G20 Social: artistas paraenses usam arte e performance drag em protesto no RJ


Por: Fabyo Cruz

14 de novembro de 2024
A drag queen belenense Maria Bonita sendo pintada pela marajoara Bárbara Savannah (Tuane Fernandes/350.org)
A drag queen belenense Maria Bonita sendo pintada pela marajoara Bárbara Savannah (Tuane Fernandes/350.org)

BELÉM (PA) – Artistas paraenses chamaram a atenção para questões ambientais e sociais através de manifestações artísticas realizadas nesta quinta-feira, 14, durante o primeiro dia do G20 Social, realizado no boulevard Olímpico, zona portuária do Rio de Janeiro. O evento inédito, organizado pela presidência brasileira do G20, ocorre paralelamente à Cúpula do G20 – reunião de líderes das principais economias globais que acontecerá nos dias 18 e 19 de novembro, trazendo à tona temas urgentes como fome, desigualdade, sustentabilidade e governança internacional.

Bárbara Savannah, artista visual de Curralinho (PA), cidade localizada no Arquipélago do Marajó, participou, do protesto por meio da obra: Quatro painéis solares pintados com representações populares. A obra dela integrou a campanha “Energia dos Povos”, uma iniciativa conjunta do Observatório do Marajó, do 350.org, da Aliança de Juventudes por Governança Energética e da Rede Energia e Comunidades. As pinturas reforçam a necessidade de que a transição energética comece a partir dos territórios tradicionais e periféricos.

“A arte é uma possibilidade de chamar atenção e mostrar com cores e formas que as discussões feitas nesses fóruns não podem ser só números e teorias, precisam ter concretude e garantir o direito das pessoas na base”, defendeu Bárbara.

Bárbara Savannah, de Curralinho, no Marajó, pinta painel solar na Cúpula Social do G20 (Tuane Fernandes/350.org)

Um dia antes, Bárbara contou com o apoio da drag queen Maria Bonita, de Belém, que encenou uma performance, ilustrando as dificuldades da transição ecológica e o impacto das “promessas vazias” promovidas pelo G20 em relação ao petróleo.

“Representando o petróleo defendido e promovido pelo G20, mostramos que essas promessas vazias impedem a transição ecológica, o Bem Viver das populações tradicionais e o acesso a direitos e uma vida digna. A pintura da Bárbara resgata que o território é a energia dos povos!”, afirmou Maria Bonita, reforçando a importância de colocar os interesses das comunidades locais no centro das decisões energéticas.

O protesto foi acompanhado de faixas com reivindicações como a taxação de bilionários para financiar a transição energética e a reforma da política de Tarifa Social, uma das primeiras bandeiras da campanha “Energia dos Povos”.

Ativistas paraenses, incluindo drag queen Maria Bonita, marcaram presença na Cúpula Social do G20 com protesto artístico (Tuane Fernandes/350.org)

Outro momento importante da participação paraense ocorreu na mesa de discussão “A taxonomia sustentável brasileira: salvaguardas socioambientais e socioeconômicas num contexto de transição energética e ecológica”, que aconteceu na manhã desta quinta-feira. Vitório Santos, quilombola de Ponta Pedras, também no Marajó, representou a organização Observatório do Marajó e se uniu a membros do Ministério Público Federal (MPF) e de outras organizações, como o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), para debater os impactos socioeconômicos da transição energética.

Vitório Santos, de Ponta de Pedras, Marajó, participou de painel na Cúpula Social do G20 (Fernanda Damasceno/350.org)

Com mais de 200 atividades organizadas por entidades da sociedade civil de países do G20, a Cúpula do G20 Social foi concebida para integrar as vozes das populações diretamente no centro das decisões globais. Ao final do evento, um documento com as propostas será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reunindo as demandas de uma sociedade civil organizada e empenhada em influenciar políticas globais de forma inclusiva e sustentável.

Leia mais: G20 em Belém: performance artística alerta para transição energética justa
Editado por Jadson Lima

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