Homem preso por ordenar queima de helicópteros do Ibama é empresário milionário ligado a garimpo
03 de fevereiro de 2022

Com informações do Estadão
BRASÍLIA – A ordem para queimar dois helicópteros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Manaus, partiu de um empresário milionário de Goiânia ligado à exploração ilegal de ouro em garimpos na terra indígena Yanomami, em Roraima. O Estadão obteve a identidade de cada um dos participantes do ato criminoso, ocorrido em janeiro, e que foram presos em ações da Polícia Federal que estão em andamento desde a semana passada.
O mandante do crime é o empresário milionário Aparecido Naves Junior. Com 35 anos, Naves Júnior tem uma mansão, em Goiânia, avaliada em R$ 2,1 milhões, além de duas empresas. Ele também era dono de aeronaves que eram utilizadas pelo garimpo ilegal, em Roraima, e que foram destruídas, recentemente, por agentes do Ibama.
Conforme apurou o Estadão, Naves Júnior esteve em Manaus dias antes do ato criminoso. Na data do ocorrido, já estava em Roraima. No acordo firmado com os outros cinco homens que participaram do episódio, o empresário garimpeiro havia acertado de fazer o pagamento de R$ 5 mil para cada um dos que colocaram fogo nos helicópteros. Durante o ato, apenas um foi incendiado e outro sofreu avarias.
A localização dos criminosos foi feita por meio da identificação do carro usado no ato. Thiago Souza da Silva, conhecido ‘TH’, e Wisney Delmiro, vulgo ‘Poderoso’, atuaram no crime como intermediários, negociando com os incendiadores e o motorista que os levou até o aeródromo de Manaus.
O crime contou com a participação do motorista Edney Fernandes de Souza. Os invasores do aeródromo e autores do incêndio são Fernando Warlison Pereira, vulgo ‘Seco’, e Arlen da Silva, conhecido como ‘Mudinho’.
Todos tiveram a prisão temporária decretada em ações realizadas entre os dias 26 de janeiro e esta quarta-feira, 2. Já o motorista teve a prisão em flagrante no dia 25 de janeiro, um dia após o crime. A reportagem tentou contato com representantes dos citados, mas não conseguiu retorno. A prisão do mandante do crime, Aparecido Naves Junior, ocorreu na mansão do empresário. Na operação, a polícia se deparou com diversos carros de luxo, com modelos avaliados em mais de R$ 400 mil.
Prejuízo com equipamentos chega a R$ 10 milhões
A base aérea fica dentro do aeroclube e é vinculada à Secretaria de Segurança Pública. As aeronaves estavam dentro do hangar, até 20 de janeiro, e foram retiradas do espaço para inspeção, para que fossem utilizadas nas próximas fiscalizações. As duas aeronaves, que são alugadas pelo Ibama, são de propriedade da empresa Helisul. Considerando a extensão dos danos, o modelo e ano de fabricação das aeronaves, e a cotação do dólar, estima-se o valor dos danos em aproximadamente R$ 10 milhões.

A identificação dos criminosos foi feita a partir da perícia de 681 arquivos de vídeo colhidas de quatro câmeras de segurança. As imagens permitiram confirmar o veículo utilizado na ação, um modelo Kwid, de cor branca.
No local do crime, os policiais encontraram vestígios, como uma tampa plástica de recipiente, um isqueiro metálico e um galão usado para transporte de combustíveis e solventes. Havia uma pequena quantidade de líquido com cheiro de gasolina.
Apesar de o muro do aeroclube possuir arame farpado, uma pequena parte da estrutura estava desprotegida. A perícia da PF encontrou marcas recentes de sujeira, no muro, o que sugere que os criminosos escalaram a estrutura para ter acesso ao local onde estavam as aeronaves.