Funai investiga pagamento de diárias a marido de coordenadora no AM


Por: Jadson Lima

18 de março de 2025
Funai investiga pagamento de diárias a marido de coordenadora no AM
A “apuração dos fatos” sobre Maria do Rosário Piloto, é coordenada pela corregedoria (Composição: Paulo Dutra/Cenarium)

MANAUS (AM) – A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informou à CENARIUM que apura o pagamento de diárias a Jhones Silva dos Santos, marido de Maria do Rosário Piloto, atual coordenadora da unidade da instituição na região do Rio Negro, no Amazonas. A apuração dos fatos é coordenada pela corregedoria.

A investigação foi iniciada após documento apontar que o marido da coordenadora, conhecida na região como Dadá Baniwa, recebeu cerca de R$ 2,3 mil de diárias, apesar de não compor o quadro de servidores da instituição. Consulta no portal da transparência mostra que os valores foram pagos em janeiro de 2024.

Servidora da Funai e o marido dela, que recebeu diárias (Reprodução/Redes Sociais)

De acordo com o ofício, Jhones dos Santos prestou serviços entre os dias 10 e 17 de janeiro do ano passado em uma ação realizada nas comunidades Maturacá, Ariabu e Maiá, dentro da Terra Indígena Yanomami. A contratação se deu por caráter urgente e teve como justificativa o grande volume de atividades executadas pela Coordenação Regional do Rio Negro (CR-RNG). Veja o documento:

Conforme o detalhamento da viagem, disponibilizado no portal da transparência pela Controladoria-Geral da União (CGU), a contratação foi necessária por causa da “recente confirmação de data pelos órgãos públicos participantes da ação”. Ofício enviado a um desses órgãos, no entanto, aponta que quem escolheu a data foi a CR-RNG.

A reportagem teve acesso a um ofício, encaminhado para o Instituto de Identificação do Amazonas Aderson Conceição Mello (IIACM) e assinado por Maria do Rosário Piloto, em 3 de janeiro de 2014, o qual mostra que foi ela que sugeriu as datas e pediu apoio institucional da instituição para a emissão de Carteiras Nacionais de Identidade (CINs) durante as ações sociais na TI.

“A Coordenação Regional do Rio Negro CR/RNG, vem por meio deste Ofício solicitar apoio desta referida Instituição para participar do mutirão de documentação básica para emissão de RG, para os indígenas nas comunidades Yanomami de Maturacá (São Gabriel da Cachoeira), Ariabu (Santa Isabel do Rio Negro) e Maiá (Santa Isabel do Rio Negro)”, diz trecho. Veja as datas sugeridas, sete dias antes do início da ação:

Em nota à CENARIUM, a Funai afirmou que “que tomou conhecimento da situação e encaminhou o caso à Corregedoria do órgão para a devida apuração dos fatos”. A instituição também disse que o “procedimento segue os trâmites previstos na lei, garantindo o direito à ampla defesa e ao contraditório, conforme disposto no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal”.

Esta reportagem procurou a coordenadora da Funai na região do Rio Negro (AM) para se manifestar sobre a matéria. Ela foi questionada sobre os critérios que teriam levado à CR-RNG a contatar o marido dela como prestador de serviço e quais foram as atribuições dele nas ações realizadas. Até o momento não houve retorno. O espaço segue aberto.

Leia mais: Servidora da Funai é suspeita de beneficiar marido em contratos de R$ 500 mil
Editado por Izaías Godinho
Revisado por Gustavo Gilona

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