Grande Belém tem 30 agentes de segurança pública baleados em 2024


Por: Fabyo Cruz

11 de outubro de 2024
Grande Belém tem 30 agentes de segurança pública baleados em 2024
Policiais militares do Pará em formação no quartel (Reprodução/PM-PA)

BELÉM (PA) – Um total de 30 agentes de segurança pública foram vítimas de disparos de arma de fogo na Região Metropolitana de Belém (RMB), entre janeiro e outubro de 2024, levando à morte de 20 deles e deixando dez feridos. Os dados, coletados pelo Instituto Fogo Cruzado, indicam que mais da metade desses ataques ocorreu quando os agentes estavam de folga.

“Das praças que cobrimos — Pará, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro —, apenas a Região Metropolitana do Rio de Janeiro registrou mais vítimas agentes de segurança pública do que a RMB, ou seja: proporcionalmente nossos números são muito altos e preocupam”, diz Eryck Batalha, coordenador do Instituto no Pará.

Dos 18 baleados em tais circunstâncias, 13 morreram e cinco ficaram feridos. Além dos agentes ativos, houve registros de violência contra aposentados ou exonerados: seis morreram e um ficou ferido. Em contraste, os quatro agentes que estavam em serviço no momento das ocorrências sobreviveram. Um agente teve sua condição de serviço não identificada no levantamento.

“O Anuário de Segurança Pública destaca, inclusive, aumento de cerca de 17,6% na vitimização de agentes fora de serviço no Pará, entre 2022 e 2023. Trata-se de um cenário que merece a atenção pública e a ação do Estado. Cada região possui características particulares e dinâmicas próprias que devem ser medidas em dados e na produção de conhecimento qualificado, indispensáveis para pensar em soluções contextualizadas e localizadas”, ressaltou Eryck.

Eryck Batalha, coordenador do Instituto Fogo Cruzado no Pará (Divulgação)

A corporação mais afetada foi a Polícia Militar, com 19 agentes baleados, resultando em dez mortos e nove feridos. A Polícia Penal registrou seis agentes baleados, com cinco mortos e um ferido. Guardas municipais também foram vítimas, com três mortos. Outros registros incluíram a morte de um oficial da Marinha e um policial civil.

O caso mais recente ocorreu no bairro do Jurunas, onde Odilson Pereira Carvalho, aposentado da Marinha de 63 anos, foi assassinado em frente à residência dele, na Rua Osvaldo de Caldas Brito. A vítima foi executada quando chegava em casa para almoçar. Moradores contaram que os assassinos estavam em uma motocicleta e o garupa chegou abordando Odilson, efetuando cerca de dez disparos de arma de fogo quase à queima-roupa, matando o aposentado na hora.

Alta letalidade

Eryck Batalha afirmou que os dados refletem uma tendência crescente de vitimização de agentes na RMB, dentro de um contexto de alta letalidade policial. “Os efeitos disso só conhecemos e sentimos, mas as causas ainda são turvas e abrem espaço para investigações pelo Estado e Academia, com envolvimento da população, para que possamos pensar em soluções profundas”, afirmou.

Batalha também ressaltou que a vulnerabilidade dos agentes não se limita aos momentos em que estão fardados, mas pode se intensificar quando estão fora de serviço. “As motivações não apresentam padrões facilmente identificáveis, mas a dinâmica de ocorrências letais quase sempre envolve ataques rápidos e com pouca chance de defesa”, acrescentou.

Ações e políticas públicas necessárias

O coordenador do Instituto Fogo Cruzado enfatizou a importância de ações estratégicas das forças de segurança do Estado e do município para reduzir a letalidade. Ele defendeu políticas públicas que fortaleçam as instituições, controlem a entrada e circulação de armas e ofereçam condições de trabalho focadas na prevenção da violência. “Uma política pública que fortaleça as instituições, controle a entrada e circulação de armas no Estado e ofereça condições de trabalho cada vez mais alinhadas à prevenção da violência, ajudarão a diminuir a vulnerabilidade dos agentes e as chances de ataques”, concluiu.

Leia mais: Grande Belém teve 323 pessoas baleadas até metade do ano; 13% atingidas em casa
Editado por Adrisa de Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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