‘Golpe já em curso’, diz PGR sobre articulação de Bolsonaro com Defesa e Forças Armadas


Por: Marcela Leiros

02 de setembro de 2025
‘Golpe já em curso’, diz PGR sobre articulação de Bolsonaro com Defesa e Forças Armadas
O procurador-geral da República, Paulo Gonet (Antonio Augusto/STF)

MANAUS (AM) – O procurador-geral da República, Paulo Gonet, destacou, nesta terça-feira, 2, ao ler o parecer em que pede a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus julgados por tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), que as articulações que resultaram no 8 de Janeiro não se tratavam de meras conversas ou especulações sem consequências, mas de atos concretos praticados no mais alto nível do poder.

Julgamento dos réus por tentativa de golpe (Antonio Augusto/STF)

Gonet mencionou a reunião entre o então presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa na época, Paulo Sérgio Nogueira, e os comandantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), na qual foi discutido o golpe de estado, de acordo com as investigações da Polícia Federal.

Não é preciso esforço extraordinário intelectual extraordinário para reconhecer que quando um presidente da República, e depois um ministro da Defesa, convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de estado, o processo criminoso já está em curso“, disse Gonet.

Na avaliação de Gonet, a convocação da cúpula das Forças Armadas para discutir um documento de formalização de ruptura institucional já caracterizava o início do processo criminoso. O procurador-geral afirmou que a participação de autoridades que detinham o comando político e hierárquico da estrutura militar conferia aos atos um caráter de execução e não apenas de intenção.

Não se está, nesse caso, no ambiente relativamente inofensivo de conversas entre quem não dispõe de meios para operar impute. Quando o presidente da República e o ministro da defesa, se reúnem com os comandantes militares, sob a sua direção politica e hierárquica, para concitá-los a executar fases finais do golpe, o golpe ele mesmo já está em curso de realização“, declarou.

Paulo Gonet (ao fundo) e Alexandre de Moraes (Antonio Augusto/STF)
Julgamento

Na abertura do primeiro dia do julgamento, o ministro Alexandre de Moraes, relator da denúncia no STF, afirmou que “a soberania nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada e extorquida”.

Durante o discurso, Moraes citou o artigo 1º da Constituição Federal (CF), que estabelece a República Federativa do Brasil como um Estado Democrático de Direito, fundamentado na soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, além do pluralismo político.

Nesses momentos, a história nos ensina que a impunidade, a omissão e a covardia não são opções para a pacificação, pois o caminho, aparentemente mais fácil, só aparentemente, que é da impunidade, que é da omissão, deixa cicatrizes traumáticas na sociedade e corrói a democracia como, lamentavelmente, o passado recente do Brasil demonstra”, disse o ministro.

Os réus respondem pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, deterioração de patrimônio tombado, organização criminosa armada, dano qualificado e grave ameaça. O julgamento está dividido em oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.

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