Fundo eleitoral deve tornar campanha política de 2022 a mais cara de todas

Sessão do Congresso Nacional destinada à deliberação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Com informações do O Globo

RIO DE JANEIRO – Com o aumento do fundo eleitoral para o patamar de R$ 5,7 bilhões, aprovado pelo Congresso na quinta-feira, a campanha eleitoral do ano que vem deve se tornar a mais cara já realizada. O posto hoje pertence ao pleito de 2014, quando, em valores já corrigidos pela inflação, foram gastos R$ 6,3 bilhões pelos candidatos — o valor destinado pelos parlamentares para 2022 corresponde a 90% deste montante.

Como a legislação permite também o financiamento via fundo partidário e doações de pessoas físicas, a probabilidade de que o recorde seja ultrapassado é real. Em 2014, ainda havia a possibilidade de doação empresarial.

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Também como um exemplo de como os valores destinados pelos parlamentares vão na contramão do movimento que vigorou nas eleições de 2016, 2018 e 2020 — de barateamento de custos —, 11 dos 33 partidos devem receber em 2022 uma fatia superior a R$ 200 milhões, valor máximo destinado a uma sigla nas eleições do ano passado.

O novo fundo eleitoral reservaria, segundo cálculo do GLOBO, mais de R$ 1 bilhão a PT e PSL, já que a legislação prioriza repasses às maiores bancadas na Câmara. Chamado de “fundão”, o Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC) foi introduzido nas eleições de 2018, no valor de R$ 1,7 bilhão, para compensar o fim do financiamento empresarial, que se tornou malvisto após denúncias de corrupção, caixa dois e uso indevido desses recursos, trazidas pela Operação Lava Jato.

Executivos de empresas como JBS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, que figuraram entre as maiores doadoras da eleição de 2014, firmaram acordos de delação nos quais admitiram obter contrapartidas, como facilitações para obter contratos públicos. Marqueteiros como João Santana e Duda Mendonça — que atuaram em eleições presidenciais com o PT — e Renato Pereira, que chegou a atuar na pré-campanha de Aécio Neves (PSDB) em 2014 e coordenou vitórias do antigo PMDB no Rio, também foram alvos de investigações e fizeram acordos para devolver valores.

“É preciso olhar o teto de gastos das campanhas. Em 2018, o teto presidencial foi de R$ 70 milhões. Se corrigirem pela inflação, é menos problemático. Agora, se liberarem algo como R$ 300 milhões, voltaríamos ao tempo de fartura e doping eleitoral de 2014. O dinheiro distorce o resultado, é como uma vantagem adicional muito grande”, avalia o cientista político Murillo Aragão, da Arko Advice Pesquisas.

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