Fumaça: qualidade do ar em Manaus registra piora, aponta sistema de monitoramento


22 de junho de 2024
Fumaça: qualidade do ar em Manaus registra piora, aponta sistema de monitoramento
Qualidade do ar realizada pelo Selva às 22 horas dessa sexta-feira, 21, em Manaus (Reprodução/Selva)
Carol Veras – Da Cenarium

MANAUS (AM) – Internautas residentes de Manaus relataram desde essa sexta-feira, 21, o retorno do cheiro forte de fumaça. O caso preocupa os moradores da cidade que, em 2023, viveram o pior ano de propagação de fumaça causa pelas queimadas na região metropolitana.

O Amazonas registrou altos números em focos de incêndio no ano passado, o que resultou em uma queda na qualidade do ar e nuvens de fumaça sobre a capital e outros municípios do Estado. Este ano, com a previsão de uma seca tão intensa quanto a do ano passado, de acordo com o governo estadual, a preocupação é que a capital retorne a esta realidade.

Monitoramento feito pelo Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), analisado ontem, revela que a qualidade do ar caiu nas zonas Oeste, Sul e Leste. As análises do sistema foram acompanhadas por relatos nas redes sociais, que notaram diferença no ar da cidade. “É impressão minha ou o ar de Manaus já está com cheiro de fumaça?!”, indagou o vereador Rodrigo Guedes (Republicanos) na rede “X”.

Wesley Santos, morador do Parque Dez, Zona Centro-Sul de Manaus, relatou o odor por volta das 22 horas. “Foi quando eu verifiquei no Selva a qualidade do ar na capital estava piorando” relatou à CENARIUM. A influenciadora Karen Mabel também contou nas redes: “Hoje senti cheiro de fumaça quando eu acordei”, comentou.

Qualidade do ar realizada pelo Selva às 22 horas dessa sexta-feira, 21, em Manaus (Reprodução/Selva)

Análise realizada pela CENARIUM neste sábado, 22, retrata uma queda na qualidade do ar na região correspondente ao bairro Santo Agostinho, na Zona Oeste de Manaus, com indicadores de poluição “moderada”. Já no bairro Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste, o ar apresentou qualidade “péssima” por volta das 11 horas do mesmo dia.

Indicadores do ar na capital registrados na manhã deste sábado, 22 (Reprodução/Selva)

A CENARIUM questionou o Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM) sobre as ações contra os incêndios florestais pela região. A corporação disse que atua desde o início deste mês no combate a incêndios florestais.

O lançamento antecipado das operações neste ano faz parte do plano estratégico da corporação de monitoramento e combate das ocorrências deste gênero, que devem ter aumento na demanda em virtude da chegada do verão amazônico e da severa estiagem prevista para 2024″, afirmou, em nota.

De acordo com o órgão, entre os dias 3 e 21 de junho, 71 incêndios foram combatidos no Estado, sendo 38 na capital e 33 no interior. Dentre os municípios do interior, o maior quantitativo de incêndios combatidos foi registrado em Humaitá, que integra a região conhecida como “Arco do Fogo“, no Sul do Amazonas. 

No interior, a “Operação Aceiro 2024” realiza ações de combate aos incêndios no Sul do Estado e na Região Metropolitana de Manaus. Nesta primeira fase, militares da corporação foram enviados aos municípios de Humaitá, Apuí, Lábrea, Boca do Acre, Manicoré, Novo Aripuanã, Maués, Canutama, Tapauá, Careiro, Manaquiri e Autazes. Ao todo, a missão já conta com atuação de mais de 300 agentes, entre bombeiros, brigadistas e homens da Força Nacional. 

Na capital, a “Operação Céu Limpo” atua por meio do plano de contingência. Nela, as equipes de bombeiros respondem por ocorrência, também, no monitoramento estratégico dos focos, por meio dos painéis tecnológicos da Sala de Situação do Corpo de Bombeiros Militares do Amazonas (CBMAM).

Fumaça sobre o rio seco na estiagem de 2023 (Reprodução/Ricardo Oliveira)
Queimadas na Amazônia

Os índices de queimadas na Amazônia aumentaram significativamente em 107% nos cinco primeiros meses de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Neste ano, o bioma já registrou 10.647 focos de queimadas entre 1° de janeiro e 31 de maio, um aumento de 107% em relação ao mesmo período do ano passado e um número 131% superior à média dos três anos anteriores para este mesmo período. Em 2023, a capital atingiu o terceiro pior nível de ar no mundo. O nível atingido é considerado “perigoso à saúde”, segundo a IQAir, base de dados colaborativa que registra as condições do ar.

Bombeiro combatendo incêndio na vegetação amazônica (Reprodução/Ricardo Oliveira)
Leia também: https://revistacenarium.com.br/queimadas-na-amazonia-aumentam-107-em-2024-diz-estudo/
Preocupação com a seca

O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), realizou uma coletiva de imprensa no dia 9 de maio para divulgar as medidas que o Executivo deve tomar a respeito do período de seca previsto para a segunda metade de 2024. De acordo com o Painel do Clima, site de monitoramento do Estado, a previsão é que o nível dos rios atinja marcações tão baixas quanto o ano passado, o que resultou na maior estiagem dos últimos 100 anos.

Leia também: Governo do Amazonas prevê seca severa em 2024 e antecipa ações contra impactos
Tomada de drone do rio Negro no Porto do Cacau Pirêra, no município de Iranduba, em 2023 (Reprodução/Ricardo Oliveira)

Com o objetivo de mitigar os impactos, o governo anunciou a emissão de licenças ambientais junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) para a dragagem em quatro trechos de rios do Amazonas. Com a regularização, o processo deve ser iniciado antes do período crítico. “Estive junto ao governo federal expondo a preocupação que nós temos com relação à estiagem deste ano, que deve ser muito severa”, informou Wilson Lima.

De acordo com o governador, comunidades do interior e da capital poderão ter dificuldade de acesso a mantimentos e água potável devido ao recuo dos rios. Outro agravante é o comprometimento da atividade econômica no Estado, por conta da maioria das mercadorias ser transportada por meio fluvial. As secas também podem aumentar o número de ocorrências de queimadas e, como consequência, piorar a qualidade do ar.

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