Pesquisadores do INPA dizem que home office, em meio à pandemia, não impediu estudos

Instituto Nacional de Pesquisadores da Amazônia (Divulgação)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O home office foi a saída encontrada para que muitos trabalhadores não deixassem de realizar suas atividades rotineiras durante a quarentena. A medida, para alguns pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisadores da Amazônia (INPA), não impediu a eficiência da elaboração de estudos.

De acordo com o limnólogo, Dr. Assad Darwich, que realiza estudo científico sobre a biologia da água doce, a pandemia do novo Coronavírus diminuiu a frequência de especialistas no INPA, em virtude das medidas restritivas de isolamento social. Contudo, segundo ele, os trabalhos continuam sendo feitos mesmo em casa.

PUBLICIDADE

“Em linhas gerais, o trabalho continua relativamente normal. Mas, o que podemos fazer de casa, como consultas, escrever artigos, o que cabe à gente, estamos fazendo em casa”, explica.

O especialista afirma que quando há necessidade de uma pesquisa mais aprofundada sobre determinado assunto, os pesquisadores podem ir ao Instituto, no entanto, devidamente protegidos.

“No geral, mudou pouco. Mas quando vamos aos laboratórios, cada pesquisador tem sua sala e fica, de qualquer forma, isolado. Mas independente disso, todos devem estar de máscara. No mais, acredito que tem que seguir as determinações dos governos federal e estadual, além das medidas de higiene”, finaliza.

Para a engenheira agrônoma Sonia Alfaia, especialista em manejo de solos e nutrição de plantas, o pesquisador é privilegiado em poder continuar fazendo parte de seu trabalho em casa, durante o período da pandemia.

“Como por exemplo, analisar seus dados de pesquisa, escrever e encaminhar seus artigos científicos para publicação, ler e dar parecer sobre planos de trabalho de mestrado e doutorado. Assim como, corrigir e escrever novos projetos de pesquisa”, elenca a pesquisadora.

Sônia Alfaia, pesquisadora do INPA (Divulgação)

Com relação aos trabalhos de campo, Alfaia explica que no momento, o INPA tem plantios de pupunha e açaí implantados em área de produtores rurais nos municípios de Codajás e Coari que estão sendo monitorados, à distância, com a ajuda de técnicos locais. Já no Campus do INPA, os trabalhos com mudas de plantas em viveiros estão sendo monitorados pelos bolsistas responsáveis.

“Somente os trabalhos de laboratório é que foram totalmente paralisados, o que vai atrasar a entrega dos trabalhos de teses e dissertações junto aos programas de pós-graduação do INPA, mas esperamos conseguir uma prorrogação para os estudantes entregarem seus trabalhos”, detalha.

Por outro lado, a pesquisadora Claudia de Deus, que atua na Coordenacão de Biodiversidade do INPA e é docente do Programa de pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, diz que o home office, mesmo não impedindo-a de trabalhar, tem suas dificuldades.

“Por eu ser mãe de uma criança de 10 anos, tenho que dar atenção também. Meu filho está tendo aula em casa. Além de outros afazeres, o trabalho acaba sendo redobrado. No entanto, diante das dificuldades, vamos conseguindo nos adaptar”, observa.

A pesquisadora Claudia e o filho dividem tarefas diárias em casa, durante quarentena (Arquivo pessoal/Revista Cenarium)

A pesquisadora alerta também sobre a possibilidade das medidas de isolamento social, com os decretos de fechamento de estabelecimentos não essenciais, prejudicarem as pesquisas do INPA. Segundo ela, apesar dos pesquisadores estarem se esforçando e trabalhando em casa, deixar de ir a campo pode ser prejudicial para resultados futuros.

“Se a gente conseguir retornar daqui a um mês, por exemplo, acredito que não haverá tanto efeito, mas a gente prorrogar (a volta) por mais tempo, certamente isso irá influenciar em nossos resultados, pois são dados que precisamos colocar e que acaba sendo prejudicado”, explicou.

Trabalho Remoto

Desde o início da pandemia, a direção do INPA regulamentou o trabalho remoto. No último dia 14, pela quarta vez, o instituto prorrogou a medida que vai até o dia 29 de maio, em caráter exepcional e temporário, conforme a Portaria nº 2.149/2020/SEI-MCTIC.

A medida ocorre com o objetivo de prevenir e evitar o contágio da Covid-19. A renovação é valida para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), seus Institutos e Unidades.

Segundo o INPA, para a maioria dos servidores, no entanto, estão mantidos os serviços essenciais presenciais e o trabalho remoto.

Uso de máscaras

Desde a obrigatoriedade do uso de máscaras em ônibus e comércios da capital, após decretos da prefeitura de Manaus, a direção do INPA também impôs a medida dentro do instituto.

As medidas foram publicados no Diário Oficial do Município (DOM), edição nº 4.835, do dia 08 de maio e passaram a valer na segunda-feira, 11. Com o decreto n° 4.822, passa a ser obrigatório o uso de máscaras nos coletivos. Segundo o documento, os motoristas os ônibus estão autorizados a barrar passageiros que tentarem adentrar nos veículos, sem o equipamento de proteção.

“Conforme orientação da Direção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), o uso desse equipamento de proteção deve continuar dentro do Instituto”, disse o instituto.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.