Glauber segue em greve de fome e diz que não volta atrás na decisão
Por: Ana Cláudia Leocádio
11 de abril de 2025
BRASÍLIA (DF) – O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) chega a quase três dias de greve de fome, após ter o parecer pela cassação de seu mandato aprovado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, e disse que não voltará atrás em suas decisões. Na manhã desta sexta-feira, 11, o parlamentar recebeu atendimento médico, que constatou a perda de quase dois quilos, segundo nota emitida pela assessoria de imprensa do parlamentar.
Glauber é acompanhado por amigos, assessores e colegas parlamentares, e estava deitado no chão do plenário 15, no Anexo II, da Câmara, onde permaneceu desde que teve o parecer pela cassação aprovado. A esposa do parlamentar, a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP), também o acompanha e informou que já conta com ajuda de familiares, que chegaram a Brasília para ajudá-la nos cuidados com o filho do casal.
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A nova preocupação dos amigos do deputado é com a decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de liberar a votação remota nas sessões da próxima semana, quando haverá um esforço concentrado na votação de projetos. Há uma desconfiança de que isso possa ser uma estratégia para fazer o deputado desistir de continuar com o protesto.
Por enquanto, Glauber não dá sinais de desistência. “Não vou voltar atrás em nenhuma das minhas decisões. Meu ato de estar aqui, em greve de fome, é minha resposta. Sei que há muitas pessoas preocupadas com minha saúde, mas quero dizer que estou bem. Quando isso tudo vai parar? Quando parar a perseguição que estou sofrendo por dizer verdades que não queriam que fossem faladas”, afirmou o deputado em nota distribuída por sua assessoria.
Ainda nesta sexta-feira, ele participou de um ato de solidariedade à deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG), no Salão Verde da Câmara. Ela e outros indígenas foram atingidos por gás lacrimogênio e bombas de efeito moral, na noite desta quinta-feira, 10, ao final da marcha do Acampamento Terra Livre (ATL), em frente ao Congresso Nacional, em Brasília.

Na última terça-feira, 8, a maioria do Conselho de Ética aprovou o relatório do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que concluiu pela cassação do mandato do deputado, atendendo à denúncia formalizada pelo Partido Novo, feita em abril de 2024, após Glauber ter sido filmado expulsando das dependências da Câmara, com empurrões e chutes, o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.
Na ocasião, o deputado disse que não seria derrotado pelo “orçamento secreto” e voltou a afirmar que esse episódio foi utilizado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), porque ele denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os problemas com as emendas parlamentares sem transparência por parte do Congresso.
Sem chances de ter o parecer adiado ou recusado na votação do Conselho de Ética, Glauber tomou a decisão de fazer a greve de fome até que seja decidida sua situação. Ele prometeu ainda recorrer aos meios legais para tentar reverter o processo, com petições à Comissão de Constituição e Justiça da Casa e até mesmo judicializar o caso. Com o parecer aprovado pelo Conselho, cabe ao presidente Hugo Motta encaminhar para apreciação do plenário, quando votam os 513 deputados.