Governo barra concurso público na Funai, mas aparelha órgão com familiares de servidores do alto escalão

Os homicídios de Bruno e Dom jogaram luz sobre o desmonte da fundação no Governo Bolsonaro (Thiago Alencar/CENARIUM)

Nepotismo

Denúncias de suposto nepotismo em contratações na Funai chegam à tona em meio à comoção com o assassinato do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Os homicídios jogaram luz sobre o desmonte da fundação no Governo Bolsonaro e sobre as ameaças sofridas por seus funcionários. “Há na Funai, hoje, um grave aparelhamento, com cargos sendo ocupados por pessoas sem nenhuma experiência com questões indígenas”, critica o presidente da Indigenistas Associados (INA), Fernando Vianna, que destaca também o alto número de militares nomeados. As servidoras Laísa de Souza, Bianca Martínez e Isabella Michelon começaram a trabalhar na Funai entre 2020 e 2021 e têm outra característica em comum: familiares em cargos importantes do órgão.

Favorecimento

A suspeita de favorecimento nas contratações chega até o altíssimo escalão, já que uma delas foi assessora da Presidência, ocupada pelo delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier. Com salário de R$ 10.831, Laísa é enteada de Álvaro Simeão, procurador-chefe da Procuradoria Federal Especializada junto ao órgão indigenista. A ONG Repórter Brasil apurou que nenhuma das nomeadas tinha experiência com questões indígenas quando foram contratadas, sem concurso público, mesmo ocupando cargos em áreas como etnodesenvolvimento e demarcação de territórios. Vale lembrar que a gestão do presidente Jair Bolsonaro vem barrando a realização de concursos para a Funai.

Moro no Senado

A pesquisa eleitoral no Paraná, que deu Sergio Moro (União) na frente de Álvaro Dias (Podemos), na disputa pelo Senado, animou o ex-juiz. O problema é que ele deve desbancar o senador do Podemos, que foi um de seus principais aliados na política. Álvaro Dias foi o responsável por levar Moro para o Podemos e sempre foi um dos maiores entusiastas da Lava Jato. Agora, será derrubado pelo aliado em sua tentativa à reeleição. Este ano, cada Estado elege apenas um nome ao Senado. Já Rosângela Moro deve concorrer a deputada federal, em São Paulo, uma vez que não foi atingida pela medida do TRE sobre domicílio eleitoral.

PUBLICIDADE

Braga Netto na vice

A ala política do comando de campanha à reeleição de Bolsonaro, leia-se Centrão, não digeriu ainda a fala do presidente de que confirmará o general Walter Braga Netto como candidato a vice na sua chapa. Para este segmento, que defendia o nome da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina ao lado de Bolsonaro presidente, Tereza “soma mais por ser mulher e dá um tom mais civil ao governo”. A avaliação entre esses aliados é de que, com essa decisão, Bolsonaro perde a oportunidade de criar um “fato novo”, que poderia balançar favoravelmente a campanha e influenciar as pesquisas. No entanto, para este grupo, o presidente – que vê fantasmas em todos os cantos – acabou insuflado e cedendo às neuroses do seu entorno ideológico.

Ofensiva contra CPI do MEC

Cresce a pressão sobre o governo para a instalação da CPI no Senado. As avaliações são de que a oposição está ganhando a retórica política. Apesar das conversas com o presidente do Senado e da mobilização dos parlamentares com a eleição, que tirariam o fôlego de uma CPI, Bolsonaro não sabe o quanto pode contar com Rodrigo Pacheco. À oposição, ele teria dado sinais de que poderia abrir a CPI. A integrantes do governo, deixou espaço para negociações, já que o Congresso está prestes a entrar em recesso para as campanhas eleitorais. A estratégia do Planalto é investir contra a CPI, com a retirada de assinaturas, já que o quórum para a abertura das investigações foi alcançado.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.