Fumaça e fogo subterrâneo afetam estrada em área indígena no Pará
Por: Fabyo Cruz
24 de setembro de 2024
Fogo subterrâneo no Pará (Reprodução/Redes sociais)
BELÉM (PA) – Um vídeo divulgado pelo indígena Ozinaldo Akay Munduruku, comunicador doColetivo Audiovisual Wakoburun, revelou uma preocupante situação na região de Jacareacanga, na Região do Alto Tapajós, no Pará. As imagens, gravadas na última sexta-feira, 21, mostram uma densa fumaça saindo do chão de uma estrada que leva a um rio local, com a via de barro completamente rachada. Segundo a narração de Ozinaldo, a fumaça era resultado de um fogo subterrâneo.
À CENARIUM, Ozinaldo explicou que a estrada, apesar de não ter um nome oficial, é conhecida entre os moradores como “estrada para beira do Coquinho“. Ele também informou que o Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) já foi acionado e conseguiu apagar o incêndio, porém a estrada precisou ser interditada devido aos danos.
Ainda sobre os incêndios na região, Ozinaldo relatou uma melhora na situação recente. “Os incêndios estão diminuindo um pouco por causa da chuva“, destacou, o que traz um alívio parcial para a comunidade local, que tem enfrentado queimadas frequentes, agravadas pela seca e pelas altas temperaturas.
O caso em Jacareacanga levanta mais uma vez a necessidade de políticas públicas eficazes de combate a incêndios na região amazônica, especialmente com as mudanças climáticas intensificando eventos como este. Além do impacto ambiental, o fogo subterrâneo pode trazer sérias consequências para as comunidades indígenas e ribeirinhas que dependem do território para sua subsistência.
Coletivo dá voz aos Munduruku
As imagens e relatos do Coletivo Audiovisual Wakoburun reforçam a importância do protagonismo indígena na documentação e denúncia das questões ambientais que afetam suas terras, sendo fundamentais para que autoridades e a sociedade tomem conhecimento da gravidade da situação na Amazônia.
Comunicadores do Coletivo Audiovisual Wakoburun (Reprodução/Instagram)
No começo deste mês, o grupo denunciou os impactos causados pela mineração ilegal na região. Um deles foi a seca do rio Marupá, uma importante fonte de vida e subsistência, sobretudo para o povo indígena Munduruku, que agora se resume a um leito de barro. Em uma das fotos divulgadas pelo coletivo, é possível ver uma draga de garimpo atolada no que antes foi um afluente do Rio Tapajós.
De acordo com relatos dos indígenas que habitam na região, os incêndios começaram em julho de 2024 e geraram impactos severos na saúde das populações locais, com o agravamento de casos de doenças respiratórias devido à forte fumaça que dificulta até mesmo o deslocamento aéreo de doentes das aldeias. Agricultores do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Terra Nossa também sofreram prejuízos por conta desse problema.
Frente a essa situação de urgência, o Ministério Público Federal (MPF) requereu providências imediatas dos órgãos governamentais para combater os focos de incêndio na Terra Indígena Munduruku e no Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa. Por meio de documentos enviados em 23 de agosto, o MPF solicitou o envio de aeronaves para auxiliar as ações do Ibama e da Polícia Federal nas regiões afetadas, bem como uma coordenação entre várias entidades para controlar as queimadas.
O Ministério Público Federal também solicitou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que apresente dados referentes aos procedimentos provenientes da fiscalização da ocupação no PDS Terra Nossa e que apure a conduta de ocupantes suspeitos de cometer crimes ambientais e de fazer ameaças na área.
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