‘Garotas Espertas’: meninas recebem incentivo para ingressar no mundo da ciência e tecnologia
7 de outubro de 2021
As meninas participam de 12 curtas-metragens e interpretam grandes cientistas mulheres (Bruno Pacheco/ Cenarium)
Bruno Pacheco – Da Cenarium
MANAUS – Ingressar no mundo da ciência e tecnologia e estar à frente de iniciativas inovadoras não é algo mais longe de ser alcançado para as meninas do projeto “Garotas Espertas”, que busca fomentar a participação do público feminino nesse universo repleto de sabedoria e revolução. O programa foi lançado nessa quarta-feira, 6, em cerimônia realizada no Centro Cultural Palácio da Justiça, no Centro de Manaus, e traz 12 curtas-metragens e imagens de jovens atrizes interpretando grandes cientistas.
Promovido pelo projeto “Cunhantã Digital”, em parceria com a Casa de Artes Trilhares, o Garotas Espertas é estrelado por 12 atrizes mirins, entre 8 e 14 anos, que interpretam cientistas mulheres, com o objetivo de divulgar as realizações das pesquisadoras e para despertar o interesse de meninas pela área. Segundo Fabíola Nakamura, coordenadora do projeto Cunhantã Digital e professora do Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), as crianças passaram por um processo de grande aprendizado para atuarem nos papéis.
“As meninas participaram de uma audição, onde apresentaram uma história sobre uma mulher importante, e depois que foram escolhidas para participarem do projeto, passaram a estudar a vida e as contribuições de uma cientista para a sociedade. Posteriormente a isso, representaram essas cientistas e estrelaram esses 12 curtas”, contou a educadora, em entrevista à CENARIUM.
As cientistas homenageadas são: a matemática e escritora Ada Lovelace; a filósofa neoplatônica Hipácia; a cientista da computação, engenheira de software e empresária Margaret Hamilton; a astrônoma e a primeira executiva mulher da Nasa, Nancy Roman; a analista de sistema e pioneira da ciência da computação Grace Hopper; a matemática Dorothy Vaughan; a criptoanalista e numismatista Joan Clarke; a química Rosalind Franklin, a matemática e engenheira espacial Mary Jackson; a atriz e inventora Hedy Lamarr; a cientista da computação, projetista de software e engenheira de redes Radia Perlman; e a matemática, física e cientista espacial Katherine Johnson, cuja história foi o tema do primeiro episódio divulgado no lançamento do projeto.
Incentivo feminino
Para a pró-reitora de Inovação Tecnológica da Ufam e uma das fundadoras do Garotas Espertas, professora Tanara Lauschner, iniciativas como essas que visam incentivar crianças e adolescentes a ingressarem no mundo da ciência e tecnologia são de extrema importância para o desenvolvimento dessas meninas. Ela destaca que é gratificante ver a participação das jovens no projeto.
“Criar, ter novas ideias, ver a participação das meninas e saber que isso pode incentivar outras meninas a participarem é muito gratificante. A gente espera que com o Garotas Espertas e outras ações que o Cunhantã Digital tem, consigamos diminuir essa diferença entre a quantidade de homens e a quantidade de mulheres que temos nas áreas de Tecnologia de Informação (TI)”, frisou a pró-reitora.
A deputada Alessandra Campêllo, que angariou fundos para o projeto por meio de emenda parlamentar, destacou que estimular o público feminino faz parte de uma luta histórica da mulher para garantir espaço na sociedade.
“A nossa emenda contribuiu para a realização do projeto Garotas Espertas e faz parte de toda uma estratégia e luta das mulheres para garantir a nossa participação. A nossa vida é uma luta, um dia nós lutamos contra a violência doméstica, feminicídio, outros lutamos por espaço no mercado de trabalho, na academia, para incentivar as mulheres a participarem dos cursos de tecnologia e exatas. E esse projeto coloca, de forma didática, a participação das mulheres nas ciências e tecnologia”, afirmou.
A atriz, dramaturga e diretora de teatro Giese Rebelo, responsável pela dramaturgia dos curtas, declarou à CENARIUM que buscou elaborar um texto poético para a produção dos filmes e que fossem de fácil interpretação para as atrizes mirins e para o público, principalmente, por se tratar de crianças e adolescentes.
