G7 concorda em eliminar energia movida a carvão, mas não define data para isso

Pilhas de carvão são vistas na usina termelétrica Hekinan, na região central do Japão (Foto: Yuka Obayashi/Reuters)
Com informações do Infoglobo

BERLIM — Ministros dos maiores países desenvolvidos do mundo concordaram nesta sexta-feira, 27, em gradualmente eliminar o uso de energia movida a carvão, no primeiro compromisso coletivo dos países do Grupo dos Sete (G7) neste sentido.

O compromisso assumido, no entanto, foi mais fraco do que o proposto em um rascunho do comunicado final visto pela Reuters, que incluía uma meta de acabar com a geração de energia a carvão até 2030.

No compromisso, publicado ao término de três dias de conversas do Grupo dos Sete (G7) em Berlim, o G7 concordou em descarbonizar em grande parte seus setores de energia até 2035 e interromper o financiamento público para projetos de combustíveis fósseis no exterior até o final deste ano, exceto em circunstâncias limitadas.

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“Nos comprometemos a alcançar um setor elétrico predominantemente descarbonizado até 2035 (…) e apoiar a aceleração da eliminação global do carvão”, diz o texto.

Para atingir esse objetivo, o grupo de países prometeu “acabar com o apoio público direto a projetos sem mitigação no setor de energia fóssil”, anunciaram os ministros.

O termo “sem mitigação” refere-se a projetos que não utilizam nenhuma técnica para compensar a poluição causada pelas emissões de dióxido de carbono.

G7 também diz que a crise energética provocada pela guerra Rússia-Ucrânia não deve inviabilizar os esforços para combater as mudanças climáticas.

Fontes familiarizadas com as discussões disseram que o Japão e os Estados Unidos indicaram que não poderiam apoiar o prazo de 2030.

O carvão é o combustível fóssil que mais emite CO2 e seu uso precisa despencar se o mundo quiser evitar o aquecimento catastrófico do planeta e os piores impactos das mudanças climáticas.

O G7 se reuniu em Berlim em um cenário de custos crescentes de energia e preocupações com o fornecimento de combustível devido à guerra na Ucrânia.

O conflito motivou alguns países a comprar mais combustíveis fósseis não russos e a queimar carvão para reduzir a sua dependência de suprimentos russos.

O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, disse em entrevista coletiva que é necessário pensar além da necessidade imediata de substituir a importação de combustíveis fósseis da Rússia.

“Deve ficar claro para nós que os desafios de nossa geração política, de limitar o aquecimento global, não desaparecerão se nos concentrarmos apenas no presente. O tempo está literalmente acabando”.

O comunicado assumiu um compromisso com um setor rodoviário altamente descarbonizado até 2030, incluindo o aumento significativo da venda e participação na frota em circulação de veículos leves de emissão zero.

O Japão também se uniu aos outros países do G7 (Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Reino Unido e Alemanha) em uma promessa de acabar com o financiamento público para projetos de combustíveis fósseis no exterior até o final do ano para ajudar a combater o aquecimento global.

Todos os países do G7, exceto o Japão, fizeram esta promessa na Cúpula do Clima (COP26) no ano passado, e ativistas disseram que seria uma mudança significativa se o Japão participasse da iniciativa.

“É bom que o Japão, que é o principal financiador de combustíveis fósseis no mundo, tenha se juntado aos outros países do G7”, comentou à AFP Alden Meyer, especialista do think tank europeu E3G.

O Japão forneceu US$ 10,9 bilhões para esses projetos em média por ano de 2018 a 2020, com a maior parte gasta em petróleo e gás, de acordo com análise da organização sem fins lucrativos Oil Change International.

“Se o Japão implementar esse compromisso com integridade, ele transferirá diretamente US$ 11 bilhões por ano de combustíveis fósseis para energia limpa e terá um impacto indireto muito maior, dada a influência do Japão sobre outros financiadores na Ásia e em todo o mundo”, disse Susanne Wong, diretora para a Ásia da organização Oil Change.

Ao abranger todos os combustíveis fósseis, incluindo petróleo e gás, o acordo vai além da promessa feita pelos países do G20 no ano passado de interromper o financiamento externo apenas para carvão.

O G7 também se comprometeu a tomar medidas ambiciosas contra a poluição plástica e aumentar os esforços nacionais para conservar ou proteger pelo menos 30% de suas próprias áreas costeiras e marinhas até 2030.

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