhena registrou mínima de 8,5º graus nas primeiras horas de terça-feira, 29, e não passou dos 18º graus ao longo do dia. (Reprodução/Redes sociais)
Enfim, inverno com cara de inverno
As temperaturas caíram logo após a chegada do inverno. A friagem foi uma coincidência, já que em região tropical, o calor predomina. No início da semana, a Divisão de Meteorologia do Sipam previu temperaturas mínimas de até 16ºC, com frio mais intenso em cidades do Vale do Guaporé, Cone Sul e até na Região Central. Contudo, as baixas temperaturas devem se espalhar por todo o Estado.
Cidades
Mímina
Máxima
Ariquemes
19°C
26°C
Cacoal
19°C
24°C
Costa Marques
16°C
23°C
Guajará-Mirim
16°C
23°C
Ji-Paraná
20°C
25°C
Nova União
20°C
25°C
Porto Velho
19°C
26°C
Vilhena
17°C
22°C
Fonte: Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam)
O resultado superou a estimativa. Vilhena, chamada de “Cidade Clima da Amazônia”, conhecida pelo tempo mais ameno em relação ao restante do Estado, registrou mínima de 8,5º graus nas primeiras horas de terça-feira e não passou dos 18º graus ao longo do dia. Foi o dia mais frio de 2021 na cidade que fica a 594 metros acima do nível do mar e distante 705 quilômetros de Porto Velho.
Nesta quarta, a mínima prevista para a cidade do interior é de 10º graus e não deve ultrapassar 22º graus. Já em Cacoal, na Região do Café, o frio foi de 12º graus, mesma temperatura mínima em Costa Marques, no Vale do Guaporé. Na capital, as temperaturas oscilam entre 15º e 25º graus neste dia 30 de junho.
“Esperamos que realmente ocorra um recorde de menor temperatura do ano em todo o Estado no decorrer desta terça e também desta quarta-feira. E a gente ainda está no começo do inverno, que chegou na semana passada”, explicou à CENARIUM o meteorologista Luiz Alves, do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).
O meteorologista diz que ‘friagens’ mais severas ainda podem atingir regiões da Amazônia neste ano. (Sipam/Reprodução)
Mesmo levando o título de friagem mais intensa do ano, o meteorologista diz que novos fenômenos podem bater recordes ainda maiores. “Até então, essas sim, serão as menores temperaturas do ano, mas essas friagens acontecem pelo menos até agosto e meados de setembro”, destacou Luiz Alves.
Como ocorrem as friagens?
De acordo com o meteorologista Luiz Alves, a friagem “nada mais é do que uma frente fria que consegue chegar em locais equatoriais (geralmente quentes), onde o frio normalmente não é comum”. “Ela se forma no continente antártico, vai para o sul do Oceano Pacífico e encontra com o lado sul do nosso continente, na região da Patagônia e sobe em direção equatorial. Ela atravessa a Argentina, Bolívia e Paraguai até chegar à Amazônia. Especialmente nesses meses de junho e julho é que esses eventos acontecem com mais frequência”, ressalta.
Além de Rondônia
Luiz Alves explica que Rondônia está em uma região tropical e que o Estado passa pela friagem agora porque este fenômeno, especificamente, teve força para chegar ao sul da Amazônia, provocando a queda brusca de temperaturas. Ele avalia que por conta da intensidade, apenas Roraima, deve escapar da frente fria na região, mas, ao atravessar o continente, a massa de ar polar deve chegar até o território venezuelano.
“Normalmente, as friagens ocorrem mais no Estado de Mato Grosso, em Rondônia, Acre e no Amazonas. Isso falando de friagens normais. Mas existem outros eventos de friagem, mais fortes e significativos que conseguem chegar até ao sudoeste e oeste do Estado do Pará e até em Roraima, em locais mais a leste e ao norte, cruzando a linha do Equador”, explica Alves.
“Essa friagem também conseguirá cruzar a linha do Equador, mas não conseguirá chegar ao Estado de Roraima. Por outro lado, será observada do leste da Colômbia ao sul da Venezuela. Ela será mais intensa mesmo na parte mais oeste da Amazônia Legal, ou seja, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas”, finalizou.
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