Governador interino do Tocantins quer reduzir custos da gestão para 20% do orçamento
Por: Cenarium*
13 de setembro de 2025
PALMAS (TO) – O governador interino do Tocantins, Laurez Moreira (PSD), estabeleceu como meta reduzir os custos da administração estadual para 20% do orçamento anual, atualmente em torno de 30%. A iniciativa parte de um conjunto de ações voltadas à reorganização da máquina pública e foi anunciada em reunião com o novo secretariado, na quinta-feira, 11.
Vice-governador do Estado, Moreira assumiu o comando do Poder Executivo tocantinense após ato administrativo publicado no Diário Oficial, no último dia 3 de setembro, poucas horas depois de o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar o imediato afastamento do cargo do então governador Wanderlei Barbosa (Republicanos).
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De acordo com o governador interino, o objetivo dos cortes é aumentar o desenvolvimento econômico e a eficiência administrativa do Estado. “Cada secretário precisa ter muito cuidado com o custeio. Cada centavo economizado será um tijolo na construção de um Tocantins melhor. Queremos uma administração eficiente e transparente”, disse o governador.

Durante a reunião, Laurez reforçou que o atual custeio é percentual considerado elevado. “Quando reduzirmos 10% do custeio, estamos falando em cerca de R$ 2 bilhões a mais para investir”, disse. Ele também determinou a entrega de relatórios detalhados de despesas mensais, incluindo telefone, energia e combustível.
A meta é reduzir o custeio da administração estadual para 20% em até quatro meses. Além disso, foram determinadas auditorias em contratos e na folha de pagamento, assim como a reorganização das secretarias com foco em eficiência. O objetivo é assegurar que cada pasta forneça informações completas e detalhadas sobre suas despesas e atividades.
Laurez Moreira determinou, ainda, que a prioridade do governo será concluir obras iniciadas antes de lançar novos projetos. Ele destacou a importância de acompanhar o andamento de cada empreendimento, considerando passivos de cerca de R$ 120 milhões com empresas prestadoras de serviço.
O secretário da Fazenda, Jairo Mariano, reforçou a urgência na contenção de gastos. Até o dia 10, as despesas empenhadas superaram as receitas em R$ 53 milhões. “Estamos renegociando contratos e reduzindo a frota de veículos locados, cortando combustível e manutenção. Também renegociamos dívidas com o Banco do Brasil, que somam cerca de R$ 1,7 bilhão, buscando carência até 2027”, explicou.

Afastamento
Governador eleito do Tocantins, Wanderlei Barbosa é investigado por suspeitas de participação em um esquema montado para desviar recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19, de 2020 a 2021.
A Polícia Federal (PF) afirma ter reunido indícios de que os investigados se aproveitaram do Estado de emergência em saúde pública e assistência social, decretado em virtude da pandemia, para se apropriar de parte do dinheiro destinado ao Estado. Ainda de acordo com a PF, considerando apenas os contratos para a compra de cestas básicas e frango congelado, da ordem de R$ 97 milhões, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 73 milhões.

Por determinação do ministro do STJ Mauro Campbell, relator da investigação que tramita em segredo de Justiça, Barbosa e sua esposa, Karynne Sotero Campos, que respondia pela secretaria estadual Extraordinária de Participações Sociais, deixarão de exercer suas atribuições públicas por, no mínimo, 180 dias. Campbell também proibiu o casal de acessar prédios de órgãos públicos estaduais, incluindo o Palácio do Araguaia, sede do Poder Executivo de Tocantins, e a Assembleia Legislativa. As medidas cautelares impostas pelo ministro foram referendadas pela Corte Especial do STJ, por unanimidade.
Exonerações
Tão logo substituiu interinamente Barbosa, Laurez Moreira anunciou a exoneração de todo o primeiro escalão do Poder Executivo e a substituição dos cargos por pessoas de sua confiança. O Diário Oficial publicou 51 exonerações, incluindo a Procuradoria-Geral; os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros; as presidências dos institutos Natureza do Tocantins (Naturatins) e de Gestão Previdenciária (Igeprev), além das agências de Tecnologia da Informação (ATI-TO) e de Transportes, Obras e Infraestrutura (Ageto), entre outros órgãos.
Em sua primeira entrevista coletiva na condição de governador interino, Moreira anunciou que sua prioridade é resgatar a confiança da sociedade e dos investidores, conferindo mais transparência à gestão estadual.
“A falta de transparência abre espaço para a corrupção. O que queremos é justamente o contrário, um governo aberto, em que todos tenham acesso às informações e possam acompanhar cada passo da administração”, declarou Moreira.