“A Fabíola trouxe essa proposta de mulheres que fizeram história, e ela queria algo mais poético. Dessa forma, tentei trazer algo mais poético e fazendo com que a escrita não fosse inalcançável para as meninas que lessem. Eu queria que elas se identificassem ao máximo e trouxessem características delas, coisas que elas se identificam”, enfatizou a dramaturga.
Paixão por Cinema e Ciência
A comerciante Rejane de Oliveira, mãe de Milyanne Thaumaturgo, de 12 anos, que interpreta a cientista espacial Katherine Johnson no primeiro episódio de Garotas Espertas, contou que a filha sempre teve o sonho de ser atriz. Emocionada, Rejane falou à CENARIUM que é uma alegria ver Milyanne participando do projeto. Ela conta ainda que não imaginava o quão grandioso representava a iniciativa.
“Não tínhamos ideia do quanto seria grandioso. É um projeto maravilhoso. São 12 garotas que se inspiram em mulheres cientistas, brilhantes. Tem sido uma experiência muito boa acompanhar o processo, ver ela evoluindo, estudando textos para atuar e hoje chorei muito porque o curta dela foi o da estreia. Estou muito emocionada e grata pela oportunidade”, realçou.
Já Milyanne, que pretende continuar estudando teatro e cinema e entrar numa faculdade de Cinema quando crescer, conta que fazer parte do projeto e gravar os curtas-metragens foi a melhor experiência da vida dela que ela nunca vai esquecer.
A autônoma Keize Farias é mãe da atriz-mirim Lara Maria Farias, de 8 anos, que interpreta a astrônoma Hipácia, em Garotas Espertas. Ela conta que a filha costumava fazer vídeos espontâneos em casa e viu que a menina também sonhava em ser atriz. Quando surgiu o projeto Garotas Espertas, Keize decidiu inscrever Lara para participar do projeto e mergulhar na vontade da filha.
“Ela fala que o sonho dela é fazer novela, em continuar sendo atriz. Eu e o pai dela apoiamos ela em tudo. Tudo o que ela faz, estamos sempre acompanhando. Como mãe, é só orgulho, pois ela é uma criança sempre carismática, educada e muito elogiada por onde passa”, disse Keize.
Garotas Espertas
O Garotas Espertas foi produzido dentro do projeto “Apoio para o incremento do quantitativo feminino em computação”, por meio do Programa Cunhantã Digital do Instituto de Computação da Ufam, parcialmente financiado pelo Programa de Apoio a Projetos Financiados por Emendas Impositivas (Proemend), do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), proposto pela deputada estadual Alessandra Campêlo (MDB).
Por conta da pandemia, as atividades do Garotas Espertas foram suspensas temporariamente em 2020, retornando apenas em junho deste ano. Segundo a professora Fabíola Nakamura, as crianças que fazem parte do projeto participarão de uma exposição sobre os curtas-metragens, que acontece entre os dias 12 a 24 de outubro, no Manauara Shopping, no bairro Adrianópolis, na zona Centro-Sul.
Os curtas têm participação de Rafaela Margarido na direção de produção, Ananda Guimarães na direção e preparação de elenco, a atriz Giese Rebelo na dramaturgia, Dávilla Hollanda na caracterização e maquiagem, a produtora Cara de Gatos Filmes na equipe audiovisual, Eduardo Nakamura como fotógrafo. As atrizes são: Ana Rosa Carvalhosa, Aadriya Pal, Ana Aurora, Ericka Thamilly, Fernanda Jardim, Gabriela Nakamura, Jullie Eduarda, Maria Clara Pimentel, Maria Carolina Zen, Lara Farias, Lara Margarido e Milyanne Thaumaturgo.
O projeto Cunhantã Digital teve início em 2015, na Ufam, com o objetivo de incentivar a presença de alunas do Ensino Médio nas áreas de computação, exatas e tecnologia, fazendo com que as meninas busquem formação necessária para uma carreira de sucesso no mercado científico e tecnológico.
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