Grupos sociais questionam falta de serviço público para receber a COP30
19 de julho de 2023
A secretária adjunta da Secretaria-Geral da Presidência da República, Tânia Oliveira, representou o governo federal na reunião (Eliete Ramos/Sudam)
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium
BELÉM (PA) – A menos de um mês para a Cúpula da Amazônia, que ocorrerá nos dias 8 e 9 de agosto, em Belém (PA), mais de 50 movimentos sociais do Pará discutiram na tarde desta quarta-feira, 19, no auditório da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), a realização do Diálogos Amazônicos, evento que antecede a Cúpula, com a participação da sociedade civil, entre os dias 4 e 6. Entre os assuntos debatidos na reunião, esteve a falta de serviços públicos na periferia de Belém.
“Atualmente, moro no Tapanã, um bairro afastado do centro de Belém, onde a limpeza urbana não chega. Vemos que os governos federal, estadual e municipal estão investindo na COP30, mas eu quero saber, como vamos receber essa COP se não conseguimos levar nem o básico para as nossas periferias? Até quando vamos mascarar a ausência da gestão pública nas comunidades periféricas? Não temos limpeza, opções de lazer, faltam creches e postos de saúde. Fico muito feliz que a COP está chegando, mas desejo que, antes de tudo, a gente faça um dever de casa independente da COP”, questionou Cíntia Monteiro, do Grupo de Mulheres do Brasil.
Mais de 50 movimentos sociais participaram da reunião no auditório da Sudam (Eliete Ramos/Sudam)
A coleta de resíduos sólidos também foi assunto da tarde. A catadora Maria do Socorro Ribeiro, da cooperativa de coleta seletiva Filhos do Sol, disse que os catadores estão cansados de trabalhar para a Prefeitura de Belém de graça.
“Queremos ser contratados, para assim, sermos pagos pelo trabalho que exercemos hoje na cidade. Cada cooperativa e associação tira toneladas das ruas de Belém. Nós, catadores, fazemos um trabalho de formiguinha, mas é nossa fonte de renda. Além de não recebermos por isso, ainda concorremos com grandes empresas que podem pagar pelos materiais reciclados. É a nossa profissão, queremos ser pagos pelo nosso trabalho, não queremos mais trabalhar de graça!”, reclamou Ribeiro.
Demandas recebidas
O governo federal participou da reunião a fim de dialogar com os militantes, por meio da secretária adjunta da secretária-geral da Presidência da República, Tânia Oliveira. Para ela, ouvir os movimentos sociais na preparação dos eventos de agosto são importantes para tratar da Amazônia sob a ótica local.
“Os problemas da Amazônia são muito próprios da região. Então, somente os amazônidas podem relatar com maior precisão e legitimidade essas questões. E, por isso, estamos aqui”, disse Tânia.
A secretária anunciou na reunião que já solicitou à prefeitura de Belém que a limpeza do Hangar Centro de Convenções, sede dos Diálogos e Cúpula, seja feita pelos catadores da capital paraense.
Diálogos Amazônicos
O evento contará com seminários, debates, exposições e manifestações culturais e vai reunir representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países amazônicos com o objetivo de pautar a formulação de novas estratégias para a região.
Haverão cinco sessões plenárias que devem gerar relatórios a serem apresentados por cinco representantes da sociedade civil aos líderes dos países amazônicos, durante a Cúpula, no dia 8 de agosto.
Presente na reunião de hoje, o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Flávio Barros, PHD em Biologia da Conservação e consultor do evento, afirma que a interação dos governos com os movimentos sociais é essencial para a Cúpula.
“O Diálogos Amazônicos tem como fundamento discutir o futuro da Amazônia, o que a gente quer para a nossa região e com quais políticas públicas se quer, que modelos de desenvolvimento, quais as ideias e os caminhos. Então, não se faz isso sem escuta, sem participação social. Portanto, é fundamental que o governo ouça e considere essas demandas colocadas pelos movimentos sociais, porque senão a gente vai continuar a viver numa Amazônia pensada de fora e a gente quer pensar de dentro”, considera Flávio Barros.
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