Garimpeiros do AM protestam após operação de combate ao desmatamento

De acordo com o coordenador regional do CNS, Dione Torquato, a atividade leva risco às populações tradicionais e ribeirinhas que vivem nessas áreas (Francisco Chagas)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Garimpeiros do município de Humaitá (a 561 quilômetros de Manaus, no Amazonas) realizaram uma manifestação na tarde deste sábado, 27, pelo retorno do extrativismo mineral, que começou a ser interrompido com o início da operação ‘Curuquetê 2’ e ‘Verde Brasil 2’, que combatem o desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia.

A operação exigiu desses trabalhadores licenças ambientais que legalizassem a extração e sem a documentação, os garimpos foram lacrados.

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A carreata deste sábado iniciou por volta das 16h, em uma praça da cidade e reuniu populares de motocicletas e bicicletas. O protesto foi acompanhado por policiais militares.

Para o coordenador regional do Conselho Nacional das Populações Extrativistas do Amazonas (CNS), Dione Torquato, manifestações da categoria são importantes quando vão de acordo com o princípio de desenvolvimento, ou seja, quando não geram impactos ao meio ambiente e têm um interesse coletivo.

Os protestos em Humaitá, no entanto, não têm apoio da instituição e ocorre de forma isolada, segundo Torquato.

“Não apoiamos essa classe de garimpeiros. Na nossa concepção, não tem extrativismo no garimpo sustentável, considerando os impactos tanto ambiental como social que ele traz para o território”, pontuou o coordenador à REVISTA CENARIUM.

O coordenador destacou, ainda, os malefícios ocasionados às populações tradicionais com a extração do ouro e as reivindicações constantes de famílias que vivem em território de extrativismo mineral.

“Com o minério, no caso do ouro, a qualidade de vida das famílias, os ribeirinhos, é prejudicada, principalmente pelo consumo da água contaminada”, disse.

Conforme Torquato, o município tem um histórico de manifestações em atos sobre o meio ambiente, como o caso de 2017, quando garimpeiros atearam fogo em prédios do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), após operação do Ibama apreender balsas usadas em um garimpo.

“Naquele episódio, existia uma demanda de que eram extrativistas, inclusive, extrativistas minerais, artesanais. E a gente sabe que o que estava por trás disso não eram as populações, não eram os pequenos agricultores, por exemplo. Existia um grupo de interesse e isso dificulta bastante”, enfatizou.

Operação contra desmatamento

A ‘Operação Curuquetê 2’, lançada na terça-feira, 23, no Sul do Amazonas e região metropolitana de Manaus, em parceria com a ‘Operação Verde Brasil 2’, do Exército Brasileiro, escolheu o município de Humaitá como base para planejamento.

As ações da segunda fase da ‘Curuquetê’, foram articuladas no Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento e Queimadas no Estado, que vai orientar a atuação dos órgãos ambientais entre os anos de 2020 até 2022 e impactou no garimpo local.

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