Há um ano, AM iniciava experiência na pandemia de Covid-19

Uma tragédia de proporções mundiais que já deixou mais de 11 mil vítimas no Estado (Reprodução/Samuelknf)

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – A pandemia do novo coronavírus no Amazonas completa um ano neste sábado, 13. Uma tragédia de proporções mundiais que já deixou mais de 11 mil vítimas no Estado. Um acontecimento que ficará para sempre na memória das pessoas, o primeiro caso de Covid-19 foi registrado no dia 13 de março de 2020, de lá para cá mais de 330 mil pessoas foram infectadas. Outro número que assusta é o número de mortes, até essa sexta-feira, 12, foram contabilizadas 11.482 vidas perdidas em uma das mais trágicas experiências do sistema de saúde pública.

O primeiro caso da doença foi em uma mulher de 39 anos, com histórico de viagem para Londres (Inglaterra). A confirmação veio em uma coletiva de imprensa que reuniu diversas autoridades de vigilância e saúde que ressaltaram que a rede de assistência, em todos os níveis (básica, média e alta complexidade), estava preparada para o atendimento de casos da doença.

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Há um ano Amazonas registrava o primeiro caso, de lá para cá já foram mais de 330 mil pessoas infectadas pela Covid-19 (Reprodução/Samuelknf)

Mas o que se viu foi que nenhum sistema de saúde no mundo estava preparado para enfrentar uma alta nos atendimentos de doentes. Por isso, a recomendação das autoridades foi decretar o fechamento das atividades não essenciais, pois as aglomerações são locais de alto contágio da doença. Desde então o uso de máscara, lavar bem as mãos e o uso de álcool em gel fizeram parte da vida da população.

É do Balneário da Ponta Negra, na zona Oeste de Manaus que vem a imagem que mais marcou a pandemia na cidade. A reportagem da REVISTA CENARIUM flagrou em pleno verão amazônico, no mês de setembro, a aglomeração de centenas de pessoas aproveitando as águas do rio Negro. O comportamento não era e não é recomendado pelas autoridades já que o vírus pode se espalhar rapidamente por conta do contato direto entre os seres humanos.

Praia da Ponta Negra, em Manaus, no Amazonas, lotada exibe um verão incomum para um período pandêmico (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Após um ano da pandemia, governo, cientistas e pesquisadores seguem procurando medicamentos que possam auxiliar no combate à covid-19. Temor e incertezas ainda permeiam o cotidiano da população amazonense que enfrentou por duas vezes picos da doença, mostrando ainda mais o risco de não seguir os protocolos sanitários recomendados pela OMS.

Vítimas

Uma das vítimas da doença é o pai da empresária Adriana Cezario que faleceu em maio do ano passado, durante o primeiro pico da doença no Amazonas. Ela conta que depois de um ano da morte do pai, a família tenta recomeçar a vida e seguir o legado deixado pelo homem justo e solidário que Ariovaldo Cezario, 78 anos, que deixou aos filhos e netos.

“Como o nosso pai era bem ativo, desconfiamos que ele tenha adquirido o vírus à ida ao supermercado. Então, iniciamos o tratamento em casa, mas ele teve uma piora e o levamos para o Hospital 28 de Agosto, onde de imediato foi entubado e passou dez dias, logo após fomos informados sobre o falecimento dele. O sentimento de perda é devastador e, hoje, convivemos com a dor da saudade, mas sempre com as lindas lembranças do pastor, pai, marido, amigo, avô e bisavô”, contou Adriana.

Ariovaldo Cezario, 78 anos, com as filhas no último Natal (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Personalidades

Entre as centenas de vítimas do novo coronavírus no Amazonas estão personalidades da cultura, da política e da linha de frente do combate à Covid-19. Nomes como: ex-apresentador do Boi-Bumbá Garantido, Paulinho Faria, a artista do boi vermelho e branco Roci Mendonça, o vocalista da extinta banda Carrapicho que ficou conhecido mundialmente pelo sucesso ‘Tic Tic Tac’, Zezinho Correa. O cantor e compositor do Boi Caprichoso, Klinger Araújo, e um dos maiores alegoristas do Festival de Parintins, o artista Júnior de Souza.

Entre os políticos e membros do Judiciário que não resistiram a doença estão: o ex-prefeito de Iranduba, Nonato Lopes, o desembargador Aristóteles Thury, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).

Uma das perdas que mais pesaram junto a população foi a morte da diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Costa Pinto. A morte da farmacêutica bioquímica de formação básica e epidemiologista de carreira da FVS causou comoção popular. Rosemary era uma das principais lideranças atuantes da pandemia do novo coronavírus no Amazonas.

Diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde, Rosemary Costa Pinto faleceu vítima da Covid-19 no dia 22 de janeiro (Reprodução/ Internet)

Nova Variante

O que ninguém contava também nesse período era o surgimento de novas variantes do vírus que seriam mais contagiosas e perigosas. Uma pesquisa realizada no Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia) e coordenada pelo pesquisador Felipe Naveca confirmou a identificação da origem da nova variante da linhagem do Sars-CoV-2 B.1.1.28 no Amazonas, chamada de P.1.

Prevenção

Desde o registro do primeiro caso, a FVS-AM elaborou um Plano de Contingência para o Enfrentamento da Covid-19, atualizado permanentemente, reunindo orientações sobre vigilância epidemiológica e de assistência à saúde, em parceria com a SES-AM. Também emitiu 343 boletins diários epidemiológicos, 17 Boletins da Situação Epidemiológica da Covid-19 e SRAGs e 11 tipos diferentes de painéis epidemiológicos, que têm norteado as ações pelo poder público.

Entre as medidas recomendadas, está o isolamento social para conter a proliferação da Covid-19. Em um ano, entre os mais de 130 atos editados pelo Estado para enfrentamento da doença, 35 decretos trataram de medidas de isolamento ou distanciamento social, sendo o primeiro publicado no dia 16 de março de 2020 (Decreto nº 42.061), três dias após o primeiro caso de Covid-19 registrado no Amazonas.

Mais de 11 mil pessoas perderam a vida para a Covid-19 no Amazonas.

A maior taxa de isolamento social, de 50,5%, foi registrada em janeiro deste ano, fruto de decretos editados pelo Estado, contribuindo para a redução de casos, internações e mortes por Covid-19 que vem sendo registrada nos meses de fevereiro e março.

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