Governos da Amazônia se calam sobre aumento de 68% no desmatamento


Por: Beatriz Araújo

24 de fevereiro de 2025
O desmatamento na Amazônia Legal teve um aumento de 68% em janeiro de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
O desmatamento na Amazônia Legal teve um aumento de 68% em janeiro de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

MANAUS(AM) – O desmatamento na Amazônia Legal teve um aumento de 68% em janeiro de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo assim, os governos dos Estados que lideram o ranking de desmatamento se calaram sobre a destruição florestal. Nesta segunda-feira, 24, a Revista Cenarium solicitou esclarecimentos aos poderes executivos do Mato Grosso, Roraima e Pará, mas não houve respostas.

Atingindo 133 km² de área desmatada, a Amazônia teve a sexta maior área desmatada para o mês de janeiro de 2025, sendo 68% maior do que o mesmo período de 2024. A extensão da destruição equivale a mais de 400 campos de futebol devastados por dia. Os dados foram divulgados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon.

No mesmo levantamento, é possível ver que o Mato Grosso liderou o ranking de devastação em janeiro deste ano, com 45% do total desmatado, seguido pelo estado de Roraima, com 23%, e pelo Pará, com 20%. Juntos, os três estados somam 88% da área desmatada registrada na Amazônia.

Segundo os pesquisadores do Imazon, os índices de desmatamento servem como um alerta para as autoridades desenvolverem e fortalecerem ações de monitoramento na região, intensificarem a fiscalização, ampliarem as operações de combate aos crimes ambientais e fortalecerem políticas que incentivem a proteção e o uso sustentável da floresta.

A CENARIUM procurou as secretarias de Meio Ambiente do Mato Grosso, Roraima e Pará para saber quais medidas estão sendo adotadas para frear o impacto do desmatamento nesses estados. Porém, até o fechamento desta matéria, os Executivos não se posicionaram.

Roraima contra a Funai

Essa não é a primeira vez que os Estados se opõem a medidas que poderiam contribuir para a redução do poder dos órgãos fiscalizadores. No início do mês de fevereiro, o senador de Roraima, Mecias de Jesus (Republicanos-RR), apresentou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) no Senado Federal para suspender a regulamentação do poder de polícia da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Na justificativa do PDL 50/2025, o parlamentar de Roraima afirma que a regulamentação do poder de polícia da Funai apresenta “uma série de inconstitucionalidades e ilegalidades que comprometem a segurança jurídica” e que a medida “foi publicada sem a consulta das comunidades indígenas”.

Além do senador Mecias de Jesus, o senador Dr. Hiran (Progressistas-RR) também apresentou um PDL no Senado Federal para suspender a regulamentação do poder de polícia da Funai e afirmou que a medida da União “permite que a Funai atue em áreas que já são de competência de outros órgãos ambientais, como o Ibama”.

Leia mais: Governo federal vai montar estrutura para acolher deportados dos EUA
Editado por Izaías Godinho
Revisado por Gustavo Gilona

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO