Guerra: preços dos combustíveis batem recorde em Portugal e população faz fila para abastecer

Com as subidas de 14,5 cêntimos de euro no diesel e € 0,85 na gasolina, os preços por litro chegam a €1,90 (R$ 10) e €1,88, respectivamente (Imagem de Arquivo/Agência Brasil)

Com informações do InfoGlobo

A população de Portugal acelerou rumo aos postos de gasolina e filas de veículos foram formadas no fim de semana. Foi uma corrida para abastecer o tanque antes do aumento semanal recorde nos preços dos combustíveis, programado para hoje.

Com as subidas de 14,5 cêntimos de euro no diesel e € 0,85 na gasolina, os preços por litro chegam a €1,90 (R$ 10) e €1,88, respectivamente. É a décima semana seguida de reajustes em Portugal. Desta vez, foram apontados por especialistas do setor como os “maiores de sempre”. Apenas em 2012 os preços estiveram tão altos.

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Ao apresentar um pacote de medidas de apoio do governo para tentar amenizar o impacto no bolso da população, o ministro das Finanças, João Leão, ressaltou o efeito da invasão da Ucrânia pela Rússia no preço final.

“A invasão da Ucrânia pela Rússia agravou muito significativamente os preços da energia e, em particular, dos combustíveis. A atual escalada de preços é uma consequência desta guerra”, disse Leão, na última sexta-feira, em coletiva.

A invasão da Ucrânia elevou o preço do barril de Brent, referência no mercado europeu. Há o receio de a oferta ser reduzida após uma possível interrupção na exportação do petróleo russo. 

Apesar de o conflito influenciar a cotação do barril e o preço final, os consumidores portugueses também pagam caro devido ao peso dos impostos sobre os combustíveis.

O governo arrecada até € 0,66 (gasolina) por litro com o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP). E cobra 23% de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA). Dados da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos informam que é de 57% a carga fiscal no preço médio, acima dos 53% da União Europeia.

Diante da escalada, o governo anunciou cinco medidas de apoio no total de € 165 milhões. Entre elas está a subida do desconto de um voucher para abastecimento, que passa de € 5 para € 20 em março.

O executivo também irá cortar dois cêntimos de euro do ISP até junho e aumentará para € 0,30 por litro o subsídio dos táxis e ônibus. E subirá o apoio individual para compra de veículos elétricos de € 3 mil para € 4 mil.

Também decidiu destinar € 150 milhões do Fundo Ambiental para reduzir a tarifa de acesso dos consumidores à rede elétrica nacional.

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A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis criticou as medidas para conter o aumento, também associado pelo órgão à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Além de pedir redução significativa do ISP, a associação lembrou que apoios mitigatórios fortalecem a vizinha Espanha, para onde muitos portugueses dirigem para encher o tanque com combustíveis mais baratos.

“Face ao enorme aumento do preço dos combustíveis (…), que se explica pela invasão da Rússia à Ucrânia (…) Uma vez mais, o governo toma medidas que não solucionam a dinâmica do mercado dos combustíveis nem previnem eventuais aumentos que possam ocorrer no futuro”, diz a nota da associação.

Navio com gás russo atraca no Alentejo

Após quatro meses sem receber carregamentos de gás natural da Rússia, o navio Vladimir Vize atracou sábado no porto de Sines, no litoral do Alentejo. A chegada foi recebida com protestos da população e do movimento ambientalista.

O navio teria zarpado do porto russo de Sabetta antes de a Rússia invadir a Ucrânia. O descarregamento já começou, apesar das manifestações a favor da rejeição do gás natural russo.

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