Greenpeace atribui a JBS de descumprir acordo sobre impactos causados ao meio ambiente

Gado criado dentro do Parque Estadual Serra de Ricardo Franco (MT), onde a atividade não é permitida, chega ao mercado do mundo todo por meio de vendas indiretas. (Ednilson Aguiar/Greenpeace)

Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium

MANAUS – O sistema global de agricultura industrial alimenta a emergência climática e destrói a biodiversidade. Além, de corroer a saúde pública e negar os direitos humanos dos trabalhadores e das comunidades em torno é o que aponta o relatório sobre os impactos da indústria da carne no meio ambiente, incluindo críticas a indústria JBS por descumprir compromisso com a exclusão de áreas desmatadas em sua cadeia de produção, divulgado pela Organização Não Governamental Greenpeace Internacional, nesta quarta-feira, 5.

De acordo com a ONG a economia industrial da carne – incluindo a produção de ração animal, bem como a criação e processamento de animais – é particularmente responsável por esses impactos causados ao meio ambiente.

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A pesquisa faz parte de campanha do Greenpeace Reino Unido contra a rede de supermercados Tesco, que determina que a corporação suspenda a comercialização de produtos das empresas acusadas de envolvimento na destruição da Amazônia e do cerrado brasileiro. O relatório aponta ainda que a JBS, líder mundial de proteína animal, possui um “atraso inaceitável” em honrar a promessa de não contribuir mais para o desmatamento e de reduzir drasticamente a quantidade da venda de carne até 2025.

A analise ressalta também que a JBS, assim como, outros frigoríficos se comprometeram em 2009 a zerar o desmatamento de sua cadeia de suprimentos em até dois anos, o que incluía não ter nenhum fornecedor, direto ou indireto, que trabalhasse em áreas desmatadas da Amazônia. As empresas também prometeram não contribuir com invasões de terras indígenas e áreas protegidas.

Em nota, a JBS reafirmou seu compromisso com o fim do desmatamento em toda a sua cadeia de suprimentos. A empresa diz que tem “ liderado o setor em medidas para aprimorar a rastreabilidade da cadeia de suprimentos” e trabalhado “em colaboração com órgãos governamentais nacionais e regionais para desenvolver soluções.

Entenda o sistema da indústria da carne

A produção de carne em escala industrial, que inclui a abertura de terras para a produção de carne bovina e o cultivo de soja como ração animal, é o maior impulsionador do desmatamento em todo o planeta.

A sociedade exige ação

O Greenpeace afirma também que as queimadas usadas para expandir a linha do desmatamento para produção pecuária e de grãos está consumindo a floresta, neste momento. Em junho, a Amazônia teve o maior número de focos de queimadas e incêndios florestais desde 2007, enquanto o desmatamento na região nos meses de maio, junho e julho também já são maiores em comparação com o mesmo período do ano passado.

Foco de calor direto em floresta, próximo a área recém desmatada, com alerta Deter, em Alta Floresta (MT). (Christian Braga/ Greenpeace)

Mesmo com o recente Decreto 10.424, de 15 de julho de 2020, que estabelece a proibição de uso do fogo nos Biomas Amazônia e Pantanal por 120 dias, 15 dias após a publicação do Decreto, a Amazônia registrou 1.007 focos de calor em um único dia, sendo este o pior índice desde 01 de janeiro de 2020, evidenciando que a Moratória do governo é medida totalmente insuficiente.

Esses incêndios liberam milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, acelerando as mudanças climáticas. Eles também matam a vida selvagem, causam dificuldades respiratórias e problemas de saúde a longo prazo para milhões de brasileiros e ameaçam a existência de povos indígenas. Além disso, quanto mais floresta se perde, maior o risco de futuras pandemias.

(*) Com informações da assessoria

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