Garimpeiros são mortos a tiros em TI Yanomami de Roraima e família acusa Forças Armadas
Por: Winicyus Gonçalves
26 de setembro de 2023
Exército Brasileiro fechou garimpo ilegal em Roraima (CMA/Divulgação)
Wynicius Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia
BOA VISTA (RR) – Dois garimpeiros, identificados como Flavio Luiz, de 34 anos, e Daivid Lucas Serrão Sousa, de 15 anos, foram assassinados a tiros na região do Rio Uraricoera, na Terra Indígena Yanomami. A irmã de Flávio relatou as mortes em boletim de ocorrência no domingo, 24. A família das vítimas acusa militares das Forças Armadas pela morte dos garimpeiros. As Forças Armadas negam terem atirado nas vítimas.
Garimpeiros ocupam a Terra Indígena Yanomami há décadas e trazem, como consequência, destruição ambiental, casos de doenças e violência contra a população. Nos últimos anos, uma série de violações aos direitos dos indígenas foram registradas e, há um mês, a região enfrenta uma crise sanitária e humanitária sem precedentes. A crise fez o governo federal declarar emergência de saúde pública para enfrentar à desassistência sanitária no território Yanomami.
Mortes
As mortes aconteceram no fim da noite da última quinta-feira, 21. Os corpos foram encontrados dentro do rio, amarrados ao motor de um barco. À Delegacia Geral de Homicídios (DGH), a irmã de Flávio informou que os garimpeiros e um outro homem seguiam pelo rio em uma canoa, quando foram “interceptados pelas forças de segurança que estão operando na região”.
Segundo o relato da irmã, a canoa foi alvejada com vários tiros de fuzis. Durante a abordagem, o piloto da embarcação foi atingido por uma bala de borracha e fugiu para a mata. Após serem revistados, de acordo com o boletim, o homem e o adolescente foram mortos. A mulher informou que comunicou o caso à Polícia Federal (PF).
Na delegacia, o caso foi registrado como “homicídio qualificado por assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime” e “homicídio qualificado pela traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima“. Os corpos dos garimpeiros foram entregues ao Instituto de Medicina Legal (IML), em Boa Vista, por uma funerária, segundo a Polícia Civil (PC), na madrugada desta segunda-feira, 25.
Na manhã do mesmo dia, familiares das vítimas e outros garimpeiros se reuniram em frente à sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Boa Vista. O protesto foi organizado em conjunto com o Movimento Garimpo é Legal (MGL).
Familiares das vítimas e outros garimpeiros se reuniram em frente à sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Boa Vista (Foto: Divulgação)
Negativa
À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, a assessoria de imprensa do Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte informou que não houve nenhum confronto na data da última quinta-feira, 21, assim como na região de Palimiú.
“Sobre os questionamentos recebidos, envolvendo os dois corpos encontrados no Rio Uraricoera, o Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte informa que não houve confronto entre militares e garimpeiros com vítimas fatais na data e região mencionadas, e que a atuação das Forças Armadas são pautadas pelos princípios de legalidade e legitimidade”, complementa.
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