Culinarista é eleita ‘Chef embaixadora do Amazonas’ na premiação nacional Dólmã de gastronomia

Manueli Andrade afirma que a premiação surge como um reconhecimento à carreira e ao trabalho que ela realiza na gastronomia (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Bruno Pacheco — Da Revista Cenarium

MANAUS — A gastrônoma e chef nortista Manueli Andrade foi eleita chef embaixadora do Amazonas pelo Prêmio Nacional Dólmã de gastronomia 2021. No ano passado, Manueli foi uma das inúmeras empresárias brasileiras impactadas com a pandemia da Covid-19 ao precisar fechar, temporariamente, o restaurante paraense Tupaiú, idealizado e fundado por ela em 2015. Ela conta que a premiação surge como um reconhecimento à carreira e ao trabalho que ela realiza.

“Esse prêmio é um reconhecimento pelo meu trabalho, pelo que eu construí aqui e pela carreira que tenho. Inclusive, fui convidada para participar do Mestre do Sabor [reality da emissora Rede Globo]. Não passei na seletiva, mas viram o meu trabalho e então soma na minha carreira”, disse Manueli, em entrevista, nesta segunda-feira, 20, à REVISTA CENARIUM.

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Manueli é especialista na culinária paraense (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Natural de Oriximiná, no Estado do Pará, a chef Manueli Andrade mora em Manaus há 13 anos e atua com a gastronomia há sete anos. Formada em Educação Física, a paraense conta que nunca imaginou que passaria a trabalhar na área, mas viu despertar o dom de cozinhar e decidiu se especializar na culinária amazônica e luta para ser uma das precursoras do movimento de valorização dos sabores da região.

“Sou especialista na culinária amazônica. Sem distinção de Estado! Minha inspiração vem da herança étnica e cultural que nos foi deixado e que, com conhecimento, dedicação e amor de nós, filhos desta terra, as manteremos vivas e em destaque sempre. Acredito que o bioma ‘Amazônia’ por si só já caracteriza o Estado do Norte, o Brasil e o mundo. Então, quando falamos sobre nossas riquezas naturais, abrimos um leque de biodiversidades, incluindo as raízes da mandioca, na qual tem mais de seis derivados e são consumidas desde a chegada de Cabral. Amo ser nortista, ser brasileira, enalteço isso e sou grata por nossas riquezas naturais”, declarou à CENARIUM.

A chef destaca que a avó paterna e a mãe sempre foram as maiores referências para ela, seja na cozinha ou na vida. “Mulheres guerreiras! Sou especialista na culinária amazônica e luto para ser uma das percursoras do movimento pela valorização de nossas raízes, sabores e cores! Dentre tantas surpresas que a profissão me deu, a melhor está acontecendo… Fui a chef campeã do Prêmio Nacional Dólmã 2021, com isso me tornei a chef embaixadora do Amazonas. Valorizo e amo os dons e habilidades que estiveram sempre em mim e os que eu ousei em descobrir, trilhando esta trajetória única. Este título e o prêmio são a resposta! Representar o Amazonas, tem sido uma honra para mim e prometo levar nossa cultura mundo afora e tendo a gastronomia como principal elo!”, reiterou Manueli.

A premiação

O Prêmio Nacional Dólmã é uma premiação que acontece desde 2014, reconhecendo o trabalho e dedicação dos profissionais que se destacam na área gastronômica e que contribuem com a história, cultura e economia dos Estados brasileiros. O concurso é realizado em duas etapas: a regional e a nacional. Manueli Andrade venceu a etapa regional e a tocantinense Ruth Almeida foi consagrada a melhor chef do Brasil pelo Prêmio Nacional Dólmã de gastronomia 2021. O evento aconteceu em 3 de dezembro, em Belém, no Pará.

O título de chef embaixador da gastronomia é uma honraria concedida aos chefs premiados com o Dólmã, considerado o prêmio máximo da gastronomia brasileira. Com a designação, os gastrônomos atuam como representantes oficiais dos seus Estados. O embaixador nacional representa o Brasil pelo País e o exterior.

Manueli Andrade é eleita embaixadora do Amazonas (Arquivo Pessoal/Reprodução)

“Anualmente acontece o Encontro Nacional de Chefs, um evento que sucede uma série de ‘encontros regionais’ em todos os Estados do Brasil. Durante os encontros regionais são realizados fóruns, seminários, palestras e um concurso que elege um chef representante de cada Estado para concorrer ao Prêmio Nacional Dólmã, ou melhor, ao ‘Oscar da gastronomia brasileira'”, explicou Manueli.

A gastrônoma destaca que para participar o chef precisa se inscrever indicado ao prêmio e/ou ser indicado por outro chef que já tenha participado do evento. Segundo ela, dependendo do Estado, são disponibilizadas de duas a três vagas, que concorrem em cinco etapas e passam pelo comitê de júris da gastronomia brasileira, onde são julgados para participarem.

Prêmio Nacional Dólmã é conhecido como o ‘Oscar da gastronomia brasileira’ (Arquivo Pessoal/Reprodução)

“O concurso premia um profissional de cozinha por Estado na categoria regional e um profissional na categoria nacional e passa por diversos critérios para decidir quem será o grande vencedor, como o júri popular, experiência profissional e histórico de carreira. No Estado do Amazonas, foi o chef Andrey Vasconcelos e eu. Fui a campeã por unanimidade e está sendo uma honra representar o Estado do Amazonas”, salientou a chef eleita embaixadora da gastronomia do Amazonas.

Tupaiú

Em 2020, a gastrônoma precisou encerrar, temporariamente, as atividades do restaurante especializado em comida paraense Tupaiú, que estava há seis anos no mercado. Em uma publicação nas redes sociais, a chef Manueli Andrade conta que o aumento dos custos dos insumos alimentares, a escassez de clientes e a fraqueza econômica do País foram o que motivou o fim do ciclo do estabelecimento.

“Quando vim para Manaus, tive muitos medos… Mas a certeza de grandes voos era muito mais viva em mim! Após seis anos atuando no ramo alimentício, ter que fechar as portas do Tupaiú tem sido muito doloroso. Contudo, quanto mais eu adiava essa partida, mais minha saúde e o emocional se cansavam. Então, tive que ter coragem de encarar o fim desse ciclo e de certa forma eu devia isso a vocês. Infelizmente, desde maio/2020 o cenário atual do nosso País não estava favorecendo o segmento que atuávamos. Por conta do custo dos insumos que só aumentavam (muitos até triplicaram de valor, que foi o caso do Jambu), a escassez de clientes e a fraqueza da nossa economia. Tenho orgulho do trabalho que fiz, da profissional que fui e do amor que coloquei aqui. Vou sentir saudades de encontrar clientes, amigos e colaboradores. Parentada, muito obrigada! Foi pai d’égua demais, dividir meu amor, minha energia e cultura com vocês. O Tupaiú vive, somos um só!”, publicou Manueli, nas redes sociais.

À REVISTA CENARIUM, a chef Manueli Andrade confirmou que o restaurante Tupaiú retorna ao cenário da culinária amazônida a partir de março de 2022.

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