Homenagem reúne 500 mulheres indígenas no plenário da Câmara dos Deputados


Por: Cenarium*

09 de agosto de 2025
Homenagem reúne 500 mulheres indígenas no plenário da Câmara dos Deputados
Sessão com a presença de indígenas ocorreu na Câmara dos Deputados (Matheus Alves)

MANAUS (AM) – A Câmara dos Deputados recebeu, nessa quinta-feira, 7, um evento histórico em homenagem à IV Marcha das Mulheres Indígenas. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara participou da sessão solene, que reuniu cerca de 500 mulheres indígenas no plenário da casa. As lideranças levaram ao espaço reservado aos congressistas uma poderosa manifestação de protagonismo e reivindicação de direitos.

Ao destacar os desafios enfrentados pelas mulheres indígenas em diferentes biomas do Brasil, Sonia Guajajara ressaltou o caráter histórico desta semana na capital federal. “Foram cinco séculos para que a gente pudesse realizar a primeira Conferência das Mulheres Indígenas. Muito tempo se passou para termos esse momento de escuta. E hoje a gente tem”, disse a ministra, destacando a conquista histórica que foi a criação do Ministério dos Povos Indígenas sob liderança feminina.

Passeata da 4ª Marcha das Mulheres Indígenas (Antonio Cruz/Agência Brasil)

No entanto, ainda há muita luta pela frente. Em sua fala, a ministra abordou a crescente violência contra as mulheres indígenas nos últimos anos. “Estamos aqui para dizer que nós lutamos por nossos direitos, mas nós lutamos também pela democracia do nosso país, pela soberania nacional e contra o ódio. Estamos em um momento em que se amplia a disseminação do ódio no mundo inteiro. Um momento em que aumentam as mentiras, um momento em que aumenta o negacionismo climático Nós lutamos também pela integridade da informação, pela garantia da verdade”, afirmou a ministra.

Em seu discurso, a ministra também ressaltou a importância do fortalecimento das políticas públicas direcionadas para as mulheres indígenas, em iniciativas como a I Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, realizada nesta semana em Brasília. “Aqui, nós assumimos esse compromisso, o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério da Mulher, de elaborar um Plano Nacional de Combate à Violência Contra as Mulheres Indígenas, um plano nacional de política pública específica para as mulheres indígenas”, afirmou.

Durante a solenidade, as mulheres indígenas também destacaram a importância da conferência e das marchas como um marco na luta por direitos, visibilidade e autonomia. Os discursos focaram, entre outros temas, contra projetos de lei que ameaçam os direitos indígenas e ambientais historicamente garantidos, como é o caso do PL do Licenciamento Ambiental.

A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara (Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

A Bancada do Cocar, composta por deputados que representam os interesses dos povos indígenas na Câmara, também participou ativamente da cerimônia, reafirmando o compromisso com a defesa dos direitos dos povos originários e do meio ambiente.

Em sua intervenção no final da sessão, a deputada Célia Xakriabá, destacou a importância de garantir maior representatividade indígena nas casas legislativas, especialmente em momentos como esse, quando decisões legislativas ameaçam diretamente a proteção territorial e os direitos das comunidades. “É tempo de reflorestar a política e o Congresso Nacional. Precisamos ter mais presença. Mais uma vez, reforço a importância de estarmos juntos. Apesar dos obstáculos, nós estamos aqui”, disse.

A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, primeira deputada indígena eleita no Brasil, destacou a importância das mulheres indígenas na defesa dos direitos dos povos indígenas, por compreenderem o valor da demarcação dos seus territórios. “É fundamental continuar essa representação indígena […]. Não pode haver um Congresso Nacional sem a presença dos povos indígenas”, disse. “O nosso país é democrático e de direito, mas não será democrático e de direito se excluírem os povos indígenas, se excluírem os povos e as mulheres indígenas”, concluiu.

IV Marcha das Mulheres Indígenas

Pela manhã, cerca de cinco mil mulheres de todos as regiões do Brasil marcharam até a frente do Congresso Nacional. Organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) sob o tema “Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta”, a mobilização partiu do Eixo Cultural Ibero-Americano e seguiu por cerca de 4km ao longo da Esplanada dos Ministérios.

Durante o trajeto, diversas indígenas se revezaram no carro de som, clamando contra os projetos de lei anti indigenistas, pelo fim do marco temporal e por mais políticas públicas direcionadas à população indígena. Elas reforçaram a importância da proteção dos territórios e a urgência de garantir a integridade ambiental. Além disso, destacaram o impacto negativo de projetos que ameaçam as terras indígenas e a sobrevivência de seus povos.

Leia mais: Marcha das Mulheres Indígenas será realizada em setembro em Brasília
(*) Com informações do MPI

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