Herpes: especialista explica formas de contágio, sintomas e opções de tratamento para a doença viral
18 de fevereiro de 2022
O assunto tem se tornado pauta nas mídias e rodeados de muitas dúvidas (Reprodução/Internet)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – Na última semana, o vírus do herpes se tornou pauta em rodas de conversas. O assunto veio à tona após um integrante de um reality show nacional ter apresentado a infecção e não demonstrar o básico de conhecimento acerca dos cuidados perante o problema. Após o episódio, a doença se tornou um dos tópicos mais procurados no site de busca Google, com quase 200 mil pesquisas só na última quinta-feira, 10. Em entrevista à Revista CENARIUM, a infectologista Ana Galdina Mendes esclarece algumas questões relacionadas ao vírus.
De acordo com a médica, existem diversos sorotipos da família “herpes vírus”, desde os mais simples aos subtipos mais graves. Ana salienta que dentre eles, os mais comuns são a herpes tipo 1, caraterizada pelas lesões orais, e a herpes tipo 3, chamada de Herpes Zóster (varicela-zóster), que é também o vírus causador da catapora, infecção muito comum na infância.
Segundo a infectologista, uma vez manifestado, o vírus não é eliminado do organismo, permanecendo no corpo por toda a vida. Ela explica que o que acontece é um equilíbrio e, no momento em que há um desequilíbrio na imunidade, a infecção volta a aparecer.
“Digamos que tive um quadro infeccioso qualquer e por conta disto a imunidade baixa, após essa infecção aparece uma manifestação secundária, um Herpes-Zóster, por exemplo, que é o responsável por aquela catapora que tive na infância. Ou seja, os vírus da herpes surgem, geralmente, no momento em que a nossa imunidade está baixa”, esclarece a especialista.
Ela explica que alguns pontos contribuem para o aparecimento da doença, como hábitos alimentares desregulados, baixa qualidade do sono, horas seguidas de estudo e níveis de estresses elevados são alguns deles. “Essa fadiga mental, emocional e maus hábitos contribuem para reincidir se caso a pessoa já tenha sido contaminada por contato”, explica.
Herpes labial (Reprodução/ Internet)
Contaminação e locais de manifestações
Sobre a contaminação, a médica salienta que existem vários tipos de infecção, porém, a contaminação é basicamente por contato com a lesão ativa. Na infância, por exemplo, é muito comum a criança apresentar, além da catapora, a doença popularmente chamada mão-pé-boca, justamente pela fase ser considerada uma fase oral, onde a criança leva a mão à boca constantemente.
“Quando a pessoa está com a lesão, a conhecida “bolha”, e houver contato com outra pessoa, pode acontecer a transmissibilidade. Se a pessoa tiver com herpes simples, que é bem localizada em determinada região do corpo, e a bolha estiver naquele período de secreção, também há o contágio. O mesmo serve para o herpes genital se houver relação sexual sem preservativo”, acrescenta a especialista.
A médica explica que a infecção pode se manifestar de acordo com o tipo de herpes. No caso do herpes tipo 1, por exemplo, a Herpes Simplex, afeta com maior frequência os lábios. Já no caso do herpes tipos 2, normalmente a úlcera aparece na região da genitália. Porém, há casos em que a infecção pode se alastrar pelo corpo.
Sintomas e tratamentos
Os sintomas iniciam com uma leve coceira e ardência no local contaminado onde surgirão as lesões feridas, identificadas por bolhas em tons vermelhos com secreção. Após a bolha romper, a ferida cria uma espécie de “casquinha” que faz parte do processo de cicatrização. Vale ressaltar que é neste período de formação da ferida que o risco de contágio é maior.
Para o tratamento, a infectologista orienta que o primeiro passo é procurar um profissional de saúde para diagnosticar qual subtipo e qual antiviral correto para tratar a infecção. Em casos de reincidência constantes, a médica explica que há o processo de supressão, que são os cuidados contra o vírus, que podem durar até o período de um ano.
“Ressalto que, embora o tratamento não elimine o vírus, ele resolve o episódio. Mas há casos que a infecção insiste em aparecer sucessivas vezes e ai fazemos o tratamento de supressão, que consiste em cuidados mais longos e intensos supervisionados pelos médicos. Lembrando que uma infecção simples pode se tornar mais grave, então, é bom ficar atento. Na maioria das vezes o tratamento é oral e em outras situações fazemos o uso de pomadas, como no caso do herpes labial”, explica Ana.
Ana Mendes reforça que a faixa etária mais idosa da população é a mais acometida pelo Herpes Zoster e, atualmente, segundo a médica, já existe vacina destinada para esta parcela da população. Ela aconselha que a imunização pode ser discutida com o médico de confiança para aqueles que já passaram da casa dos 50 anos, para evitar uma forma mais grave da doença. Vale ressaltar que a vacina não impede o contágio do vírus.
Herpes Zoster (Reprodução/ Internet)
Dicas e dados
Para amenizar o incômodo e evitar o contágio, algumas dicas. Manter bons hábitos alimentares, boa higiene pessoal, evitar horas sucessivas de exposição ao sol, em horários de pico, usar camisinha, evitar compartilhar objetos pessoais e contatos íntimos na fase desencadeada da doença, evitar estresse, manter a imunidade alta, praticar exercícios e não compartilhar toalhas e batons são alguns modos de não transmitir o vírus que pode sobreviver por algumas horas fora do organismo humano.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 67% da população mundial com faixa etária abaixo de 50 anos possui o vírus da herpes labial no organismo, geralmente de forma assintomática. Em relação ao Brasil, o percentual sobe para quase 90% da população.
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