Geraldo Alckmin se filia ao PSB, saúda petistas e diz que Lula é esperança do Brasil

O ex-governador Geraldo Alckmin em evento de filiação ao PSB, em Brasília (Pedro Ladeira/Folhapress)

Com informações da Folha de São Paulo

SÃO PAULO – O ex-governador Geraldo Alckmin filiou-se nesta quarta-feira, 23, ao PSB, após passar mais de 30 anos no PSDB, com a perspectiva de ser candidato a vice do ex-presidente Lula (PT), e afirmou que o petista representa a “esperança”.

“Temos que ter os olhos abertos para enxergar e a humildade para entender que ele [Lula] é, hoje, o que melhor interpreta o sentimento de esperança do povo. Ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia”, disse o ex-tucano.

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Além de fazer elogios ao ex-chefe do Executivo, Alckmin também lembrou as disputas eleitorais que teve com o petista.

“Alguns podem estranhar. Eu disputei com o presidente Lula a eleição, em 2006, e fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática, nunca. O debate era de outro nível, nunca se questionou a democracia”.

Na primeira entrevista como filiado ao PSB, o ex-governador de SP disse que o ingresso na sigla socialista representa “mais um passo” na articulação para ser vice de Lula. Apesar disso, afirmou que essas conversas são “partidárias” e que ainda há outras etapas a serem cumpridas até formalizar a chapa que disputará o pleito presidencial.

No discurso, logo após assinar a ficha de filiação, Alckmin iniciou saudando os “companheiros e companheiras” e também fez citação específica a integrantes do PT. “Saúdo a presidente [do PT], deputada Gleisi Hoffmann, abraçando todos os deputados, senadores e lideranças do PT”, disse.

Alckmin evitou responder ao questionamento sobre as posições econômicas de Lula, que já deu a entender ser a favor da revogação da reforma trabalhista e do teto de gastos, na contramão do que o ex-governador defendeu em 2018, quando foi candidato a presidente.

O novo integrante do PSB citou apenas que a gestão do ex-presidente reduziu a relação entre a dívida pública e o PIB e disse que isso é “um exemplo de responsabilidade fiscal”.

O ex-governador paulista migrou ao PSB sem levar políticos de peso ao novo partido, mas com o trunfo de garantir à sigla a cadeira de vice na chapa do ex-presidente Lula (PT). No discurso, ele lembrou seu histórico no PSDB e mencionou que a “social-democracia e o socialismo têm “origem quase comum”.

Ele também citou discurso em que Mário Covas, seu antecessor no governo de São Paulo, disse que, mesmo quando há divergências de ideias, o importante é ter “lealdade com o destino do País”.

Alckmin também fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), sem fazer citação nominal ao chefe do Executivo. “É inacreditável ter, em pleno século 21, negacionismo em vacina, em vacina para criança, logo no País com um dos melhores protocolos de imunização do mundo”.

O ex-chefe do Executivo paulista foi perguntado sobre como imagina que tem sido o sentimento de seus eleitores históricos, que são mais alinhados à direita, com a aproximação com o PT. Segundo o ex-governador, ele se manteve quieto nos últimos meses em que estava em negociação à filiação ao PSB e, agora, iniciará um processo de convencimento do eleitorado.

“Fiquei esse tempo todo sem falar, aguardando o momento adequado. Agora é que vamos começar a viajar, conversar, explicar, convencer de maneira respeitosa, mas mostrando a realidade que estamos vivendo e os riscos que o povo brasileiro está correndo”, disse.

​Ao celebrar a filiação de Alckmin, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o partido precisa estar “à altura dos desafios do Brasil” e fazer a “luta entre a democracia e o arbítrio”, em crítica à possibilidade de reeleição de Jair Bolsonaro (PL). “Precisamos alargar o espectro político”, afirmou Siqueira.

Alckmin também tem a missão de simbolizar o aceno do petista à centro-direita e ao eleitorado mais refratário à esquerda. Apesar de a filiação indicar que ele ocupará o posto de vice de Lula, consolidando a união das siglas, nacionalmente, há ainda entraves estaduais na aliança entre PSB e PT.

O principal deles diz respeito a São Paulo, uma vez que tanto o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) quanto o ex-governador Márcio França (PSB) pretendem disputar o Palácio dos Bandeirantes. O presidente do PSB, inclusive, fez questão de citar França e dizer que ele será o “próximo governador de São Paulo”. Há, ainda, imbróglios no Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Paraíba.

Nesta quarta, compareceram à filiação líderes do PSB, como os governadores Paulo Câmara (PE) e Flávio Dino (MA), o ex-governador Rodrigo Rollemberg (DF) e deputados. Do PT, estiveram a presidente do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e os senadores Rogério Carvalho (SE) e Paulo Rocha (PA), além de deputados federais.

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