Governo do AM e Suframa rebatem críticas de colunista sobre incentivos à Zona Franca
Por: Fred Santana
11 de novembro de 2025
BELÉM (PA) – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) reagiram às críticas publicadas na coluna “COP em Belém e bilhões para ar-condicionado em Manaus”, assinada pelo professor e escritor Bruno Carazza, e veiculada no Valor Econômico, nessa segunda-feira, 10.
As autoridades classificaram o conteúdo como uma “visão distorcida e unilateral” sobre o papel da Zona Franca de Manaus (ZFM), especialmente em temas ligados à sustentabilidade e ao combate ao aquecimento global.
À CENARIUM, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém (PA), Wilson Lima criticou a abordagem do Valor Econômico e classificou a Zona Franca de Manaus como um dos projetos mais exitosos de desenvolvimento econômico, social e ambiental do País. “No momento em que a gente gera emprego, gera renda, diminui a pressão sobre a floresta”, declarou.
Lima ainda ressaltou que as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) não estariam em Manaus nem no Brasil sem os incentivos fiscais, e que a renúncia fiscal da ZFM representa uma parcela mínima do total nacional.

“Quem faz esse tipo de crítica não conhece a realidade de quem vive aqui, onde as riquezas e os benefícios do país são concentrados no Sul e Sudeste, enquanto o Norte e o Nordeste são esquecidos”, disse o governador.
Segundo ele, o modelo é indispensável porque não há outro formato de desenvolvimento capaz de gerar a mesma quantidade de empregos e renda no Amazonas, ao mesmo tempo em que mantém a floresta preservada.
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O secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, também rebateu as afirmações do jornal e defendeu que o modelo da Zona Franca funciona como pagamento por serviços ambientais.
“Não há subsídios para a Zona Franca de Manaus. Na minha avaliação, a gente deveria chamar esses subsídios de pagamento pelo papel da Zona Franca de Manaus em fazer com que a floresta seja conservada”, afirmou Taveira.

Ele destacou que o Amazonas mantém 97% da sua cobertura florestal preservada e que o modelo é essencial para sustentar o equilíbrio entre economia e meio ambiente. O secretário também disse que a bioeconomia e o polo industrial podem coexistir, e que o governo prepara o Plano Estadual de Bioeconomia para fortalecer arranjos produtivos no interior.
“É possível, sim, a partir da Zona Franca de Manaus, criar mecanismos que impulsionem a bioeconomia, usar o know-how industrial que a gente tem para fazer com que os recursos da floresta sejam o promotor de uma nova onda de desenvolvimento”, completou.
Suframa reage
Em nota à imprensa, a Suframa afirmou que a reportagem do Valor Econômico “falha ao não reconhecer o principal e inegável papel da ZFM: a preservação da floresta em pé”. Segundo o órgão, o modelo industrial de Manaus é um instrumento de desenvolvimento socioeconômico sustentável, que evita o avanço do desmatamento na Amazônia ao concentrar a atividade produtiva em uma área urbana e controlada.
A autarquia também contestou a ideia de que a renúncia fiscal da Zona Franca represente um custo sem retorno para o País. A nota destaca que o Amazonas está entre os Estados que mais arrecadam impostos federais em proporção ao PIB, citando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontam participação de 16,08% em 2022, ficando atrás apenas do Espírito Santo e de Santa Catarina.
O texto acrescenta que, de acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 62% da renúncia fiscal nacional está concentrada nas regiões Sudeste e Sul, enquanto o Amazonas devolve mais do que recebe em benefícios, com um percentual de 1,74%.
Sobre as críticas à produção de aparelhos de ar-condicionado no Polo Industrial de Manaus (PIM), a Suframa justificou que a concentração de indústrias de refrigeração e eletrônicos resulta de um modelo de compensação fiscal voltado à atração de empresas de alta tecnologia. A autarquia também lembrou que, em 2023, foram investidos R$ 1,48 bilhão em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) por meio da Lei de Informática.
A instituição encerrou a nota reafirmando seu compromisso com a modernização do modelo ZFM, amparado constitucionalmente até 2073, e descreveu o projeto como uma “âncora de preservação ambiental e farol de sustentabilidade para o Brasil e o mundo”.