Governador do Pará, Helder Barbalho espera contar com Trump na COP30


Por: Ana Cláudia Leocádio

20 de janeiro de 2025
Governador do Pará, Helder Barbalho espera contar com Trump na COP30
O governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, e o presidente dos EUA, Donald Trump (Composição de Weslley Santos/CENARIUM)

BRASÍLIA (DF) – O governador do Estado do Pará, Helder Barbalho (MDB), saudou, nesta segunda-feira, 20, a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e disse esperar contar com a presença do mandatário estadunidense na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), para discutir o futuro do planeta. O evento será realizado em Belém (PA), em novembro deste ano.

Presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal (CAL) e anfitrião da COP30, Barbalho fez o convite neste dia em que Trump toma posse como o 47º presidente dos EUA. “Os Estados Unidos são a maior potência econômica mundial, o maior parceiro do Brasil nas Américas. Saudamos a posse do presidente @realDonaldTrump e esperamos contar com sua presença na COP30 para discutir o futuro do planeta”, escreveu o governador.

Conhecido como negacionista dos efeitos das mudanças climáticas no planeta, o segundo mandato de Trump é aguardado com temor por ambientalistas, diante das ameaças de desmonte das políticas em favor do meio ambiente e do clima.

Em sua primeira gestão, o republicano retirou os EUA do Acordo de Paris, aprovado na COP21, em 2015, com o objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças. O país voltou a ser signatário do Acordo, na gestão de Joe Biden, que agora deixa a Casa Branca.

Quando esteve em Manaus, em novembro de 2024, Biden disse que iria deixar ao seu sucessor uma base forte de políticas para o clima. “Estou saindo da presidência em janeiro e vou deixar ao meu sucessor uma base muito forte, se eles decidirem seguir esse caminho. Alguns podem negar ou atrasar a revolução de energia limpa que vem acontecendo nos EUA, mas ninguém pode revertê-la”, declarou, após fazer um sobrevoo sobre a floresta. Na ocasião, ele oficializou o aporte de mais US$ 50 milhões (R$ 289,5 milhões) para o Fundo Amazônia.

Joe Biden no Museu da Amazônia em Manaus (Reprodução/Casa Branca)

“A pergunta é: qual governo vai impedir [essa revolução] e qual vai aproveitar essa imensa oportunidade econômica?”, questionou. Durante a visita, ele oficializou o aporte de mais US$ 50 milhões (R$ 289,5 milhões) para o Fundo Amazônia e ressaltou que “não é preciso escolher entre economia e meio ambiente”.

Cientista vê cenário desfavorável com Trump

Em artigo publicado no portal Infoamazônia, o cientista e professor titular e chefe do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, alertou para o que significará a gestão de Donald Trump para o meio ambiente e para a Amazônia.

“Com Trump, é provável que haja uma intensificação do uso de combustíveis fósseis, o que pode comprometer a transição energética dos Estados Unidos. Enquanto isso, o mundo já segue uma trajetória climática alarmante, com previsões de aquecimento médio de 3,1°C, muito além das metas estabelecidas para limitar os impactos das mudanças climáticas”, afirmou.

Queima de combustíveis fósseis (Ralf Vetterle/Pixabay)

Além da diminuição dos compromissos com acordos climáticos globais que salvaguardam as florestas, Artaxo também considera que haverá cortes nos fundos e no apoio financeiro a projetos de conservação.

“Espera-se um enfraquecimento dos mecanismos de monitoramento internacional do desmatamento, resultando em menor pressão sobre a prática do desmatamento ilegal. Tais mudanças também podem prejudicar parcerias comerciais que exigem compromissos ambientais, afetando acordos e relações comerciais sustentáveis, como o Fundo Amazônia”, ressaltou.

Belém se prepara para COP30

Em suas redes sociais, Helder Barbalho também atualiza seus seguidores sobre as obras de preparação de Belém para a COP30, que será realizada em novembro deste ano na cidade. As obras foram divididas nos eixos de infraestrutura urbana, mobilidade e saneamento.

Com apoio do governo federal, o município deve incrementar a oferta de leitos hoteleiros com a ancoragem de navios cruzeiros. As obras do Parque da Cidade, que será o palco principal do evento, já estão com os trabalhos 70% concluídos, segundo a Agência Pará de Notícias, do governo do Estado.

Segundo estimativas da Fundação Getulio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência. Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP”, formada pelas equipes da Organização das Nações Unidas (ONU) e delegações de países membros.

Obras da COP30, em Belém (Reprodução/Agência Pará)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já declarou que essa Conferência do Clima no Brasil será diferente de todas as outras. “Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito; outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim; outra coisa é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Agora, nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígena, vendo os indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”, declarou.

O Brasil espera reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global, mas há o temor de esvaziamento do evento pelas lideranças mundiais, estimulado por Trump, como ocorreu, em novembro de 2024, na COP29, em Baku, capital do Ajerbaijão.

Principais temas a serem discutidos na COP30:

  • Justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas;
  • Redução de emissões de gases de efeito estufa;
  • Adaptação às mudanças climáticas;
  • Financiamento climático para países em desenvolvimento;
  • Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono;
  • Preservação de florestas e biodiversidade.
Leia mais: Trump na presidência pode cancelar US$ 500 milhões para Amazônia
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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