Golpe de 1964: 63% dos brasileiros desprezam data, diz Datafolha
30 de março de 2024
Um tanque de guerra (M41 Walker Bulldog) e outros veículos do Exército Brasileiro próximos ao Congresso Nacional, durante o Golpe de 1964 (Arquivo Público do Distrito Federal)
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO – A maioria dos brasileiros quer que a data que marcou o início de 21 anos de ditadura militar no país, o 31 de março de 1964, data do golpe militar, seja desprezado. Pensam assim, segundo o Datafolha, 63% dos ouvidos em 19 e 20 de março. Veem motivo para celebração 28%, e 9% não sabem responder.
Aos 60 anos de sua implementação num golpe promovido pelo Exército com apoio de setores da sociedade civil, a ditadura de 64 segue gerando polêmicas. As mais recentes devido à posição do presidente Lula (PT), ele mesmo um preso na ditadura, vista na esquerda como leniente sobre o período.
O governo protela a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos, num aceno aos militares. Lula disse recentemente que o regime militar “faz parte da história”, gerando protestos, e determinou que ministérios não façam alusões à data do golpe.
O Datafolha aferiu uma mudança na opinião do eleitor brasileiro nesta pesquisa. Na ocasião anterior em que propôs a questão, em abril de 2019, o instituto registrou 36% dos entrevistados afirmando que a data deveria ser celebrada, ante 57% que sugeriam o desprezo e 7% que não sabiam opinar.
Àquela altura, o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro (hoje no PL) estava no início de seu turbulento mandato. Ele havia sido eleito sem negar sua simpatia pela ditadura, que o fizera um personagem entre o folclórico e o sinistro no baixo clero da Câmara dos Deputados por quase 30 anos, e chamando o notório torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015) de seu ídolo.
Durante seu governo, ficaram famosas as notas do Ministério da Defesa sobre o golpe, como no texto de 2020 em que ele era citado como um “marco para a democracia”. Os textos buscavam relativizá-lo e colocá-lo no contexto da disputa global da Guerra Fria, em que os fardados alinhavam-se aos EUA contra a esquerda de inspiração soviética.
Festa nas ruas de Juiz de Fora (MG) para receber as tropas do general Olímpio Mourão Filho após o vitória do golpe militar de 1964 (Arquivo/Museu Mariano Procópio)
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